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JACY BORRÔ

"Cada quilômetro valeu a pena", diz artista que viajou do Amapá para a 8ª Mostra Pantalhaç@s em MS

Palhaço de 62 anos percorreu mais de 3 mil km

Por REDAÇÃO • 03/06/2024 • 17:51
Imagem principal Jacy Borrô posa para foto com suas irmãs na 8ª edição da Pantalhaç@s em MS. Foto: Reprodução

A 8ª edição da Pantalhaç@s – Mostra de Palhaços do Pantanal – terminou em 2 de junho, deixando um legado de aprendizado e inspiração que ultrapassa fronteiras.

Artistas de sete estados do Brasil e do exterior se reuniram em Campo Grande (MS) para participar dessa ação cultural, incluindo Daniel da Rocha, também conhecido como Palhaço Jacy Borrô, que viajou de Macapá, Amapá, para se juntar à programação. Com mais de 30 anos dedicados à arte da palhaçaria, Daniel compartilhou suas impressões sobre a jornada até Mato Grosso do Sul. "Foi uma viagem longa, mas cada quilômetro valeu a pena. Estar aqui e aprender com outros artistas é uma experiência única. A troca de conhecimentos e a energia desse lugar são indescritíveis", declarou Daniel, que não visitava Campo Grande há 13 anos. “Estive em Campo Grande em 2011 para uma apresentação teatral e retornei agora para a Pantalhaç@s. Tenho duas irmãs que moram aqui, Luciana e Cristina, e aproveitei a oportunidade para estudar e matar a saudade”, acrescentou.

De onde Jacy mora até a Capital de MS são 3.368 quilômetros. De carro, o percurso equivale a três dias de viagem (59 horas).

Ativista da cultura em Macapá, Daniel contou que embora as duas capitais brasileiras estejam geograficamente distantes, há sempre semelhanças quando o assunto é arte. “Lá, o único teatro público é o das Bacabeiras, que está em reforma há quatro anos e deve ficar por mais dois anos fechado. Eu e minha esposa tocamos o Teatro Marco Zero, que é particular nosso, onde está instalado o nosso Grupo Teatral Marco Zero. Ele é o único teatro propriamente dito da cidade em funcionamento; no mais, são espaços alternativos adaptados para vários tipos de arte”, mencionou. Vale lembrar que a Capital de MS até pouco tempo também não tinha nenhum teatro público aberto. Agora há o Teatro Aracy Balabanian (gerido pelo estado), mas o teatro municipal (Paço) segue fechado.   

Daniel disse que participou profundamente, comparecendo em todas as apresentações e oficinas. Numa delas, a mesa redonda "O Fazer Artístico Pós-Pandemia e nos Novos Tempos", acabou emocionando a todos com seus relatos sobre os desafios enfrentados durante a pandemia. “Fiz todas as oficinas, assisti praticamente todos os espetáculos e saio daqui alimentado de conhecimento, acolhido. Na roda de conversa, chorei quando me recordei do período da pandemia em que estivemos com o teatro fechado e só não passamos fome porque amigos nos deram o que comer. Essa união que tive em Macapá, senti aqui na Pantalhaç@s, claro, que em um contexto mais leve. Que venha novas edições”, prospectou.  

Jacy no Teatro Marco Zero, no Macapá. Foto: Arquivo

O ator, palhaço, produtor cultural e um dos coordenadores da Pantalhaç@s, Anderson Lima, citou o marcante relato de Jacy. “Ele emocionou a todos com a sua história, passou por dificuldades financeiras na pandemia como relatou na nossa roda de conversa. Teve que fechar o teatro, ganha-pão da família, por um bem maior que é a vida. Aqui não foi diferente entre os nossos artistas, foi um período terrível para todos e a cultura foi um setor muito castigado”, observou Anderson. 

Para Anderson, os agentes culturais precisam vislumbrar a possibilidade de repensar o fazer artístico ante a inação do poder público. “Não pode esperar que só o poder público resolva os problemas. Estamos em um novo momento e a gente precisa debater para encontrar caminhos de se posicionar perante os desafios, e das oportunidades como as leis de incentivo e, também, dentro da nossa ação fazer com que isso seja mais justo, seja de fato inclusivo”, opinou. 

Por outro lado, o coordenador celebrou que o projeto da Pantalhaç@s tenha sido contemplado em um edital público cultural que viabilizou essa edição. “O FIC [Fundo de Investimentos Culturais] da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul foi essencial para esta nossa oitava edição. As políticas públicas são essenciais para que possamos levar a arte e a cultura ao povo”, disse Anderson. O coordenador revelou que um desejo para a próxima edição é “conseguir mais e novos financiamentos para que possamos descentralizar a Pantalhaç@s do centro da Capital e chegarmos à periferia. Nossa última edição foi em 2019 e, agora, retomamos. É um passo por vez e o próximo que, seja um pouco maior como o sapato do palhaço, e que a gente chegue também nos bairros”, completou com humor.

A programação da mostra, que ocorreu de 29 de maio a 2 de junho, incluiu diversas oficinas de palhaçaria e uma maratona de espetáculos que encantaram o público local e os visitantes. O evento, organizado pelo Circo do Mato em conjunto com a Cia Flor e Espinho Teatro, conseguiu ser contemplada com R$ 225.000,00 do Fundo de Investimentos Culturais de Mato Grosso do Sul (FIC-MS), da Fundação de Cultura (FCMS), lançado em 2022, mas que no entanto só foi pago no final de 2023. Eis a íntegra.   

Mais detalhes no Instagram (@pantalhacos) ou no blog da Mostra https://pantalhacos.blogspot.com/.


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