A cantora e compositora baiana Margareth Menezes aceitou nesta 6ª.feira (9.dez.22) o convite para ser a ministra da Cultura do governo de Lula (PT), que terá início em 1º de janeiro de 2023.

Lula disse que iria recriar o Ministério da Cultura desde maio de 2022, antes de vencer as eleições. Hoje, a área é atribuição de uma secretaria especial do Ministério do Turismo e foi tornada uma secretaria, que já esteve chefiada pelos atores de extrema direita Mario Frias e Regina Duarte.

Emocionada, Margareth aceitou o convite, que partiu de uma sugestão da socióloga Rosângela Silva, a Janja, esposa do presidente.

Margareth Menezes da Purificação, tem 60 anos. É natural de Salvador (BA).

Estrela mundial, conquistou dois troféus Caymmi, dois troféus Imprensa, quatro troféus Dodô e Osmar, além de ser indicada para o Grammy Awards e Grammy Latino. Têm 21 turnês mundiais e é considerada pelo Los Angeles Times, como a "Aretha Franklin brasileira".

Filha de Dona Diva, uma costureira e doceira, que veio da Ilha de Maré, e Adelício Soares da Purificação, um motorista, falecido em maio de 2009, é a mais velha de cinco irmãos.

Margareth contou em várias reportagens no Brasil e no exterior, que se envolveu com a música em 1977, quando, ao 15 anos, ganhou uma guitarra e começou a cantar no coral da Igreja da Congregação Mariana da Boa Viagem, região metropolitana de em Salvador. Ela também morou na península Itapagipana, área histórica de Salvador.

A mãe e avó de Margareth foram suas referências na música — a genitora por performar em rodas de samba — a matriarca por atuar como produtora cultural na comunidade.  Seu avô por parte de mãe também tocava violão. Seus pais adoravam música e costumavam reunir a família em volta do rádio para ouvir Clara Nunes, Dicró, Noite Ilustrada, Martinho da Villa, Luiz Gonzaga, Marinês e Sua Gente, Jackson do Pandeiro, Moreira da Silva , Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Ângela Maria e muitos outros, que fizeram aflorar em Margareth o desejo pelos palcos.

Em 1980, ela conheceu o músico e compositor Silas Henrique, com quem iniciou sua carreira de atriz, apresentando-se com a peça "Ser ou Não Ser Gente", no Teatro Vila Velha, em Salvador. Ela atuou e cantou até 1986, realizando nesse período as peças: ​Máscaras (1981); Inspetor Geral (1982); Troca de Segredos (1982–83); O Menino Maluquinho (1984); Colagens e Bobagens (1985); Banho de Luz (1985) e Beijo de Flor (1986).

Margareth lançou seu 1º álbum em 1988 e obteve sucesso, conquistando o troféu imprensa. Em 1990 assinou com a gravadora norte-americana Island Records, se lançando nos EUA e Canadá. Na época, esteve no palco em turnê ao lado de David Byrne (ganhador de Oscar, Globo de Ouro e membro do Rock and Roll Hall of Fame).

Devido ao sucesso, pouco depois, a gravadora britânica Polydor Records contratou Margareth para fazer um disco a ser lançado na Europa. Rapidamente o mundo todo conheceu a baiana.

Nos anos seguintes foram vários álbuns de sucessos que estiveram no topo das playlists mais ouvidas, à época, em formato ainda não digital.

Em 1990, após ser notada na microiregião baiana, Margareth apresenta-se ao lado de Gilberto Gil e Dominguinhos, em uma série de espetáculos através do projeto Bast Chrome Music, dirigido por Milton Nascimento e por Gil. Assim, durante os anos 90, ela sagrou-se uma das maiores cantoras baianas de seu tempo, apresentando novos compositores regionais além de seu próprio trabalho. Nos últimos anos, gravou com Carlinhos Brown, Ivete Sangalo e Cláudio Zoli.

