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'NOSSA IDENTIDADE'

Governo Riedel aplica calote na execução anual de editais e festival

Riedel provou nesses quase dois anos que no quesito gestão cultural, é semelhante ao padrinho em gênero, número e grau

Por TERO QUEIROZ • 10/10/2024 • 14:32
Imagem principal O governador Eduardo Riedel durante anúncio do FIC de R$ 14 milhões que seria lançado no primeiro quadrimestre de 2024, mas não foi. Foto: Tero Queiroz

O chefe da Secretaria de Esporte, Turismo e Cultura (Setesc), Marcelo Miranda, o diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Eduardo Mendes e o governador Eduardo Riedel (PSDB) já podem receber o título de mentirosos convictos. 

Em 2022, quando assumiu a pasta, Miranda falou que ‘pensaria fora da Caixa’ e promoveria uma revolução na cultura, como “fez no esporte”. Àquela altura, os fazedores de cultura torciam que isso fosse verdade, após oito anos de descaso e sofrimento sob o governo de Reinaldo Azambuja (tucano padrinho).

Riedel, no lançamento dos trabalhos da sua gestão em 2023, convidou artistas locais e também prometeu uma mudança de cenário e valorização aos trabalhadores da arte, como anotamos aqui. 

Eduardo Mendes, por sua vez, quando assumiu a FCMS citou um bordão do governo Riedel: ‘ouvir mais para errar menos!’. Com o carisma de radialista, ele garantiu que os trabalhadores do setor cultural seriam valorizados a partir de escutas ativas. 

Todos sinalizaram que os trabalhadores da cultura finalmente viveriam um governo descente, que faz investimentos reais e respeita a arte, cultura e seu impacto na sociedade.

As promessas têm o poder de inspirar, mas também de deprimir. Num encontro com artistas sul-mato-grossenses, durante uma ação do Comitê de Cultura de MS na Capital nos dias 5 e 6 de outubro, o cenário que o repórter do TeatrineTV encontrou foi de depressão. A maioria dos trabalhadores não acredita nas promessas do governo Riedel. “É gente que não vê o poder transformador da arte, da cultura em geral. Gente que não sabe o que e destina desprezo a um setor tão poderoso, como se nós vivêssemos de esmola. Por outro lado, veja: investem bilhões no mercado agro, em um grupo seleto de músicos de alto capital. A gestão faz apostas na destruição do meio ambiente promovendo o extrativismo destruidor. O investimento que tão destinado para os trabalhadores da arte e o povo em geral, é morrer sufocado com fumaça!”, desabou artistas em uma conversa reservada.

No encontro, estiveram artistas de diversos municípios de MS. O cenário de desprezo ao trabalhador da cultura sentido na Capital, é a inda mais agressivo no interior.

De fato, passados quase dois anos desde o início do governo Riedel, o cenário vivido pelos artistas sul-mato-grossense é tão ruim quanto o vivido sob o governo de Azambuja. Não fosse os editais do Ministério da Cultura (Aldir Blanc 1, 2 e Lei Paulo Gustavo), os artistas de MS estariam vivendo a amargura de investimento mísero em um festival em Bonito e algumas ações pontuais. Apesar disso, milhões foram gastos com um seleto grupo de cantores sertanejos, como registramos aqui. 

Mesmo os recursos enviados pelo governo do presidente Lula (PT), foram geridos de maneira morosa em MS e até este outubro de 2024, a gestão tucana não pagou todos os editais de recursos que recebeu em julho de 2023. Mostramos que o governo também aplicou calote em pareceristas, disse apoiar ações afirmativas, mas até hoje não pagou os artistas.

A esperança do trabalhador da cultura sul-mato-grossense parece sempre estar mais longe em ter um governo que realmente acredite no poder transformador da arte.

Riedel provou, nesses quase dois anos, que, no quesito gestão cultural, é semelhante ao padrinho em gênero, número e grau.

Vamos lembrar que 2015 a 2022, Azambuja extinguiu 3 festivais e 2 editais que eram importantíssimos para a cultura de MS. Azambuja pôs fim ao Prêmio Rubens Corrêa (teatro), o Circuito Sul-mato-grossense de Teatro, o Prêmio Célio Adolfo e o Circuito Sul-mato-grossense de Dança. Inclusive, o movimento S.O.S cultura de 2015, filmou Azambuja prometendo que aumentaria o valor do Prêmio Rubens Corrêa. Como mostramos aqui, ele mentiu. 

