O chefe da Secretaria de Esporte, Turismo e Cultura (Setesc), Marcelo Miranda, o diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Eduardo Mendes e o governador Eduardo Riedel (PSDB) já podem receber o título de mentirosos convictos.
Em 2022, quando assumiu a pasta, Miranda falou que ‘pensaria fora da Caixa’ e promoveria uma revolução na cultura, como “fez no esporte”. Àquela altura, os fazedores de cultura torciam que isso fosse verdade, após oito anos de descaso e sofrimento sob o governo de Reinaldo Azambuja (tucano padrinho).
Riedel, no lançamento dos trabalhos da sua gestão em 2023, convidou artistas locais e também prometeu uma mudança de cenário e valorização aos trabalhadores da arte, como anotamos aqui.
Eduardo Mendes, por sua vez, quando assumiu a FCMS citou um bordão do governo Riedel: ‘ouvir mais para errar menos!’. Com o carisma de radialista, ele garantiu que os trabalhadores do setor cultural seriam valorizados a partir de escutas ativas.
Todos sinalizaram que os trabalhadores da cultura finalmente viveriam um governo descente, que faz investimentos reais e respeita a arte, cultura e seu impacto na sociedade.
As promessas têm o poder de inspirar, mas também de deprimir. Num encontro com artistas sul-mato-grossenses, durante uma ação do Comitê de Cultura de MS na Capital nos dias 5 e 6 de outubro, o cenário que o repórter do TeatrineTV encontrou foi de depressão. A maioria dos trabalhadores não acredita nas promessas do governo Riedel. “É gente que não vê o poder transformador da arte, da cultura em geral. Gente que não sabe o que e destina desprezo a um setor tão poderoso, como se nós vivêssemos de esmola. Por outro lado, veja: investem bilhões no mercado agro, em um grupo seleto de músicos de alto capital. A gestão faz apostas na destruição do meio ambiente promovendo o extrativismo destruidor. O investimento que tão destinado para os trabalhadores da arte e o povo em geral, é morrer sufocado com fumaça!”, desabou artistas em uma conversa reservada.
No encontro, estiveram artistas de diversos municípios de MS. O cenário de desprezo ao trabalhador da cultura sentido na Capital, é a inda mais agressivo no interior.
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De fato, passados quase dois anos desde o início do governo Riedel, o cenário vivido pelos artistas sul-mato-grossense é tão ruim quanto o vivido sob o governo de Azambuja. Não fosse os editais do Ministério da Cultura (Aldir Blanc 1, 2 e Lei Paulo Gustavo), os artistas de MS estariam vivendo a amargura de investimento mísero em um festival em Bonito e algumas ações pontuais. Apesar disso, milhões foram gastos com um seleto grupo de cantores sertanejos, como registramos aqui.
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Mesmo os recursos enviados pelo governo do presidente Lula (PT), foram geridos de maneira morosa em MS e até este outubro de 2024, a gestão tucana não pagou todos os editais de recursos que recebeu em julho de 2023. Mostramos que o governo também aplicou calote em pareceristas, disse apoiar ações afirmativas, mas até hoje não pagou os artistas.
A esperança do trabalhador da cultura sul-mato-grossense parece sempre estar mais longe em ter um governo que realmente acredite no poder transformador da arte.
Riedel provou, nesses quase dois anos, que, no quesito gestão cultural, é semelhante ao padrinho em gênero, número e grau.
Vamos lembrar que 2015 a 2022, Azambuja extinguiu 3 festivais e 2 editais que eram importantíssimos para a cultura de MS. Azambuja pôs fim ao Prêmio Rubens Corrêa (teatro), o Circuito Sul-mato-grossense de Teatro, o Prêmio Célio Adolfo e o Circuito Sul-mato-grossense de Dança. Inclusive, o movimento S.O.S cultura de 2015, filmou Azambuja prometendo que aumentaria o valor do Prêmio Rubens Corrêa. Como mostramos aqui, ele mentiu.
Repetindo o padrinho, em fevereiro de 2024, o governador anunciou que o próximo edital do Fundo de Investimento Culturais (FIC) será de R$ 14 milhões. O aumento foi de R$ 4 milhões em relação ao previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA). Naquela ocasião, Riedel prometeu a execução anual do edital. No entanto, já é outubro e o edital não foi lançado.
