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VIDA NOTURNA

Prefeita mente para defender atuação abusiva da PM na Capital

PMs agem contra pequenos bares enquanto bares de alta classe operam livremente; deputada 'peitou' agentes

Por TERO QUEIROZ • 23/12/2024 • 19:12
Imagem principal Polícia Militar de Mato Grosso do Sul atua contra vida artístico-cultural de Campo Grande, comandados por Eduardo Riedel (PSDB) e Adriane Lopes (PP). Fotos: Reprodução e Tero Queiroz

Está repercutindo desde a noite de domingo (22.dez.24), imagens e vídeos da deputada federal Camila Jara (PT), cobrando que a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul (PMMS), comanda por Eduardo Riedel (PSDB), pare de agir contra a vida noturna, artística e cultural no Centro de Campo Grande (MS).

Deputada Federal Camila Jara enfrenta atuação abusiva da PM na Capital sul-mato-grossense. Foto: Ali Gonçalves Deputada Federal Camila Jara enfrenta atuação abusiva da PM na Capital sul-mato-grossense. Foto: Ali Gonçalves 

A atuação dos PMs é focada em pequenos bares no quadrilátero da esplanada ferroviária – que inclui as Ruas 14 de Julho e Avenida Calógeras – onde resiste a pouca vida noturna acessível para campo-grandenses que não possuam grande capital financeiro para frequentar bares em áreas nobres, que funcionam sem nenhum impedimento.

Ao enfrentar os PMs, Camila também passou a enfrentar a ‘máquina da mentira’ da extrema direita. Os próprios militares, rapidamente, afirmaram que a deputada estava ‘embriagada’, como se beber também fosse proibido. "Pra quem está perguntando, estou bem. A gente vai seguir defendendo o direito ao trabalho, o direito dos empresários, o direito ao lazer e agora vamos aproveitar que é domingo e assistam a esse filme (Batalhão 6888), que é um filme de resistência, de luta, da história das mulheres negras. Ele é muito bom", disse a deputada, nos stories do Instagram ainda na noite de domingo. Assista: 

Sem grandes argumentos para justificar a atuação abusiva, a prefeita Adriane Lopes (PP) foi a veículos de imprensa tradicionais nesta 2ª feira para defender os agentes. “A polícia trabalha preventivamente e depois ostensivamente. É um trabalho necessário para que as regras sejam cumpridas. Agora, tudo aquilo que foge do combinado acaba trazendo transtornos para um lado”, disse a gestora.

No entanto, em compromisso com a verdade, a reportagem da TeatrineTV precisa desmentir a prefeita. Isso porque, no final da tarde de domingo, 15 de dezembro, quando o repórter foi acompanhar o cortejo em celebração do aniversário do Grupo Maracangalha, o único de rua do estado, a PM pressionou o dono de um bar nas proximidades da Orla Morena a fechar o comércio.

PM impediu celebração do Grupo Maracangalha, pressionando o comerciante a fechar, por volta das 19h30. Foto: Tero QueirozPM impediu celebração do Grupo Maracangalha, pressionando o comerciante a fechar, por volta das 19h30. Foto: Tero Queiroz

Os clientes do bar, alguns integrantes do cortejo, estavam bebendo, cantando e tocando em frente ao estabelecimento. Pasmem, a PM, chamada por uma ‘vizinha’, chegou ao local por volta das 19h30 e ordenou que parassem a celebração. Portanto, a afirmação de Adriane Lopes é mentirosa. A PM está, de fato, agindo contra a vida noturna, artística e cultural na Capital.

Duas viaturas da PM foram ao bar impedir a continuidade da atividade comercial. Foto: Tero Queiroz Duas viaturas da PM foram ao pequeno bar impedir a continuidade da atividade comercial. Foto: Tero Queiroz 

Vamos lembrar que Adriane, durante a campanha eleitoral, autorizou o ‘fechamento’ da Rua 14 de Julho para que o local fosse um ponto artístico-cultural da cidade. Entretanto, reeleita, ela recuou da medida. 

Também após conseguir ser reeleita, Adriane Lopes extinguiu a Secretaria de Cultura de Campo Grande (Sectur), assim como as pastas do meio ambiente e sociais (Mulher e Juventude), num movimento de retrocesso administrativo.  

