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FIOS DA COMUNIDADE

Oficina de crochê transforma vidas no José Abrão

Possibilitado pela Lei Paulo Gustavo, projeto desenvolvido no Instituto Quintal Tia Jura encerra neste domingo (30.jun)

Por TERO QUEIROZ • 29/06/2024 • 17:21
Imagem principal As alunas da oficina de crochê, junto com a professora Márcia e o oficineiro Caio. Foto: Reprodução

A oficina de crochê "Fios da Comunidade: Uma Jornada Coletiva", iniciada em 02 de maio, encerra suas atividades neste domingo, 30 de junho de 2024, em Campo Grande (MS).

O projeto é desenvolvido no Instituto Quintal Tia Jura, uma homenagem à idealizadora Tia Jura, e atualmente dirigido por seu filho Hugueney Gomes Manga. “Eu conheci o instituto e resolvi fazer um projeto para executar lá no espaço, então fiz um projeto para a LPG municipal (Lei Paulo Gustavo), o qual fui contemplada e agora estou realizando”, introduziu a artista visual, estilista de roupas e acessórios de crochê, e professora de crochê Márcia Lobo.

Instituto Quintal Tia Jura-QTJ, fica localizado na R. Marcos Ferrez, 108 - Conj. Jose Abrão, em Campo Grande (MS). Foto: ReproduçãoInstituto Quintal Tia Jura (QTJ) fica localizado na Rua Marcos Ferrez, 108 - Conjunto José Abrão, em Campo Grande (MS). A professora Márcia Lobo esta agachada utilizando uma blusa de crochê vermelha. Foto: Reprodução

De acordo com Márcia, as mulheres se encontram no Quintal duas vezes por semana, às segundas e quintas-feiras, das 13h às 17h. “A oficina de crochê ‘Fios da Comunidade: uma jornada coletiva na comunidade Tia Jura' desempenha um papel fundamental em diversos aspectos, abrangendo desde o desenvolvimento pessoal até a coesão social e o fortalecimento da comunidade”, apontou a idealizadora da proposta.

Integrantes da oficina de crochê no Quintal da Tia Jura. Foto: Reprodução Integrantes da oficina de crochê no Quintal da Tia Jura. Foto: Reprodução 

A faixa etária média das participantes é de 60 anos, e elas desenvolvem tanto projetos individuais quanto um projeto coletivo. “Cada participante está fazendo projetos individuais (roupas, bolsa e utilitários que são tapetes e roupas), e todas juntas estamos fazendo um projeto coletivo (cada uma faz vários quadradinhos, que depois serão costurados por todas, criando mantas ou tapetes, sendo assim com um pouquinho de cada) que serão doados para o Instituto Quintal Tia Jura”, acrescentou Márcia.

O edital conquistado por Márcia foi de apenas R$ 35 mil, com recursos da LPG do governo federal, gerenciado pela secretaria de Cultura e Turismo de Campo Grande (Sectur). Eis a íntegra.  

IMPACTO FINANCEIRO E PSICOLÓGICO

Quintal da Tia Jura recebe oficina de crochê financiado pela Lei Paulo Gustavo. Foto: ReproduçãoQuintal da Tia Jura recebe oficina de crochê financiado pela Lei Paulo Gustavo. Foto: Reprodução

Cerca de 20 mulheres do Bairro José Abrão que integram a oficina revelaram o impacto da iniciativa em suas vidas. “Já tinha tentado outra vez, mas não consegui porque sou canhota. E graças a Deus eu estou conseguindo fazer algumas peças e, para mim, está sendo um período muito bom. Estou conhecendo pessoas novas, fazendo algo que eu sempre quis fazer, e é muito bom estar lá com as meninas. Eu quero agradecer à professora Márcia e seu filho, porque ela é muito solícita, serve a gente com muito amor e carinho. Então eu quero que o Senhor a abençoe, e que tenha outra etapa do curso para a gente aprender mais”, desejou Vanessa M. Rodrigues, em áudio compartilhado com o TeatrineTV.

