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MELHOR DA AMÉRICA LATINA

Atrizes de MS e da BA passam na Escola de Arte Dramática da USP

Com duração de 4 anos, o curso técnico é reconhecido como uma das melhores formações de atores

Por TERO QUEIROZ • 12/03/2025 • 18:09
Imagem principal Karine Araújo (MS) e Naly Mascarenhas (BA) estão entre os 20 selecionados para a 77ª turma do curso de Teatro da EAD/USP. Fotos: Arquivo pessoal

A 77ª turma do curso de Teatro - Eixo Tecnológico: Produção Artística e Cultural e Design da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (EAD/ECA/USP), uma das escolas técnicas mais concorridas do Brasil, conta com uma atriz sul-mato-grossense e uma baiana, apesar de a grande maioria dos 20 selecionados serem paulista.

Para estar na turma, elas atravessaram um processo de seleção entre os meses de dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, que envolveu apresentações de cenas e um workshop de 4 dias com os professores da USP.

Karine Araújo, de 24 anos, é a sul-mato-grossense, da Capital Campo Grande.

A baiana é Naly Mascarenhas, de 29 anos, de uma cidade na região da Chapada Diamantina.

Com duração de 4 anos, o curso técnico é reconhecido como uma das melhores formações de atores da América Latina. “Sempre tive vontade de fazer o curso, mas me faltava coragem, pois sabia da alta concorrência. Neste ano, me senti preparada e também tive muito apoio de familiares e amigos”, contou Karine, que optou pela instituição por “oferecer uma boa base teórica e, principalmente, vivências que são importantes para o mercado de trabalho. Além de ser o local de formação de grandes atores como Matheus Nachtergaele”. celebrou Karine.  

O processo seletivo exigiu grande disciplina física e psicológica. Inicialmente, houve 400 candidatos, que foram divididos em três fases: a primeira com 400 participantes, a segunda com 120 e a terceira com 50. Apenas 20 ingressam anualmente na escola.

Karine Araujo durante ensaio da cena de 'Santa Joana dos Matadouros', apresentada no processo seletivo. Foto: Arquivo pessoalKarine Araujo durante ensaio da cena de 'Santa Joana dos Matadouros', apresentada no processo seletivo. Foto: Arquivo pessoal

Karine contou que o seu desejo de viver da arte teve início quando assistiu ao filme "Central do Brasil", em 2014, e se encantou pela atuação de Fernanda Montenegro. Desde então, a jovem disse que tem buscado correr atrás dos seus sonhos, participando de aulas e oficinas para atores, apesar das adversidades e desafios típicos do cenário artístico sul-mato-grossense. “A morosidade nas políticas públicas acaba sendo uma barreira. Muitas vezes, dependemos de editais para nos manter, mas a troca e o aprendizado em grupo têm sido minha maior motivação”.

Naly, natural de uma cidade com o nome de uma planta que é de Xangô, teve a avó poeta e revelou que seu desejo pela arte surgiu na família. “O contato e incentivo artístico é desde muito pequena. Meus primeiros contatos foram atuação, moda, dança e a poesia em todas elas. Minha primeira montagem foi A Vida e Obra de Renato Russo. Paralelamente, também assistia peças de teatro em Salvador. Meu irmão também atuava no colégio. Assim, meu contato com teatro era tanto de fazer, quanto de assistir e, ali, muito pequena, eu já sabia qual era o estilo de teatro que me agradava fazer”.

Apesar da acirrada disputa, Karine, que fazia a prova pela primeira vez, disse que esteve confiante ao longo do processo. “Foi uma emoção muito grande ver meu nome entre os aprovados. Nas duas primeiras etapas, eu já esperava resultados positivos, mas a terceira envolvia muitos requisitos. Então, esperei sem me pressionar com o resultado, até porque eu acredito que a experiência de ter as aulas com os professores da EAD da USP e estar lá por esses dias já foram experiências incríveis", avaliou.

Diferentemente, a atriz baiana já havia feito a prova antes, ocasião em que não foi aprovada. Para ela, a última etapa vai além da cena. “A terceira fase trabalha muito nossa subjetividade e, ao mesmo tempo, objetividade. (A meu ver) é interessante pensar nas formas de fazer artístico. É um teatro que tem compromisso com muitas linguagens. Os exercícios de corpo e voz são interessantes. A princípio, parece simples, depois a gente entende que não é muito e depois volta a achar simples, em outro tempo, em si, um tempo que Leda Maria Martins propõe, entende?”, apontou.

A disputa vitoriosa, para Karine, só foi possível graças ao apoio da cia OFIT, companhia de teatro da qual ela faz parte na Capital sul-mato-grossense. “Tive o suporte do meu diretor Nill Amaral nos estudos, o que foi fundamental. Especialmente ao escolher textos que dialogavam com minha trajetória, como ‘Mata Teu Pai’, de Grace Passô, e ‘Santa Joana dos Matadouros’, de Bertolt Brecht”, conta a atriz, que, atrelado a isso, também teve “a preparação corporal de Carlos Anunciato. Os dois foram essenciais para que eu chegasse até a fase final, que era o debate sobre o livro ‘O corpo encantado das ruas’, de Luiz Antônio Simas, e a montagem, em grupo, de uma cena”, reforçou.

Essa é Naly, atriz, modelo e produtora baiana aprovada na EAD. Foto: Arquivo pessoal Essa é Naly, atriz, modelo e produtora baiana aprovada na EAD. Foto: Arquivo pessoal 

Nessa vez, em que conquistou sua vaga na EAD, Naly disse que viveu os 4 dias da 3ª fase com a entrega profissional. Ela mencionou alguns exercícios que os 50 concorrentes das 20 vagas fizeram. “Eu soube brincar e ser eu. Foi de extrema importância. O exercício de travessia do riso com movimento, movimento, riso. O exercício da posição do guerreiro. A atividade vocal no último dia, que fez a voz reverberar pelo coração, joelho, pé… que literalmente nossa voz invade nosso corpo interno e externo, quebra a lógica que muita gente tem daquela voz que precisa chegar na última cadeira do teatro, gerando estresse vocal. As cenas em grupo trabalhadas por alguns dias, diferentes de outros lugares que dão 1 dia ou às vezes nem um dia para trabalhar”.

Karine avaliou que sua aprovação transcende uma conquista pessoal. “Estou muito feliz porque também posso representar o nosso estado lá fora, ao lado de Aramy Argüelho, aprovada no ano passado. Essa é a oportunidade que tenho de mostrar a força do teatro e da cultura de Mato Grosso do Sul. Vou me dedicar para fazer isso da melhor forma possível”, prospectou.

Naly finalizou comentando que acertou muitos dos que seriam aprovados, pois entendeu a linha de raciocínio da seleção da 77ª turma. Além disso, ela celebrou seus santos. “Eu não posso finalizar as respostas sem citar pombagiras e Exús na minha vida e trajetória naquele espaço e na minha vida como um todo. Como orixá foi e é generoso comigo e como sei ouvir aquilo que eles me pedem. Assim como nós, eles gostam de ser lembrados e, quando o material da terceira fase é uma leitura obrigatória de algo tão familiar para mim e de forma muito surpresa para muita gente, não era. Entendi ainda mais que sim, honrar orixá é talvez a base de tudo! É um caminho de extrema importância, talvez não o único, mas no meu caso, foi e é inclusive para me manter naquele espaço. Qual foi a última vez que você honrou orixá?”, concluiu a artista baiana.


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Tags: Aramy Argüelho, EAD/ECA/USP, Karine Araújo, Mato Grosso do Sul, Naly Mascarenhas

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