Na imagem, da esquerda para a direita: Marcelo Miranda (Setesc), Eduardo Riedel (governador), Reinaldo Azambuja (ex-governador) e Eduardo Mendes (diretor-presidente da FCMS). Foto: Tero QueirozNa imagem, da esquerda para a direita: Marcelo Miranda (Setesc), Eduardo Riedel (governador), Reinaldo Azambuja (ex-governador) e Eduardo Mendes (diretor-presidente da FCMS). Foto: Tero Queiroz

Repetindo o padrinho, em fevereiro de 2024, o governador anunciou que o próximo edital do Fundo de Investimento Culturais (FIC) será de R$ 14 milhões. O aumento foi de R$ 4 milhões em relação ao previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA). Naquela ocasião, Riedel prometeu a execução anual do edital. No entanto, já é outubro e o edital não foi lançado.

Naquela ocasião, o time tucano – Riedel, Miranda e Eduardo Mendes – anunciou o ‘MS Cultural’, uma programação de R$ 176 milhões que trazia 150 propostas de ações culturais a serem promovidas pelo governo. Veja a lista de ações realizadas e não realizadas no final do texto. 

COLOTE NO CRONOGRAMA E EDITAL 

Quando lançou o 'MS Cultural', em vídeo (abaixo), o governador Eduardo Riedel prometeu lançar o edital do Fundo de Investimentos Culturais (FIC) no primeiro quadrimestre de cada ano (entre janeiro e abril), no entanto o edital não foi lançado até este mês de outubro. Veja a promessa:  

Além disso,o Festival América do Sul, que acontecia anualmente em Corumbá, foi cancelado em 2024. O governo não explicou até o momento o motivo do cancelamento do festival e nem como aplicará os recursos que seriam utilizados no festival.  

Em 9 de outubro, o auge da falta de gestão foi o governo abrir uma licitação na modalidade Concurso para a seleção de artistas, grupos e coletivos para apresentações e atividades artísticas no “3º Festival Campão Cultural”, que, no entanto, ocorrerá apenas em fevereiro de 2025. O edital de 2024 do Campão Cultural, portanto, sofrerá um sequestro no cronograma, afetando o mercado cultural do estado. Além de ser um total retrocesso os cachês oferecidos pelo edital, o que antes estava equiparado em R$ 7 mil, recuou para R$ 4 mil.  

A reportagem apurou que o edital do Campão Cultural foi lançado às pressas, sem nem mesmo passar pelo Conselho Estadual de Cultura, o que significa que o governo simplesmente ignorou o Sistema Estadual de Cultura, que regulamenta a legislação estadual do setor.

Ações realizados

  1. Carnaval Campo Grande e Corumbá;
  2. MS ao Vivo;
  3. Inauguração Centro Cultural José Octávio Guizzo e Teatro Aracy Balabanian;
  4. Exposições Literárias (parcialmente);
  5. Patrimônio 67 - Educação Patrimonial nas cidades de MS;
  6. Exposições MIS;
  7. Festival Boca de Cena (com atraso);
  8. 21ª Semana Nacional de Museus;
  9. Festival de Cinema da Rede Estadual de Ensino;
  10. Férias na Biblioteca;
  11. Dia mundial do Rock;
  12. Festival de Inverno de Bonito;
  13. 17ª Primavera dos Museus;
  14. Moda MS (parcialmente dentro do FIB);
  15. Participação do Artesanato de MS e 6 Feiras Nacionais;
  16. Projeto Artesania de Oficinas de Artesanato nos municípios de MS.

Ações não realizados

  1. Arquivo vai à escola;
  2. Clube de Leitura 60+;
  3. Arejando Ideias - Biblioteca Estadual Isaias Paim;
  4. Mostras de Cinema;
  5. Edital FIC MS;
  6. Feira da Música;
  7. Feira Film Pantanal;
  8. PROLER 2024;
  9. Bibliotecando;
  10. Circula MARCO - Circuito de Exposições;
  11. CineMARCO;
  12. Conexões Grafitti - Arte e Educação;
  13. Circuito Dança do Mato;
  14. Edital Leia MS de Ebooks e Clubes de Leitura;
  15. Semana do Cinema Brasileiro;
  16. Fórum de Gestores e Dirigentes Municipais de Cultura de MS;
  17. XIII Simpósio de Educação Patrimonial;
  18. Edital Grandes Fotógrafos;
  19. Projeto Pioneiros das Artes;
  20. Edital de Premiação para Artesãos de MS;
  21. Game Week;
  22. Semana da Moda MS;
  23. Festival América do Sul (cancelado);
  24. Revitalização do Castelinho de Ponta Porã;
  25. Revitalização, Aquisição de Material Permanente e Adequação da Acessibilidade do Museu de Arte.

Promessas de restauros

  1. Restauro do Vagão Ferroviário (Antigo Vagão do Trem do Pantanal);
  2. Restauro da Igreja de São Benedito e Revitalização do Entorno Imediato
  3. Reforma do Prédio a Av. Calógeras Antigo Labcen para abrigar O Arquivo Público Estadual;
  4. Implantação do Núcleo de Acessibilidade Cultural.

RESUMO

  • Ações realizadas: 18;
  • Ações não realizadas: 29.

 

 


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