O Grupo Casa inaugurou, na noite do domingo (30.abr), seu novo espaço localizado na Rua Visconde de Taunay, nº 306, no Centro de Campo Grande (MS). Para a noite festiva, foi realizada uma sessão especial de leituras dramáticas, feita pelos alunos da turma adulta de ‘Vivências em Cena’.
Concentrados, os estudantes dramatizavam textos do teatro clássico e contemporâneo. Com uso de poucos objetos, o elenco revezava na interpretação de diversos papéis nos mais de 40 minutos de apresentação. No canto do proscênio, um narrador anunciava obra e autor e lia também as rubricas. O exercício foi apreciado por familiares e amigos que lotaram a plateia.
“As turmas têm esses pequenos momentos de processos. Não são oficinas que terminam anualmente. Quem tiver interesse pode chegar a qualquer momento e entrar a qualquer momento da oficina que vai conseguir acompanhar, mesmo com o bonde andando”, introduziu a atriz e diretora, Lígia Prieto, fundadora do Grupo Casa.
Segundo a diretora, as leituras dramáticas são parte de um processo anual que terá fases adicionais. “Essa turma de vivências, a partir desse mês de maio terá aulas especificas de voz, de corpo e de dramaturgia, para enfrentar o próximo processo que é o ‘Texto em Cena’. No segundo semestre, a gente enfrenta o ‘Processo em Cena’, que é ainda mais difícil, com a construção autoral de solos. Essa vai ser a sétima edição”, esclareceu.
Ao lado de Kelly Figueiredo, outra gestora do espaço, Ligia comandará esses processos no novo prédio, localização essa que foi considerada mais acessível pelo ator Krelviz, de 31 anos, que há 4 meses estuda no Grupo Casa. "Eu conheci o outro espaço e aqui, por ser uma localização mais central, a gente tem uma estrutura completa”, analisou.
Questionado sobre como está sendo a experiência no curso ofertado pelo Casa, Krelviz completou: “Está sendo fantástico, eu estou me descobrindo a cada dia. A Lígia e a Kelly estão de parabéns, estão fazendo um trabalho fantástico, elas têm todo um cuidado com as etapas do processo e está sendo fenomenal. Vou fazer dessa a minha segunda casa".
Também integrante do curso de teatro, a aposentada Fania Martins dos Santos, de 74 anos, avaliou estar realizando um desejo da juventude. "Eu comecei em fevereiro. E sempre achei interessante, só que nunca tive oportunidade na época que eu era jovem. Agora eu vim e estou adorando. Logo vamos começar a organizar, colocar arquibancada para conseguir um público maior. Aqui é ótimo", disse.
Ansiosa pela primeira leitura pública, a fisioterapeuta Gabriella Thais, de 25 anos contou de maneira sucinta sobre sua vivência. "Com o Grupo Casa eu estou desde o meu Terceiro Ano [do Ensino Médio], eu parei por um tempo, por causa da faculdade e agora eu voltei. Sobre a leitura, essa foi a primeira vez que estou fazendo. Eu adorei e achei o espaço lindo, está ótimo”, resumiu.
Integrante do Casa há cinco anos, a professora de Artes Visuais, Ana Lucia Serrou, de 64 anos celebrou o crescimento do grupo. “É muito bom ter esse espaço onde a gente possa trabalhar, pesquisar. Aqui nós temos uma biblioteca, ainda precisamos de algumas coisas para terminar, mas a gente está aqui para isso, para conquistar e crescer junto”, apostou.
DIFERENCIAIS
Ao falar sobre o que a fez permanecer no grupo por cinco anos, Ana Lúcia observou diferenciais em relação ao tratamento igualitário oferecido por Lígia e Kelly. “Tem um olhar individual e humano. Ela consegue ver a individualidade e o bom de cada um. Principalmente para mim, que percebi que na cidade tem uma resistência por eu ser uma mulher da terceira idade, onde você é discriminado muitas vezes pelo olhar. Quando você chega no lugar e tem uma mulher mais velha, a pessoa te olha diferente e ela [Ligia] nunca nos olhou assim, tanto que nós temos a Fânia que tem 74 anos. A gente vem aqui por essa inclusão, não tem diferença de idade, etarismo não existe por aqui e isso foi uma das coisas que mais me acolheu aqui”.
Além disso, Ana Lúcia destacou o incentivo que os integrantes recebem para atuar além dos palcos. “A Lígia incentiva a gente a pesquisar e escrever. Eu tenho escrito cada coisa que eu nunca imaginei na minha vida, por incentivo dela e eu só faço aulas uma vez por semana por falta de tempo”, explicou.
Outro detalhe observado por Ana Lúcia foi em relação ao respeito às mulheres. “Aqui em Campo Grande temos muitos grupos que trabalham só com homens vestidos de mulheres e aqui não. Assim nós temos a oportunidade de refletir sobre essa temática. Nós precisamos ser ouvidas, nós mulheres da terceira idade também”, refletiu.
O NOVO CASA
Lígia explicou que o novo espaço será voltado principalmente para pesquisa e criação. “A partir da semana que vem vai estar escrito lá na porta 'Gupo Casa - espaço de pesquisa cênica’. Vai ser um espaço voltado para pesquisa e criação mesmo, aberto para os alunos e outros artistas que tiverem interesse. Também pode ser locado ou trocado por parcerias. A gente vai estar concentrando aqui as nossas pesquisas e criações da companhia e as oficinas dos alunos”.
Segundo a diretora, são as aulas que mantem os custos do espaço onde pretendem permanecer por, no mínimo, cinco anos. “Os editais vêm como possibilidade de pagamento de equipe, as oficinas bancam apenas o espaço", esclareceu.
No próximo ano o grupo completará dez anos e as gestoras trabalham para deixar cada detalhe pronto. “A gente quer chegar no ano que vem com tudo isso aqui finalizado. É tudo muito caro né? A gente entrou e a gente está devagarzinho levantando este espaço. Queremos tudo colorido, com planta. Até semana que vem o nosso ar condicionado vai estar funcionando", comemorou.
NOVAS MATRÍCULAS
Quem tiver interesse em estudar teatro no Grupo Casa pode fazer uma aula experimental antes de se matricular. A turma de teatro adulto se reúne nas noites de terças e quartas-feiras, já as crianças maiores de seis anos podem fazer parte das turmas de sábado à tarde.
As mensalidades custam R$200, mas saem por R$180 se o pagamento for feito antes do dia 15 de cada mês.
Mais informações podem ser obtidas no Instagram do Grupo Casa.
*Colaborou Tero Queiroz
