O governador Eduardo Riedel (PSDB) manifestou-se nesta 5ª feira (3.ago.23), sobre os mais de R$ 8,4 milhões do cofre cultural que foram gastos apenas neste semestre com shows de duplas e solos sertanejos.
"Vocês colocaram o Almir Sater como gênero sertanejo, pergunta para ele o que ele acha disso. Vocês colocaram o Gabriel Sater como gênero sertanejo, é? Não sei!", argumentou Riedel, durante coletiva à imprensa no Teatro do Mundo, no Centro de Campo Grande (MS).
Esse conteúdo faz parte da série de reportagens 'Uso dos Recursos Públicos Culturais em MS', do TeatrineTV.
Como mostramos mais cedo aqui, Riedel foi ao local para o lançamento do 22º Festival de Inverno de Bonito.
Na ocasião, o chefe do Executivo estadual sustentou que sua gestão tem investido em todas as linguagens artísticas. “Tem sido investido em todas as linguagens. Vocês têm uma série de gêneros sendo atendidos. O FIC é aberto a todas as possibilidades. Eu não conheço uma Fundação que esteja sendo mais democrática, aberta a todos os gêneros”, defendeu o tucano, se referindo a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), gerida por Marcelo Miranda.
Riedel ainda sugeriu que a reportagem publicada aqui, não observou e compreendeu os números: “Fazer política com esse tipo de afirmação é uma coisa, olhar os números e entender bem o que está acontecendo, é outra coisa. Aí eu estou disposto a discutir”, completou.
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Apesar do que defende o governador, o edital do Fundo de Investimentos Culturais (FIC) de 2023, ainda não foi lançado pela FCMS. O último edital, de 2022, foi disputado por mais de 450 projetos culturais e teve o valor inferior ao gasto apenas com shows sertanejos.
Também vale lembrar que apesar do que sustenta o mandatário, a Capital sul-mato-grossense não tem teatros públicos para uso da classe artística. Inclusive, o lançamento do FIB ocorreu na Estação Cultural Teatro do Mundo, espaço mantido há 8 meses pelo ator e diretor do grupo, Fernando Lopes.
A reação incômoda de Riedel ao ser questionado nesta 5ª, é semelhante a como reagiu o ex-governador também tucano, Reinaldo Azambuja, ao ser questionado pelo repórter do TeatrineTV, em novembro de 2022, sobre sua fracassada gestão cultural de 8 anos.
Recentemente, publicamos um conteúdo aqui, em que mostramos as semelhanças entre a gestão Riedel e a de seu padrinho político, em relação a conservação e implementação de uma sólida política pública cultural.
Como anotamos aqui, Riedel deu sinais positivos para a cultura no seu evento de posse, agora entretanto, os coletivos artísticos estão pessimistas. Após esses 6 meses, há um sentimento de que Riedel está aplicando a fórmula Azambuja de gestão cultural.