A brasileira passou a ser considerada uma estrela “afro-pop”, e se tornou referência para os artistas do axé-music, afro pop e samba-reggae, bem como da música popular brasileira.

Segundo a revista Billboard, a cantora é uns dos onze artistas estrangeiros mais conhecidos pelo público estadunidense. Além disso, Charles Perrone e Christopher Dunn, disseram em seu livro, "Brazilian Popular Music & Globalization", que a cantora fora responsável pelo marketing internacional do estilo afro baiano que, segundo outros autores, foi inovado por Menezes através da introdução de instrumentos africanos, antes não utilizados.

SOCIAL E POLÍTICA

No ambiente político, em 2002, a cantora representou o Brasil, na festa de comemoração da independência de Timor-Leste, que reuniu cantores de língua lusófona.

Em 2004, Margareth fundou a 'Fábrica Cultural' que, através de um convênio de parceria firmado com a Secretaria Municipal da Educação e Cultura, da Prefeitura de Salvador, iniciou o "Programa Circulando Arte", além de outros projetos no campo da arte, educação e cultura. A ONG atua desde 2008, na Ribeira – bairro onde Margareth Menezes nasceu – e outros bairros da Península de Itapagipe, oferecendo cursos profissionalizantes para jovens e oficinas de arte-educação para crianças.

Em 2005, Margareth fundo o Movimento Afropop Brasileiro, reúnindo exposições fotográficas e artísticas, manifestações, apresentações de bandas, grupos e cantores independentes, com a participação de jovens de organizações não-governamentais de Salvador.

Em 27 de setembro de 2010, ao lado de Sarajane e outras cantoras, Margareth declarou apoio público à candidatura de Dilma Rousseff para presidência do Brasil. Segundo a cantora, o apoio à candidata, se deu, pois "houve uma valorização da cultura nos oito anos de mandato de Lula e nos quatro anos do governo Jaques Wagner (na Bahia). Houve mais investimentos e uma mudança de concepção que deu a devida importância à cultura negra", discursou, na época.

A cantora já disse que Dilma representa a competência da mulher brasileira. “Além disso, representa também, a história de uma pessoa que tem vitórias em sua vida. Uma pessoa que passou pelo que ela passou, que arriscou a integridade física por amor ao nosso país, enfim, eu me sinto muito representada pela força e pela competência dela. Tenho confiança de que ela vai fazer um governo maravilhoso. É a vez da mulher e, nós não podemos deixar passar uma oportunidade dessa".

Já em 2022, Margareth é uma das integrantes do Grupo Técnico de Cultura do Gabinete de Transição Governamental e estuda em conjunto, quais as políticas públicas culturais serão implementadas assim que o ministério qual chefiará ser recriado. Também estão no GT: Antônio Marinho – músico e Poeta de Pernambuco; Áurea Carolina – deputada federal (PsolMG); Juca Ferreira – ex-ministro da Cultura; Lucélia Santos – atriz e ex-candidata a deputada federal pelo PSB-RJ e Márcio Tavares – Secretário Nacional de
Cultura do PT.

Em 2022 Margareth também retomou o trabalho de atriz, dessa vez para a streaming. A convite da plataforma Wolo TV, primeira plataforma no Brasil com conteúdo focado na população negra, Margareth é protagonista da série “Casa da Vó”.

MAIS MINISTROS DE LULA

Lula anunciou também nesta 6ª feira (9.dez) mais 5 nomes de ministros do próximo governo. Eis a lista de anunciados:

Ministro da Fazenda — será o ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, Fernando Haddad (PT), para assumir a Fazenda, ministério que será recriado a partir da divisão do atual Ministério da Economia;

Justiça — o ex-governador do Maranhão Flávio Dino (PSB-MA);

Casa Civil — o governador da Bahia, Rui Costa (PT);

Relações Exteriores — o embaixador Mauro Vieira;

Defesa — o ex-deputado José Múcio (PTB-PE).