Vanessa, de blusa laranja, trabalha em uma peça de crochê na oficina no Quintal Tia Jura. Foto: ReproduçãoVanessa, de blusa laranja, trabalha em uma peça de crochê na oficina no Quintal Tia Jura. Foto: Reprodução

A expectativa de algumas das integrantes, inclusive, é de aprender o crochê para obter uma renda alternativa para a família: “Infelizmente eu não sabia muito, mas estou aprendendo, porque a professora é muito legal, ela tem paciência, ensina. Às vezes a gente erra, ela manda desmanchar e a gente faz de novo (risos), muito legal. Eu estou adorando. É um meio, né? De nós aprendermos. E fazer as nossas peças e podermos vender, um dinheirinho a mais no nosso orçamento. Acho que é bom para todos que estão ali”, declarou Derli Tobias de Oliveira.

Integrantes da oficina de crochê no Quintal da Tia Jura. Foto: Reprodução Derli Tobias de Oliveira ao centro, de blusa vermelha, com as colegas na Oficina de Crochê no Quintal da Tia Jura. Foto: Reprodução

Outra participante, Elita Rodrigues Andrade, de 52 anos, explicou que está adorando a proposta, pois tem aprendido muita coisa, e o pouco que sabe tem repassado para algumas de suas colegas. Para Elita, o crochê oferece a oportunidade financeira e se trata de uma arteterapia. “Acho muito legal porque às vezes nós, donas de casa, não temos condição de sair de casa para trabalhar e levantar um dinheirinho extra, e o crochê ajuda muito. Além de ser uma terapia psicológica, quando você está ali envolvida com o crochê você não fica pensando em problemas, decepções, em outras coisas. Você tem que estar atenta ao que está fazendo e isso faz com que você se desligue dos seus problemas, então ajuda psicologicamente. E financeiramente, porque você pode trabalhar com suas mãos, tecer algo que é único e exclusivo, porque ninguém, por mais que faça igual, será igual ao que você fez”, comentou.

Elita Rodrigues de Andrade Medeiros, de óculos e blusa bege, trabalha em uma peça de crochê em tom rosa claro. Foto: ReproduçãoElita Rodrigues de Andrade Medeiros, de óculos e blusa bege, trabalha em uma peça de crochê em tom rosa claro. Foto: Reprodução

Elogiando a iniciativa, Elita revelou que há muitas maneiras de aproveitar uma peça de crochê. “Você pode revender, vender essa peça, ou presentear, ou fazer para uso da casa, permitindo não ter mais aquele gasto de ter que comprar um tapete, uma peça de roupa, uma toalhinha de enfeitar a mesa. Tudo isso nos dá a possibilidade. Eu estou muito feliz, muito feliz... A professora é maravilhosa, excelente para explicar, muito, muito bom o curso. Nota dez”.

"TÔ INSISTINDO EM APRENDER..."

Marilin Josiane, de 49 anos, usa uma blusa azul enquanto segura um novelo vermelho de linha de crochê. Foto: ReproduçãoMarilin Josiane, de 49 anos, usa uma blusa azul enquanto segura um novelo vermelho de linha de crochê. Foto: Reprodução

O projeto vai além do mero aprendizado técnico de crochê e tem desempenhado um papel fundamental em diversas esferas.

À reportagem, Marilin Josiane, de 49 anos, explicou que estar no curso é oportunidade de superar obstáculos por meio da arte. “Para mim toda atividade que envolver arte é algo muito positivo e traz um impacto muito grande na vida das pessoas. No curso, eu observo que é necessário a gente ter muita paciência, atenção. No início eu tive muita dificuldade devido a uma lesão na mão direita. Eu estou me desafiando, na verdade, tô insistindo em aprender, mas é algo maravilhoso. A gente poder ver o trabalho tomar forma ponto a ponto, é algo assim, mágico. A gente vai descobrindo a cada dia, a cada aula, que a gente tem potencial e a gente vai avançando”, definiu.