BANCADA DENUNCIA INÉRCIA DA PREFEITURA E APOIA DEPUTADA

Deputada agiu em prol da noite artístico-cultural da Capital que sofre abuso contínuo da PMMS. Foto: Ali GonçalvesDeputada agiu em prol da noite artístico-cultural da Capital que sofre abuso contínuo da PMMS. Foto: Ali Gonçalves

Por meio de nota nesta 2ª feira (23.dez.24), a bancada parlamentar do Partido dos Trabalhadores (PT) de Mato Grosso do Sul reagiu se solidarizando a Camila, com os demais atingidos e denunciando os abusos da PM.

Para os parlamentares, há uma repressão indiscriminada aos bares e restaurantes do centro sob o pretexto de fiscalizar alvarás de funcionamento. Assim, a PM vai fechando estabelecimentos legalmente autorizados, gerando revolta entre empreendedores e clientes, que, em vez de apoio do Estado, receberam a imposição de força excessiva.

O documento contém a assinatura de Jara e do também deputado federal Vander Loubet. Além deles, assina o ex-governador e atual deputado estadual Zeca do PT, os deputados estaduais Pedro Kemp e Gleice Jane, e ainda a vereadora reeleita Luiza Ribeiro e os legisladores municipais eleitos Landmark Rios e Jean Ferreira.

De acordo com a nota, Camila estava presente no local a convite dos empresários. Assim, a deputada acabou sendo testemunha ocular dos excessos policiais. Junto aos membros do Movimento Ocupa Centro, Jara defendeu os direitos da população. “A bancada parlamentar do Partido dos Trabalhadores de Mato Grosso do Sul se solidariza com a atuação da representante, com a reclamação dos membros do Movimento Ocupa Centro, dos frequentadores e dos empresários dos bares do centro de Campo Grande, porque entende que o direito ao lazer, à cultura e ao empreendedorismo devem ser assegurados pelos agentes do Estado – e não reprimidos”.

Ainda conforme a bancada, a Rua 14 de Julho, um dos principais focos de vida noturna da cidade, se tornou um símbolo da luta por uma cidade mais dinâmica e acolhedora, mas o centro de Campo Grande tem sido negligenciado por políticas públicas eficazes. “O centro da cidade de Campo Grande é, ao contrário de outras capitais, vazio e abandonado. Quem passa por lá à noite precisa lidar com a insegurança e o medo causados pela falta de políticas públicas para ocupação urbana”, apontam.

A frequentemente atacada pela PM foi transformada por empresários em um polo gastronômico e cultural, contando com apoio da bancada, que disse reconhecer a importância do local como um reduto de resistência e revitalização urbana.

Entretanto, a falta de regulamentação adequada e a omissão da Prefeitura de Campo Grande em questões cruciais, como a Lei do Silêncio e a criação de normas para o Corredor Gastronômico, agravam a situação. “A Prefeitura de Campo Grande postergou, mais uma vez, a revisão da Lei do Silêncio e não regulou a lei do Corredor Gastronômico da Avenida 14 de Julho”, denunciam os parlamentares, destacando a morosidade na criação de leis essenciais para o funcionamento seguro e ordenado dos estabelecimentos.

Para o PT, a economia criativa, que envolve não só os bares e restaurantes, mas também os músicos, cozinheiros, atendentes e outros profissionais, é um dos principais motores da economia de Mato Grosso do Sul. “A sigla PIB representa a soma das riquezas, mas também o esforço diário de empreendedores, o trabalho direto de centenas de trabalhadores como músicos, atendentes, cozinheiros, entregadores etc. Muitos são pais, mães e jovens que trocam o dia pela noite para garantir o sustento de suas casas e garantir um futuro melhor para suas famílias”, defendem, ressaltando a importância desse setor para a geração de empregos e renda.

A bancada do PT reafirmou o seu compromisso com o diálogo e a busca por soluções pacíficas para os problemas urbanos. “Nós acreditamos, acima de tudo, que o diálogo é a ferramenta que devemos seguir em todas as instâncias democráticas: seja em uma operação policial na Avenida 14 de Julho, seja no parlamento para defender o direito de empresários, moradores e frequentadores”, afirmam. A cidade de Campo Grande, para eles, precisa respeitar as diversidades e garantir que todos tenham acesso ao lazer, cultura e segurança jurídica.

O grupo parlamentar concluiu sua nota com um apelo claro: “A economia criativa merece apoio!”. Eles reforçam a necessidade urgente de ações concretas por parte do poder público, antes que o sonho de uma Campo Grande vibrante e próspera se transforme em uma utopia irrealizada, sufocada pela falta de gestão e de políticas públicas que favoreçam o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida.


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