A família do cantor sertanejo João Sérgio Batista Corrêa Filho, conhecido pelo nome artístico João Carreiro, falecido aos 41 anos em 3 de janeiro deste ano, disse que não apoia o "Tributo Comitiva JC" marcado para ocorrer em 12 de junho, durante o Brasileirão de Laço Comprido, no CLC, em Campo Grande (MS).
Segundo os familiares, o movimento é organizado por um antigo escritório de João, que, no entanto, não consultou os familiares do artista: “A família não sabia do tributo, soubemos através da mídia... Esse escritório assessorou o João enquanto vivo na carreira na parte de shows, não na parte de marcas, a parte de marcas do João, eu e os advogados de São Paulo é que fazíamos toda a parte de marcas dele, dos direitos autorais”, esclareceu uma familiar e assessora.
Ainda conforme a parente de João, por hora ninguém pode usar a marca do artista. “Antes do falecimento dele ninguém poderia falar por ele e pelas marcas dele, porque existe um processo em andamento para isso. Após o falecimento dele, menos ainda. Tudo que o João autorizou em vida há alguns. Explico: o João vivo é uma ordem, o João tendo falecido é outra ordem. A pessoa que responderá por ele será a inventariante”, disse a assessora, pontuando que o inventário está sendo discutido na justiça da Capital de MS. “Até que saia essa decisão ninguém pode fazer nada, ninguém pode fazer nada nem em forma de homenagem. O que aconteceu foi que a ex equipe que assessorava o João, que não pode responder por ele atualmente, criou esse evento junto com a Francine, criaram esse evento em forma de homenagem para lançar um álbum inédito que o João estava por lançar”, detalhou.
De acordo com o apurado pela reportagem, a ex-esposa de João, Caroline Comparim, mãe da filha única do sertanejo, também não foi comunicada sobre o tributo. “A família do João, descendente, apoia a Caroline Comparim e a filha e única herdeira do João (que não autorizaram o evento, não da forma que está sendo proposto). Francine não responde por nós e nem pelo João!”, garantiu a manifestação da família ao TeatrineTV, mencionando a viúva de João, Francine Caroline.
“A Francine não provou o que ela é do João até hoje, está na justiça, então ela não tem autorização legal para nada, não queremos expor e nem escândalos com o nome dele, mas esse evento em si já é um escândalo”, observaram os familiares.
O escritório mencionado é a UP Artista, por meio da qual Diego Dinis convocou diversos artistas para lançamento de um álbum contendo produções de João: "Os artistas convidados irão colocar a voz em músicas inéditas do João Carreiro, que deixou muito material pronto e que estamos terminando de catalogar. A gravação será um novo álbum com o trabalho do João. O tributo será muito especial e uma homenagem mais que merecida”, divulgou Dinis à imprensa.
“Com o falecimento dele [do João], esse álbum (inédito) entra dentro do espólio de inventário, então ninguém pode lançar nada em nome dele... Com esse evento eles estão tentando, em forma de homenagem, lançar o álbum inédito para depois distribuir isso, ou seja, lucrar com isso. E usando ainda vozes de pessoas de alto apreço na música sertaneja, essas pessoas estão achando que estão fazendo uma homenagem ao João... A família, pai, mãe e irmãs não estavam ciente, não estão de acordo, sabendo de tudo isso que está por trás dos possíveis interesses do interesse do evento. Sem legalidade e autorização da família do João, somente a Francine e esse escritório que não responde mais pelo João, estão sendo responsáveis por isso”, completou a porta-voz da família do artista.
O TRIBUTO
O tributo está programado para ocorrer durante o Brasileirão de Laço Comprido 2024, que tem início em 8 e segue até 16 de junho.
No dia do tributo, 12 de junho, está prevista a inauguração e abertura para visitação de uma estátua de 7 metros em alusão ao João Carreiro, que ficará dentro do Parque do CLC. A estátua foi produzida por Juvenal Irene, artista que fez o Jeromão, estátua localizada em Barretos (SP).
Estariam confirmados para o Tributo Comitiva JC: Fred e Fabrício; João Lucas e Walter Filho e João Nelore e Texano. Eis os cards divulgados no Instagram da Up Artista:
Alguns jornais divulgaram uma lista maior de sertanejos que, porém, ainda não confirmaram presença.
A Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), ligada a Secretaria de Esporte, Turismo e Cultura (Setesc), é mencionada como 'apoio' do evento. A reportagem não localizou nenhum despacho no Diário Oficial de recursos destinados ao 'Tributo JC'.
“TÁ BAGUNÇADO, MAS TEM GERÊNCIA!”
Cleusa Araújo, chamada carinhosamente como Cleusinha por João Carreiro, foi categoricamente contrária ao evento. “Eu e a maioria dos fãs clubes não apoiamos, não. Porque a família do João Carreiro tinha que ser comunicada desse evento e não sei por que a razão de não serem comunicados”, apontou ela, que acompanhou João Carreiro desde o começo da carreira dele.
Com 65 anos, Cleusinha comanda um fã clube do João no Facebook e Instagram com cerca de 110 mil membros. “Eu comando os fãs clubes do João desde 2015, que foi quando eu tive celular que pegava Facebook e WhatsApp. Então, eu acompanho desde 2015, antes disso, eu acompanhava pelo notebook. Depois, eu comprei um celular aí formei o grupo do João de fãs de verdade, ele sabia desse grupo, apoiava e agradecia. Ele tinha um carinho muito especial pelos fãs”, lembrou.
“O João sempre amou a família dele. Tudo que o João fazia a família sabia, ele comunicava a família. Então, eu acho um desrespeito a viúva estar fazendo esse evento sem o consentimento, sem comunicar, sem convidar a família dele que é pai, mãe e irmãs... E principalmente, a tutora da filha dele que é a ex-esposa Carol. Então, o João não ia gostar disso! E outra, a estátua que fizeram para ele não se parece com ele, nada! Isso é uma falta de respeito com os fãs, as famílias, porque o João tinha pai e mãe, irmã, filha e ninguém está respeitando a memória do João”, protestou Cleusinha.
“Eu penso comigo e a maioria dos fãs também pensam que essas músicas inéditas que o João deixou escrita somente cabe a filha dele, com a mãe que é a tutora dela e a família do João, que é a mãe, o pai, as irmãs... Eles que tinham que fazer isso, né? Não uma viúva que morou com ele um ano e dois meses querendo tomar tudo que é dele. Ela já vendeu a maioria das coisas que eram do João, então a gente não concorda. E eu acho que o João também não concordaria com isso, porque isso não vem pelo jeito do João, que era bruto, rústico e sistemático. E como ele mesmo falava: tá bagunçado, mas tem gerência!”, refletiu.
OUTRO LADO
A reportagem enviou mensagens à Francine para ouvir as manifestações dela acerca da polêmica, mas até a publicação deste conteúdo não obtivemos retorno.
A UP artista não atendeu as tentativas de telefonemas. A reportagem enviou mensagens à Diego Dinis, mas até a publicação do conteúdo as mensagens não foram respondidas.
O espaço segue aberto para futuros posicionamentos das partes.