
O atrito entre Cauã Reymond, de 44 anos, e Bella Campos, de 27 anos, nos bastidores da novela Vale Tudo ganhou repercussão após a atriz relatar desconfortos com o comportamento do colega, mencionando atitudes consideradas agressivas e machistas. A queixa teria sido encaminhada à direção artística e ao setor de compliance da TV Globo. O assunto ganhou ainda mais visibilidade quando a atriz Luana Piovani pediu a saída de Cauã do elenco, em defesa de Bella. Nas redes sociais, o embate se intensificou, com outras artistas como Alice Wegmann e Andréia Horta se manifestando sobre a importância do respeito no ambiente profissional.
Situações como essa são exemplos das tensões que podem surgir em qualquer organização, especialmente quando há uma mistura de personalidades e estilos de trabalho. Para Adriano Santos, sócio da Tamer Comunicação, quando se reúnem pessoas com trajetórias diferentes, é como tentar equalizar frequências em um mesmo canal de rádio. “Sem um ajuste fino, o ruído interfere na transmissão — e, nesse caso, na produção”, compara. Segundo ele, compreender o ritmo de cada um e criar conexões se torna essencial para que o trabalho flua.
Além disso, o impasse entre os atores também gerou discussões sobre a importância de um diálogo organizacional mais transparente e gerenciamento adequado de divergências nas organizações. Uma pesquisa da USC Annenberg School for Communication and Journalism, realizada em 2024, aponta que 61% dos trabalhadores consideram a falha comunicacional uma das principais causas de mal-entendidos. “Essa área é uma das que nos é mais demandada atualmente pelas grandes empresas, justamente pela sua complexidade e dificuldade em ser realizada”, afirma Santos.
O especialista observa que, em ambientes intensos, como o de uma produção televisiva, administrar intrigas se torna ainda mais desafiador. A pressão por entregas rápidas e o estresse do trabalho criam um terreno fértil para desentendimentos. "Ambientes de alta pressão aumentam consideravelmente a margem para miscommunication, ampliando o risco de mal-entendidos", pontua. A falta de um fluxo de informação claro pode transformar equívocos em questões de grande repercussão, ampliando as consequências.
O impacto das redes sociais não pode ser ignorado. O caso de Cauã e Bella ganhou novas proporções justamente por ter sido amplificado nas plataformas digitais, com a manifestação pública de colegas de profissão. “As redes sociais funcionam como um megafone. O que poderia ser uma situação isolada no ambiente de trabalho se configura em um debate público, o que torna ainda mais difícil para as partes envolvidas se reconciliar sem prejudicar suas imagens”, explica Santos.
A postura da TV Globo, que não recebeu uma queixa formal, também levanta questões sobre os canais de comunicação internos dentro das organizações. “Empresas que não possuem um sistema estruturado para lidar com essas situações correm o risco de deixar que pequenas rixas cresçam sem controle, afetando não apenas o clima interno, mas também a confiança entre os membros da equipe”, analisa o sócio da Tamer Comunicação.
No fim das contas, o caso entre as celebridades globais escancara uma realidade comum em muitos ambientes de trabalho. Saber lidar com divergências de forma respeitosa, reconhecendo as diferenças e incentivando o diálogo, é o que permite manter a saúde da convivência profissional. Sem isso, pequenos conflitos ganham proporções indesejadas e afetam o desempenho das equipes. "O maior desafio é evitar que questões pessoais comprometam a performance, já que aspectos como entrega e qualidade da produção dependem diretamente dessas relações", conclui.