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LUTO NAS ARTES

Morre Bolinho, referência do hip-hop sul-mato-grossense, aos 57 anos

Controverso, o palmeirense, de extrema-direita e amante da cultura Hip-Hop, deixa uma trajetória reconhecida na cultura e no serviço público

Por TERO QUEIROZ • 12/04/2025 • 11:20
Imagem principal Bolinho faleceu na sexta-feira, 11 de abril de 2025, em Campo Grande (MS). Foto: Reprodução

Wilson Rodolfo Ferreira, conhecido como Bolinho, morreu nesta 6ª.feira (11.abr.25), em Campo Grande (MS).

Ele tinha 57 anos de idade e teria sido vítima de complicações de imunidade decorrentes de um crise de gripe.  

O artista foi um dos pioneiros do hip-hop em Mato Grosso do Sul, iniciando carreira na cultura em 1983, como dançarino na crew Perfect Break, a primeira de break da Capital sul-mato-grossense.  

Até seus últimos dias de vida, participou ativamente dos quatro elementos do hip-hop: break, DJ, graffiti e MC, considerado um dos fundadores do grupo Falange da Rima, apesar de não compor mais o grupo de rap.

Bolinho defendia o estudo e a valorização da história da cultura hip-hop. "Bolinho sempre foi mais velho que a gente um pouquinho. A gente, adolescente radical, Gangsta Rap, e ele sempre protegeu a gente. Tinha um olhar de pai com os filhos, sempre orientando e cuidando, principalmente do seu irmão mais novo, Billy", contou Mano Clay, que esteve trabalhando ao lado de Bolinho por 4 décadas, também um dos fundadores do Falange da Rima, um dos mais logevos grupos de rap em atividade na capital sul-mato-grossense. 

Com a sua experiência, Bolinho influenciou diretamente a geração hip-hop que surgia em 1990 em Campo Grande. "Pra nós, foi o início de tudo, já que ele vinha dos anos 80 e nós éramos dos 90. Ensinou muito pra gente, sem contar que foi o primeiro a cantar rap, fazer rimas, gravar — mesmo que em fitas K7 — e distribuir nas rádios. Fato histórico pra época. Em 1991, deu entrevista e teve seu som tocado na Rádio Cultura, no programa Baderna, apresentado por Resende Jr. Bolinho significa o início do hip-hop no MS e é o primeiro MC a rimar em terras tupiniquins. Sou grato por esses 40 anos — caminhou sempre comigo, com nossa banca. Se hoje eu estou cantando rap, foi graças ao incentivo do Bolinho, que desde o início deu muita força pra gente", declarou Mano Clay.  

Parceiro de Bolinho no Perfect Break, Edenilson Gimenez de Souza, o b' boy Snake, de 56 anos, um dos integrantes da crew, lembrou no aniversário de 35 anos da crew, em junho de 2024, apesar de não poder ter comparecido, Bolinho enviou recursos para a festa ser realizada. "Ele fortaleceu com grana para a gente fazer a festa de aniversário da crew, onde tivemos aquelas batalhas lá", lembrou Snake, lamentando a precoce partida do amigo. 

O Dj Magão. Foto: Aly FreitasO Dj Magão. Foto: Aly Freitas

Também ex-integrante da crew, o DJ Magão (Claudiney), que agora faz parte do Falange da Rima, contou sobre a influência de Bolinho na sua trajetória artística. "Conheci o Bolinho em meados dos anos de 1989. Ele foi o primeiro cara que eu vi fazendo rap aqui no MS. Dançávamos  juntos no Perfect Break, um dos primeiros grupos de breaking de Campo Grande. Em 1996, montamos um grupo de rap chamado Facção Hip-Hop e em 1.998, junto com outros integrantes de outro grupo chamado Cultura de Rua, fundamos o Falange Da Rima. Spider, como era conhecido na época, me instruiu ideologicamente. Apesar do rumo diferente que tomamos, sempre nos respeitamos.Ele foi meu professor no Hip Hop, me ensinou muita coisa.
Vai fazer muita falta para Hip-Hop", disse Magão. 

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VIDA PESSOAL 

Bolinho em uma motociata bolsonarista em 2022. Foto: Redes Bolinho em uma motociata bolsonarista em 2022. Foto: Redes 

Diferente da maioria dos integrantes da crew, Bolinho, migrou para o serviço público tornando-se o sargento Rodolfo no 6° Grupamento de Bombeiros Militar de Campo Grande. Ingressou na corporação em 1989 e permaneceu por mais de 30 anos.

Na Corporação, ele se identificou com ideais da extrema-direita e fazia ataques constantes a esquerda e os líderes políticos como Dilma Roussef e Luiz Inácio Lula da Silva, apesar disso, continuou se envolvendo com rap. O Falange da Rima, pelo contrário, canta sobre os direitos do povo massacrado pelo estado, contra a violência policial, de gênero e racista, direitos sociais e direito a cultura. Por isso, apesar de respeitado pelos rappers locais, Bolinho se afastou nos últimos anos dos movimentos.

Já no Bombeiro, tornou-se também referência entre os veteranos. A instituição também divulgou nota lamentando o falecimento. O comunicado destacou sua dedicação à segurança pública.

Controverso, o palmeirense, de extrema-direita e amante da cultura Hip-Hop, deixa uma trajetória reconhecida na cultura e no serviço público. Eis a nota dos Bombeiros.  

NOTAS DE PESAR 

A Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul publicou nota de pesar. Classificou Bolinho como um dos pioneiros da cultura hip-hop no estado. A nota destacou que sua trajetória se mistura com a da cena local. Eis: 

VELÓRIO E SEPULTAMENTO 

O velório de Bolinho teve início às 7h30 deste sábado e acontece até às 15h30 na Capela da Pax Universo, na Rua 13 de Maio em Campo Grande. Posteriormente, o corpo dele será sepultado no Cemitério Jardim da Paz, na saída para Sidrolândia (MS). Eis o informe: 


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