Atuante na Literatura e Audiovisual, Jander Gomez, foi eleito delegado cultural pelo município de Terenos na Conferência Estadual de Cultura (IV CONEC) de Mato Grosso do Sul, realizada de 20 a 22 de novembro em Campo Grande (MS).
Combativo nos debates, Jander revelou que ele e gestores de Coxim articularam para eleger delegados por região, por considerarem que esse seria o mecanismo mais democrático para garantir participação dos municípios menores. “A mobilização para a mudança da forma dos votos aqui na Conferência, que antes era feita de uma forma municipal e agora foi feito por região, foi uma mobilização de Terenos e de Coxim, eu e o Ricardo que é secretário de Coxim. Assim conseguimos, nós descentralizados. Isso para Terenos é uma conquista, assim como a minha eleição como delegado, algo que nunca conquistamos”, introduziu.
Jander disse estar feliz com a conquista, pois assim conseguirão participação de vários representantes das 30 delegações na Conferência Nacional, em março de 2024, em Brasília. “Os delegados que estão saindo daqui cada um está indo por um município, houve uma grande mobilização para isso e a gente fica feliz porque os municípios vão em peso para a Conferência e cada um está levando uma determinada área e tenho certeza de que lá, para o diálogo isso vai ser essencial. Eu acredito que a gente consiga mecanismos legais para conseguir descentralizar e trazer mais recursos para o estado, porque hoje a distribuição é muito desigual”, prospectou.
Para Jander, enquanto representante de Terenos, umas das demandas principais é conquistar maior volume de recursos para os artistas do município. “No sentido de Nacional, nós termos grandes possibilidades, principalmente de descentralizar os recursos que hoje são disponibilizados pelo ministério, hoje de volta o ministério da Cultura, tentar trazer esses recursos mais para o estado e a institucionalização de algumas políticas eu são essenciais, como as culturas periféricas, Literatura, Cinema, nessas áreas...”, considerou.
De acordo com Jander a busca é por uma descentralização semelhante a que já acontece numa parte das políticas culturais como a Lei Paulo Gustavo e Lei Aldir Blanc. “Se essas políticas vierem em maior oportunidade, Terenos já ganha muito mais com isso, porque temos as comunidades de artesãos, de literatura, temos pessoas do audiovisual, da música... Caso ocorra essa descentralização, Terenos será uma das cidades mais beneficiadas por essa política”, apontou.
O delegado disse que num primeiro momento o estado precisa melhorar o critério de políticas públicas, municipais e estaduais, para quando chegar numa Conferência os agentes terem claro o que é uma política para a Nacional e o que é uma política para a Nacional. E para Jander, é preciso valorizar a arte e a cultura de MS para além das questões ambientais. “A cultura estadual a nível de país, Mato Grosso do Sul é um estado que é inviabilizado, ele é um estado só reconhecido pelo Pantanal, e a única coisa que oferece aparentemente o Pantanal, quando na verdade não é. Temos expressões artísticas em Mato Grosso do Sul que não são levadas em conta. E cito a literatura, agora com Febraro que ganhou um prêmio nacional literário – eu que fui indicado ao mesmo prêmio em outra categoria – então, assim, essa chave aos poucos está virando. A Conferência pode trazer essa virada de chave para o estado, que é hoje um estado sem visibilidade nacional, isso é um fato, a gente vê pela distribuição dos recursos do Ministério da Cultura”.
O representante disse que além de conquistas nacionais, é preciso que o estado faça o trabalho de ‘casa’ para que a cultura de MS alcance mais pessoas. “Talvez se o estado buscasse incentivar o intercâmbio cultural com as outras regiões, não somente com a região Sudeste, que é um dos grandes fomentadores de cultura nacionalmente. Não é o grande, porque o Nordeste também produz muito e melhor, dependendo dos aspectos, eu acho que se fosse incentivado intercâmbios o estado poderia oferecer opções para seus artistas a nível nacional. Nós temos profissionais extremamente capacitados e organizados, a Conferência provou isso. Temos muita gente incrível na poesia, artesanato, é preciso fomentar Mato Grosso do Sul em feiras culturais, na FLIP e. Incentivar a participação do Cinema em festivais como RIO2, festivais como o de Gramado. Tem essa possibilidade, o estado tem condições e pode fazer um outro papel, não deixar os artistas a mercê de editais. Acho que nesse momento o estado não está fazendo da maneira que deveria, mas existe a possibilidade”.
Por fim, Jander disse que as conquistas do passado foram importantes para a atualidade e que as conquistas de agora vão reverberar positivamente no futuro. “Tudo que está sendo feito aqui está abrindo caminhos para outras políticas, existem vozes aqui que antes não eram ouvidas: trans, travestis, povos originários... E isso é muito bom, uma política do estado que precisamos valorizar”, finalizou.