A cunhada do deputado estadual Lídio Lopes, Thelma Fernandes Mendes Nogueira Lopes, e a secretária de Finanças Márcia Helena Hokama, teriam atuado para que a prefeita Adriane Lopes (PP) desse um calote de R$ 6 milhões nos editais culturais: FMIC, FOMTEATRO e Prêmio Ipê, em Campo Grande (MS).
"Esse povo já tem os R$ 8 milhões do federal, tão querendo demais", teria reclamado Thelma em um áudio enviado à próximos da gestão.
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De acordo com apurado pelo TeatrineTV, Thelma teria recebido um salário de R$ 88.384,67 em uma suposta folha secreta criada na gestão de Marquinhos Trad e mantida pela sua vice, agora Chefe do Executivo.
O pagamento teria ocorrido em novembro de 2022, à época Adriane ainda era vice e Thelma, apesar de ser seu familiar, ganhou um cargo ainda mais alto, atuando como uma espécie de Chefe do Executivo paralela.
Na época em que a imoralidade foi denunciada pela imprensa, a prefeita alegou que tal valor era referente a um acerto, pois a concunhada dela teria deixado cargo na SAS para se tornar sua chefe de gabinete. Ainda que a alegação fosse verdadeira, Adriane Lopes não explicou o porquê os valores não aparecem no Portal da Transparência.
Segundo fontes, Thelma seria uma das principais personagens contrárias ao respeito ao orçamento cultural municipal, em razão de acreditar que os recursos da Lei Paulo Gustavo já são suficientes. "Ela não quer, bate o pé que não deve respeitar orçamento nenhum", contam fontes sob sigilo.
Para convencer Adriane Lopes a dar o calote na Cultura, Thelma conta com apoio da secretária de Finanças Márcia Helena Hokama essa que já demonstrou desprezo pelo setor cultural em audiência na Câmara.
Juntas, Thelma e Hokama alegam que a medida dar calote em determinados setores seria uma estratégia para enxugar gastos da gestão.
No entanto, ironicamente, Hokama é outra funcionária dona de supersalário. Ela recebe em média R$ 55 mil valor superior ao pago à prefeita, sua chefe.
Os supersalários do alto escalão poderiam vir a se tornar transparentes e dentro da razoabilidade em razão do Termo de Ajustamento de Gestão (TAG) assinado por Adriane Lopes junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), assinado neste mês.
Porém, com medo de terem os supersalários reduzidos servidores do alto escalão, o que inclui Thelma e Hokama, pressionam a Câmara do Vereadores para que seja feita uma sessão extraordinária, ainda em dezembro, para aprovar a alteração da Lei Complementar n.190, de 22 de dezembro de 2011. A intenção, de acordo com documento a que a reportagem teve acesso, é driblar as limitações de benefícios financeiros e bônus (penduricalhos) destinados aos servidores comissionados que inflam seus salários para quase três vezes o teto, considerando o salário do Chefe do Executivo.
Como mostramos recentemente aqui no TeatrineTV, a gestão Lopes fez um grande cabide de empregos por onde escoa o dinheiro público e por outro lado deu calote em editais culturais e áreas sociais previstas no orçamento anual do município.
Para barrar a lei repleta de imoralidade, o advogado Márcio Almeida, que tenta há meses na Justiça fazer com que a prefeita Adriane Lopes pague a diversos servidores vantagens salariais já previstas em leis há anos em vigência, ajuizou ação popular no último dia 13 de dezembro.
A lei que estabeleceu a criação do bônus, definido como adicional de função tributária pelo Valor do Desempenho Coletivo (VDC), deveria contemplar exclusivamente os 120 auditores fiscais da prefeitura, mas Adriane a editou por meio de um projeto à Câmara para beneficiar também a "secretária da Pasta", no caso a titular da Sefin, Márcia Hokama.