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É falso que 70% dos eleitores reprovam a atual gestão da prefeitura

Conteúdo compartilhado pela candidata Rose Modesto (União) no Instagram distorce real significado dos dados

Por CAMILA ZANIN • 11/10/2024 • 10:15
Imagem principal Foto: Reprodução/ Instagram Rose Modesto / Printscreen

Durante a participação da candidata à prefeitura de Campo Grande, Rose Modesto (União), na sabatina do programa Balanço Geral da TV Record MS, no dia 8 de outubro, foi dada uma declaração que chamou a atenção: “Quase 70% dos eleitores REPROVARAM a administração da Adriane. Essas pessoas querem mudança”. Posteriormente, em suas redes sociais, a candidata publicou um story no Instagram destacando tal declaração.

Diante disso, o TTVChecaZap, agência de verificação do TeatrineTV, realizou uma análise sobre o dado citado, visto que é comum a distorção de dados e seus reais significados em períodos eleitorais com objetivo de convencer eleitores. O TTVChecaZap é apoiado pelo projeto "Diversidade nas Redações 3: Desinformação e Eleições", promovido pela Énois e patrocinado pelo Google News Initiative.

Confira a seguir o trabalho de verificação do TeatrineTV:

Afinal, é verdade que quase 70% dos eleitores reprovam a administração da atual prefeita, Adriane Lopes (PP)? 

Nas eleições municipais de 2024 para a prefeitura de Campo Grande (MS), Adriane Lopes (PP) obteve 31,67% dos votos (140.931), e Rose Modesto (União Brasil) recebeu 29,56% dos votos (131.525), ficando atrás de Adriane por uma diferença de 9.406 votos. Pela primeira vez na história, Campo Grande terá uma disputa no segundo turno entre duas mulheres, que acontecerá dia 27 de outubro. 

O terceiro colocado foi Beto Pereira (PSDB), com 25,96% dos votos (115.426), e o quarto lugar foi ocupado por Camila Jara (PT), que recebeu 6,94% dos votos (30.851). Em sequência, os demais candidatos tiveram as seguintes porcentagens: Luso Queiroz (PSOL) com 2,82% dos votos (12.566), Beto Figueiró (Novo) com 2,45% (10.942), e Ubirajara Martins (DC) com 0,64% dos votos (2.861).

Gráfico para melhor visualização da quantidade de votos por candidato.
Gráfico: quantidade de votos por candidato. (Fonte: elaborado pela equipe de reportagem para fins da notícia). 

A soma das porcentagens de votos dos demais candidatos, excluindo Adriane, totaliza 68,33% (aproximadamente 70%, como mencionado por Rose). Contudo, o  fato de 68,33% dos eleitores não terem votado em Adriane Lopes não significa diretamente que todos esses eleitores reprovam o seu governo. Isso porque, na realidade, essa porcentagem inclui eleitores que preferiram outros candidatos, mas isso não reflete necessariamente uma desaprovação. 

A reprovação de um governo é medida por pesquisas de opinião que avaliam a satisfação com a gestão, enquanto o resultado eleitoral reflete as preferências dos eleitores em relação a todos os candidatos disponíveis. Portanto, são dados distintos, pois o fato de os eleitores terem escolhido outras opções no primeiro turno não significa que eles não poderão optar por Adriane no segundo.

A última pesquisa de aprovação foi realizada pelo Instituto Paraná Pesquisas, em abril deste ano, divulgou que 41% aprova a gestão da atual prefeita de Campo Grande. Os dados também revelaram que a maior média de aprovação está no público do Ensino Fundamental, com 44,3%, já aqueles com Ensino Superior contabilizam 59,9% de reprovação da gestão.

A pesquisa também incluiu as categorias de Ótima (5,3%), Boa (18,6%), Regular (34,8%), Ruim (13,3%), Péssima (26,5%), Não sabem ou não opinaram (1,6%). No geral, quando questionados se aprovam ou desaprovam a gestão, 41% responderam positivamente, enquanto 53,5% disseram desaprovar.

Para os resultados, a pesquisa contou com a opinião pública de 800 campo-grandenses, entre os dias 18 e 24 de abril, com o intuito de consultar a população sobre a situação eleitoral para o Executivo Municipal em 2024 e avaliar as administrações Municipal, Estadual e Federal. 

De acordo com o Instituto, a amostra é representativa da população da área pesquisada e foi selecionada em duas etapas. Na primeira etapa realizou-se um sorteio probabilístico das localidades onde as entrevistas foram realizadas através do método PPT (Probabilidade Proporcional ao Tamanho), considerando a população residente nas localidades como base para essa seleção. 

Na segunda etapa, a seleção dentro da localidade, foi feita utilizando-se quotas amostrais proporcionais, em função das seguintes variáveis: gênero, faixa etária, escolaridade e renda domiciliar mensal.

A amostra atinge um grau de confiança de 95%, para uma margem de erro estimada em aproximadamente 3,5% para resultados gerais. De acordo com a Resolução-TSE n.º 23.600/2019, essa pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o n.º MS05358/2024 para o cargo de Prefeito.

PESQUISAS DE OPINIÃO

As pesquisas de opinião sobre aprovação e desaprovação de governos costumam ser realizadas por institutos de pesquisa especializados, como o Datafolha, Ipec (Instituto de Pesquisas e Consultoria), e Ibope, e o Instituto Paraná Pesquisas. Esses institutos coletam dados por meio de entrevistas com amostras representativas da população. Além disso, os veículos de comunicação frequentemente publicam os resultados dessas pesquisas. É possível acompanhar essas pesquisas diretamente nos sites desses institutos ou nos portais de notícias que as divulgam. 

Em Mato Grosso do Sul, há alguns institutos de pesquisa que realizam levantamentos de opinião pública e eleitorais. Os principais incluem:

Instituto de Pesquisas do Estado de Mato Grosso do Sul (IPEMS): Este instituto é bastante conhecido e realiza pesquisas sobre diversas questões, incluindo eleições. Eles têm uma abordagem metodológica rigorosa e suas pesquisas são frequentemente registradas na Justiça Eleitoral. 

Instituto SigDados: Também atua na realização de pesquisas de mercado e opinião, utilizando amostragens de qualidade baseadas em dados do IBGE. A SigDados realiza estudos quantitativos e qualitativos, cobrindo várias regiões do estado.


Os institutos fornecem dados relevantes sobre a percepção pública em relação a candidatos e questões políticas na região. Vale apontar que pesquisas eleitorais são apenas um retrato do momento e podem ser afetadas por mudanças de opinião rápida, que são comuns em períodos eleitorais. Portanto, embora as pesquisas sejam ferramentas valiosas para entender tendências e comportamentos, elas não são infalíveis e devem ser interpretadas com cautela. A margem de erro em pesquisas de opinião geralmente varia entre 2% a 3%, mas pode ser maior ou menor dependendo da metodologia utilizada e do tamanho da amostra.


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