Naquela ocasião, o time tucano – Riedel, Miranda e Eduardo Mendes – anunciou o ‘MS Cultural’, uma programação de R$ 176 milhões que trazia 150 propostas de ações culturais a serem promovidas pelo governo. Veja a lista de ações realizadas e não realizadas no final do texto.
COLOTE NO CRONOGRAMA E EDITAL
Quando lançou o 'MS Cultural', em vídeo (abaixo), o governador Eduardo Riedel prometeu lançar o edital do Fundo de Investimentos Culturais (FIC) no primeiro quadrimestre de cada ano (entre janeiro e abril), no entanto o edital não foi lançado até este mês de outubro. Veja a promessa:
Além disso,o Festival América do Sul, que acontecia anualmente em Corumbá, foi cancelado em 2024. O governo não explicou até o momento o motivo do cancelamento do festival e nem como aplicará os recursos que seriam utilizados no festival.
Em 9 de outubro, o auge da falta de gestão foi o governo abrir uma licitação na modalidade Concurso para a seleção de artistas, grupos e coletivos para apresentações e atividades artísticas no “3º Festival Campão Cultural”, que, no entanto, ocorrerá apenas em fevereiro de 2025. O edital de 2024 do Campão Cultural, portanto, sofrerá um sequestro no cronograma, afetando o mercado cultural do estado. Além de ser um total retrocesso os cachês oferecidos pelo edital, o que antes estava equiparado em R$ 7 mil, recuou para R$ 4 mil.
A reportagem apurou que o edital do Campão Cultural foi lançado às pressas, sem nem mesmo passar pelo Conselho Estadual de Cultura, o que significa que o governo simplesmente ignorou o Sistema Estadual de Cultura, que regulamenta a legislação estadual do setor.
Ações realizados
- Carnaval Campo Grande e Corumbá;
- MS ao Vivo;
- Inauguração Centro Cultural José Octávio Guizzo e Teatro Aracy Balabanian;
- Exposições Literárias (parcialmente);
- Patrimônio 67 - Educação Patrimonial nas cidades de MS;
- Exposições MIS;
- Festival Boca de Cena (com atraso);
- 21ª Semana Nacional de Museus;
- Festival de Cinema da Rede Estadual de Ensino;
- Férias na Biblioteca;
- Dia mundial do Rock;
- Festival de Inverno de Bonito;
- 17ª Primavera dos Museus;
- Moda MS (parcialmente dentro do FIB);
- Participação do Artesanato de MS e 6 Feiras Nacionais;
- Projeto Artesania de Oficinas de Artesanato nos municípios de MS.
Ações não realizados
- Arquivo vai à escola;
- Clube de Leitura 60+;
- Arejando Ideias - Biblioteca Estadual Isaias Paim;
- Mostras de Cinema;
- Edital FIC MS;
- Feira da Música;
- Feira Film Pantanal;
- PROLER 2024;
- Bibliotecando;
- Circula MARCO - Circuito de Exposições;
- CineMARCO;
- Conexões Grafitti - Arte e Educação;
- Circuito Dança do Mato;
- Edital Leia MS de Ebooks e Clubes de Leitura;
- Semana do Cinema Brasileiro;
- Fórum de Gestores e Dirigentes Municipais de Cultura de MS;
- XIII Simpósio de Educação Patrimonial;
- Edital Grandes Fotógrafos;
- Projeto Pioneiros das Artes;
- Edital de Premiação para Artesãos de MS;
- Game Week;
- Semana da Moda MS;
- Festival América do Sul (cancelado);
- Revitalização do Castelinho de Ponta Porã;
- Revitalização, Aquisição de Material Permanente e Adequação da Acessibilidade do Museu de Arte.
Promessas de restauros
- Restauro do Vagão Ferroviário (Antigo Vagão do Trem do Pantanal);
- Restauro da Igreja de São Benedito e Revitalização do Entorno Imediato
- Reforma do Prédio a Av. Calógeras Antigo Labcen para abrigar O Arquivo Público Estadual;
- Implantação do Núcleo de Acessibilidade Cultural.
RESUMO
- Ações realizadas: 18;
- Ações não realizadas: 29.