A cultura campo-grandense sob a gestão Adriane Lopes (PP) sofreu 6 meses de inação de gestão em 2023. Em uma espécie de dobradinha com a gestão de Eduardo Riedel (PSDB), Adriane não investiu nem o básico e sepultou editais de fortalecimento da cultura na Capital das Oportunidades.
Este conteúdo faz parte da série de reportagens 'Uso dos Recursos Públicos Culturais em MS', do TeatrineTV.
Ao longo desses 6 meses, R$ 440 mil foram direcionados para a Liga das Entidades Carnavalescas (Lienca). Outros R$ 463.478,50 destinados para a contratação da empresa Brasílio e Oliveira Serviços Artísticos Ltda, para realização das festividades Pascais. E no final de maio, a prefeitura destinou mais R$ 100 mil do cofre cultural para Associação Brasileira de Bares e Restaurantes Seccional Mato Grosso do Sul.
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Depois desses repasses, foram feitos apenas pagamentos atrasados dos projetos aprovados no Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (FMIC) e Fundo Municipal de Incentivo ao Teatro (Fomtearo), lançados em 2021. Assim como foram pagos os também atrasadores prêmios "Ipês".
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Em 6 meses, tudo o que se encontra no Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande) são nomeações intermináveis para a Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur), gerida por Mara Bethânia.
O máximo que se fez até o momento, foram eventos pontuais e aquisição de tintas, ar-condicionado, aluguéis de carros entre outras ações que não se relacionam com o fortalecimento da política cultural.
O lançamento dos editais culturais de maior importância para a cidade — FMIC e Fomteatro — é assunto não grato nas salas da Sectur. Ninguém sabe quando e se serão lançados neste ano. Os prêmios ‘Ipês’, então, são considerados 'defuntos de 1ª edição'.
"Estão com esse dinheiro da Paulo Gustavo no cofre e com essa emenda do Reviva, não vão lançar os nossos editais... Eles vão dizer que esses recursos que são governo federal, é algo que só ocorre pela eficiência da Sectur... É maquiagem mesmo, vão maquiar! É até engraçado, colocaram uma mulher da agricultura para chefiar a pasta da cultura, isso não tinha como dar certo!”, desabafa um artista campo-grandense sob anonimato.
A crítica indireta é para Mara Bethânia, que em 2022 foi alçada ao cargo de Secretária Adjunta da Secretaria de Inovação , Desenvolvimento Econômico e Agronegócio (Sidagro). Em janeiro de 2023, a prefeita elevou Mara ao cargo de chefe da Sectur, mesmo ela nunca tendo se relacionado com o setor cultural.
O time cultural montado por Lopes e Mara é robusto e sem eficiência. Em março, até mesmo um motorista, Mário Márcio de Oliveira Jara, foi exonerado por não estar comparecendo para trabalhar.
A gigantesca equipe da Sectur, contabilizada em diários oficiais por nossa reportagem, soma mais de 45 nomeados. Porém, pode ser mais gente, muitas nomeações foram saindo 'picadas'.
Essa equipe já é considerada pelos artistas uma das piores, tendo alguns poucos nomes aproveitáveis. “Esses dias liguei lá para perguntar de um edital, me disseram que ainda seria lançado, esse edital do Reviva, que já tá fazendo aniversário...”, contou, indignada, outra artista.
O 'edital Reviva' citado pela fonte, é oriundo de uma emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet (PT) de 2022, que previa a realização do '1º Festival Reviva Mais Campo Grande Cultura'. O certame foi lançado em setembro do ano passado e a lista de habilitados publicada em novembro de 2022. A previsão é que finalmente de 23 a 26 de agosto de 2023 ocorra esse festival. A Sectur fala que há 80 atrações de teatro, circo, dança e artes visuais já sendo pagas para apresentar no período, em que a Capital celebrará 124 anos.
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Em 29 de junho desse ano, num ato de embromação, a prefeitura deu posse a 46 novos conselheiros entre titulares e suplentes do Conselho Municipal de Políticas Culturais para o biênio 2023/2025. Em discurso na cerimônia, Adriane Lopes, em resumo, disse que não fez nada pela cultura desde que assumiu, devido aos problemas deixados pela gestão de Marquinhos Trad (PSDB). Ao final da cerimônia, a prefeita não quis falar com a reportagem do TeatrineTV, sob a justificativa de que estaria com agenda ‘atrasada’.
Diferente da chefe, Mara falou com a reportagem do TeatrineTV sobre a posse dos conselheiros. "Eu acho que é super importante o que aconteceu aqui hoje. Eu acredito que o Conselho é justamente para discutir todas ações do poder público em prol da cultura, nos ajudar, dar diretrizes para isso. Nós queremos uma administração participativa. São dois anos que o conselho estava inativo e agora estamos retomando", observou a secretária naquela ocasião.
Questionada sobre os editais FMIC e Fomteatro, Mara disse que reuniu-se com a prefeita e com a Secretaria de Finanças em busca de uma maneira de que fossem lançados os editais. Na ocasião, Mara não quis dar uma previsão de quando essas 'conversas' teriam fim para o lançamento dos editais, que se sairem, sairão com os mesmos valores defasados de 2021 (R$ 4 milhões para os dois editais).