Marilin apontou que já observa evoluções graças à atenção oferecida pela professora e oficineiro. “Lá no nosso momento, no nosso encontro, temos pausa para o lanche coletivo. É um momento assim, onde a gente interage, a gente troca, tem descontração, muita alegria e a professora Márcia é muito carismática, está sempre disposta, atenta, é muito paciente com a gente, principalmente comigo, porque eu entrei sem saber segurar uma agulha e o fio, mas a gente vai tentando. E olha que eu já evoluí”, disse aos risos. “Agradeço ao Caio, que é nosso secretário, ele está sempre preocupado se estamos hidratadas, se estamos precisando de alguma coisa, e está sempre observando tudo”, reforçou.

Momento da pausa para o lanche, na oficina de crochê no Quintal da Tia Jura. Foto: ReproduçãoMomento da pausa para o lanche, na oficina de crochê no Quintal da Tia Jura. Foto: Reprodução

Além de um local de descoberta artística, o curso oferece para as mulheres, na avaliação de Marilin, um espaço para troca afetiva. “No curso de crochê eu percebo que a gente pode expressar nossas emoções, nossos sonhos, cada uma de nós com suas histórias pessoais, as experiências de vida, sentimentos, e trazemos isso com a gente onde quer que a gente vá. E estar nesse grupo, ele expande muito o pensamento, a gente começa a pensar fora da caixa e a gente vai ficando mais confiante. Então, eu particularmente, agradeço muito a oportunidade de estar participando dessa oficina, das amizades novas que fiz lá, é muito bom”.

Para concluir sua peça, Marilin garantiu que irá se empenhar ao máximo. “Eu espero chegar no final desse curso, conseguir produzir a minha peça para colocar no bazar e é algo que eu vou me empenhar, e no que depender de mim eu quero chegar no final”.

PAIXÃO: CROCHÊ E ENSINO

Instituto Quintal Tia Jura-QTJ, fica localizado na R. Marcos Ferrez, 108 - Conj. Jose Abrão, em Campo Grande (MS). Foto: ReproduçãoInstituto Quintal Tia Jura-QTJ, fica localizado na R. Marcos Ferrez, 108 - Conj. Jose Abrão, em Campo Grande (MS). Foto: Reprodução

Formada em Artes Visuais pela UFMS em 2018, Márcia é professora de crochê no YouTube desde 2020, com mais de 80 mil inscritos. Ela também participa do coletivo "Madre Loca", que promove a união de mães empreendedoras, artistas e artesãs na Capital sul-mato-grossense.

Para Márcia, sua paixão por crochê e transferência de saberes foram as forças motrizes para que ela desenvolvesse o projeto: “Além do meu trabalho como estilista, dedico-me a compartilhar meu conhecimento e paixão pelo crochê através do ensino. Como professora, tenho o prazer de guiar meus alunos em sua jornada de aprendizado, ajudando-os a descobrir e aperfeiçoar suas habilidades. Minhas aulas são projetadas para serem acessíveis e inspiradoras, adequadas tanto para iniciantes quanto para aqueles que buscam avançar em suas técnicas”.

Por fim, a professora revelou qual é seu objetivo principal com a transferência de saberes acerca do crochê. “Minha missão é promover o crochê como uma forma de arte e expressão pessoal, enriquecendo a vida das pessoas com criatividade e beleza. Convido todos a se juntarem a mim nessa maravilhosa aventura de fios e criatividade”, concluiu.

  • Nota: Esta reportagem apresenta imagens e depoimentos fornecidos pelos participantes do projeto.

 

 

 

 


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Tags: Campo Grande, Fios da Comunidade: Uma Jornada, Hugueney Gomes Manga, Instituto Quintal Tia Jura, Márcia Lobo, oficina de crochê

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