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EM 8 MESES

Queridinha em MS, Osc Paulista recebe R$ 16,9 milhões com 3 festivais

Com o sumiço da 'Máxima', nova Osc fatura alto com ações e repete de falhas da atecessora

Por TERO QUEIROZ • 10/04/2025 • 19:12
Imagem principal Próximo certame da Osc é o agora Festival América do Sul. Foto: Reprodução

A Associação dos Artistas Paulistas (CNPJ 03.890.545/0001-09) virou a nova Organização da Sociedade Civil (OSC) queridinha do governo sul-mato-grossense.

Esse conteúdo faz parte da série de reportagens 'Uso dos Recursos Públicos Culturais em MS' do TeatrineTV. 

Desde “sumiço” da Máxima Social no início de 2024, a associação paulista não perdeu tempo e ocupou o espaço deixado com rapidez e eficiência. Estreou ao comandar o XXIII Festival de Inverno de Bonito – MS, entre 21 e 25 de agosto de 2024, com um plano de trabalho avaliado em R$ 6.467.500,00. O dado

Pouco tempo depois, garantiu mais um contrato generoso: R$ 4.489.961,51 para executar o 3º Festival Campão Cultural, realizado de 27 de março a 6 de abril de 2025, em Campo Grande (MS). O dado.  

Agora, em abril, a empresa paulista volta a brilhar. Confirmada vencedora do novo certame (a íntegra), a associação receberá mais R$ 6 milhões (o dado) para organizar o 18º Festival América do Sul, que acontecerá de 15 a 18 de maio de 2025, em Corumbá (MS).

A fatura até o momento é de R$ 16.957.461,51. 

ORIGEM DESSA OSC?

O TeatrineTV apurou que a Associação dos Artistas, fundada em 2000, originou-se de um grupo de músicos do litoral paulista que se rebelou contra a atuação da Ordem dos Músicos do Brasil. Desde então, a associação expandiu seu escopo para incluir artistas de diversos segmentos, como teatro, dança, artes visuais e artesanato, se transformando, portanto, na Associação dos Artistas.

TROCA OSCIP, REPETE-SE OS ERROS 

A Máxima Social dominou os certames da política pública de cultura de MS por mais de uma década, período em que ficou conhecida pela falta de empatia com os artistas regionais, má organização dos festivais e demora nos pagamentos. 

Apesar da troca da Oscip para OSC, relatos dão conta de que a Associação dos Artistas repete os erros da antecessora, com humilhação relatada por artistas da Capital durante o Campão Cultural.

A artista da música, vocalista no duo Vozmecê, Namaria Schneider, contou que, além de desorganizado, a produção foi misógina. Ela classificou a situação como "o pior show da sua vida". É relato:

Transcrição de uma trecho da fala de Namaria: "Se calar nunca fez com que as coisas melhorassem. Eles estão acostumados que a gente se cale e ainda que a gente agradeça a chance de estar trabalhando. Então, eu digo para todos vocês: se calar não tem feito a Fundação de Cultura tomar mais zelo com os artistas do Mato Grosso do Sul. Então, tudo o que eu peço, enquanto artista e enquanto cidadã, é que vocês comecem a fazer uma gestão mais competente. Enfim, eu não me preparei a minha vida inteira para estar em cima do palco e sair de cima dele com uma crise de ansiedade. Isso é um pouco do que eu queria dizer. Enfim, isso é só um pouco do que eu queria dizer. E também gostaria de chamar todos vocês, porque amanhã a gente vai fazer um show pela Feira de Música do Campão Cultural. Vamos fazer um show no Blues Bar. Nós seremos a segunda atração. E eu torço muito, muito, muito para que esse show lave toda a tristeza que eu vivi ontem. Só para as pessoas que acham estranho a gente estar tocando em dois eventos do Campão Cultural: saibam que a gente passou nesse edital da Feira de Música no ano passado. Esse show era para ter acontecido no ano passado. Ah, e mais uma coisa: esse edital foi avaliado por pessoas de fora do Estado. Então, assim, antes de querer dizer qualquer coisa — que nós somos privilegiados de alguma forma — saibam que, na verdade, eram pessoas que nem nos conheciam que nos avaliaram. Então, olha, me desculpem por ontem, por não ter conseguido falar com ninguém", desabafou Namaria num vídeo publicado no Instagram oficial do Duo Vozmecê. Eis os trechos da denúncia da artista:

É importante lembrar que, mesmo a FCMS tendo sua parcela de responsabilidade, os erros cometidos no Festival Campão Cultural devem ser creditados à gerenciadora do recurso, nesse caso, a Associação dos Artistas Paulistas.

MISSÃO ERA MELHORAR, MAS SEGUE IGUAL 

Arnaldo Catalan é músico, produtor cultural e Diretor de Cultura no município de São Manuel. Arnaldo Catalan é músico, produtor cultural e Diretor de Cultura no município de São Manuel. 

Em 2024, o presidente da Associação dos Artistas Paulistas, Arnaldo Catalan Júnior, de 72 anos, que também é diretor de Cultura no município de São Manuel, disse que sua OSC queria renovar a realização de festivais no estado. "A gente fez uma proposta de fazer uma coisa diferente. Tem que estar renovando para gerar novas expectativas e engajamento, como em qualquer festival. Se confirmada a nossa seleção, vamos pegar pessoas que já trabalharam no festival”, adiantou Arnaldo, que trabalha na área cultural há 40 anos. “Eu faço isso”.

Ainda segundo o presidente, a intenção era elevar o nível. “Nossa intenção é melhorar, aprimorar. Se fosse para piorar, a gente não entrava. Temos um trabalho de 24 anos, em que fizemos projetos com o governo federal, estadual, municipal, Sesc e diversas instituições públicas e privadas, com olhar sempre à cultura regional. Estamos agora à frente do Festival de Inverno de Santos, que começou ontem”, garantiu.

Na entrevista, ele também argumentou a necessidade de respeitar o artista local: "Se você for fazer um festival que não tenha a participação regional, não faça, porque vira um negócio de bater a carteira. Você tem que fazer o festival com o pessoal da região, porque o pessoal da região... Por exemplo, leva um coral da região, vai levar o namorado, namorada, amante, amigo, filho, neto, leva pessoas que movimentam a economia dentro e fora do festival, porque tem o transporte, alimentação, a economia criativa da região. Agora, se leva só artista de fora, como é a maioria dos festivais, dois dias depois ninguém mais lembra. Não deixa rastro de economia, rastro de cultura. Agora, se você apresenta um balé legal do local, a família vê a oportunidade dos filhos de fazer balé, é um exemplo simples", apontou.

Apesar de demonstrar um desejo por oferecer um tratamento de qualidade aos artistas locais, a OSC Artistas dos Amigos ainda não conseguiu mostrar grande diferencial em relação à sua antecessora.


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Tags: 18º Festival América do Sul, 3º Festival Campão Cultural, Associação dos Artistas Paulistas, Máxima Social, Namaria Schneider, Pedro Fattori, Tio Sam, Vozmecê, XXIII Festival de Inverno de

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