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Política Cultural

Iphan e Ibram devem recuperar obras de arte danificadas em invasão aos Três Poderes

Por ALY FREITAS • 09/01/2023 • 19:36

No último domingo (08.jan.2023) apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram a praça dos três poderes em Brasília (DF) e destruíram parte significativa do acervo artístico e arquitetônico do Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal e Congresso Nacional. No ato, uma réplica da Constituição de 1988 foi furtada.

Hoje (09.jan.23), o Governo Federal divulgou uma avaliação preliminar contendo parte das pinturas, esculturas e peças de mobiliário destruídas. A Ministra da Cultura, Margareth Menezes, determinou que o Iphan faça uma diligência para avaliar a destruição causada pelo vandalismo.

Servidores do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) com conhecimento em restauração foram requisitados pela Ministra da Cultura. Especialistas ligados ao Palácio do Planalto, afirmam que, apesar de a recuperação das obras ser possível, existem casos em que a restauração será muito difícil.

CONGRESSO NACIONAL

Durante a invasão do Congresso Nacional, a galeria de presentes de governos estrangeiros, exposta na entrada do Salão Verde, teve diversos itens quebrados ou roubados, como vasos, ovos de avestruz e estátuas. No ato, uma estátua chinesa foi arremessada e destruída.

O vitral “Araguaia” (1977), da artista plástica Marianne Peretti e o quadro “Candangos”, de Di Cavalcanti, teriam sido danificados, mas de acordo com a Agência Brasil, danos não foram constatados nas obras. A escultura “Bailarina”, de Victor Brecheret, havia sido considerada roubada, mas foi encontrada, com danos, atrás de uma poltrona.

Escultura "Bailarina", de Victor Brecheret | Foto: Reprodução/ Twitter

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

O salão nobre do Supremo Tribunal Federal possuía um acervo de móveis que pertenceram à família real, além de obras de arte com mais de 100 anos. No local, foram danificadas as cadeiras dos ministros da Corte e a porta com inscrições do Ministro Alexandre de Moraes.

No mesmo prédio, a destruição atingiu um tapete que pertenceu à Princesa Isabel, já o Brasão da República e o crucifixo que ficavam expostos, foram retirados de seus respectivos lugares e jogados para fora do STF.

Também foram identificadas depredações no Hall dos Bustos, local onde eram expostas esculturas de figuras importantes da República. Até o momento, foram identificadas depredações nos bustos de Rui Barbosa e do abolicionista Joaquim Nabuco.

Na parte de fora do STF, o monumento em granito “A justiça”, de Alfredo Ceschiatti, foi pichado com a frase “Perdeu, mané”.

O Brasão da República foi depredado, assim como o monumento "A Justiça" | Foto: Reprodução/ Twitter

PALÁCIO DO PLANALTO

No andar térreo do Palácio do Planalto, a Obra “Bandeira do Brasil” (1995), de Jorge Eduardo, foi encontrada boiando sobre a água que inundou o andar após os manifestantes abrirem os hidrantes instalados no local. A pintura reproduz a bandeira brasileira hasteada em frente ao palácio e serviu de cenário para pronunciamentos dos Presidentes da República.

Também no térreo, a galeria dos ex-presidentes foi totalmente destruída, tendo as fotografias retiradas da parede, jogadas ao chão e quebradas.

No 2º andar, pinturas e fotografias que adornavam o corredor de acesso às salas dos ministérios que funcionam no Planalto foram rasuradas ou quebradas.

Já no terceiro andar do Planalto, a depredação atingiu a obra “As mulatas” (1928), de Di Cavalcanti, a escultura “O Flautista” (1962), de Bruno Giorgi e a escultura de parede em madeira produzida por Frans Krajcberg. Essa última, composta por galhos de árvore, teve seus pedaços espalhados pelo local.

Galeria dos ex-presidentes | Foto: Reprodução/g1

O vandalismo também atingiu a mesa de trabalho de Juscelino Kubitschek, que foi utilizada como barricada pelos invasores, já a mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues, que abriga informações do presidente em exercício, teve o vidro quebrado.

O diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, diz que será possível realizar a recuperação da maioria das obras vandalizadas, mas estima como “muito difícil” a restauração do Relógio de Balthazar Martinot.

O Relógio de pêndulo que pertenceu a Dom João VI, está entre os itens destruídos no Planalto. Foi produzido no século XVII pelo relojoeiro Balthazar Martinot, com design de André-Charles Boulle, um presente da Corte Francesa para Dom João VI. Martinot era relojoeiro de Luís XIV e o outro relógio de sua autoria está exposto no Palácio de Versailles. O valor dessa peça é considerado fora do padrão.

"O valor do que foi destruído é incalculável por conta da história que ele representa. O conjunto do acervo é a representação de todos os presidentes que representaram o povo brasileiro durante este longo período que começa com JK. É este o seu valor histórico", comenta Carvalho. "Do ponto de vista artístico, o Planalto certamente reúne um dos mais importantes acervos do país, especialmente do Modernismo Brasileiro."


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