(22.nov.23) - Parte dos delegados e delegadas eleitos e eleitas para a Conferência Nacional representando Mato Grosso do Sul. Foto:

A IV Conferência Estadual de Cultura de Mato Grosso do Sul, aconteceu de 20 a 22 de novembro, no Teatro Glauce Rocha, em Campo Grande. O evento reuniu delegações de 30 municípios e teve a presença contínua de mais de 300 agentes culturais e pessoas enviadas por prefeitos. O encontro político-cultural elegeu 40 delegados e delegadas que devem levar as demandas culturais do estado à Conferência Nacional em março de 2024.

Conforme apurado pelo TeatrineTV, a votação foi confusa, seguindo métodos pouco claros adotados pela comissão integralmente composta por homens brancos, liderada pelo presidente da Comissão Organizadora e da Executiva da IV Conferência Estadual, Silvio Lobo. Além dele, também 'davam as cartas' na Conferência Civil, o Secretário de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania (SETESCC), Marcelo Miranda, o diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Edu Mendes, e o Fórum Estadual de Cultura (FESC). Previsto no regimento, mas relegado a mero 'participante', também deveria dar orientações na Conferência, membros do Conselho Estadual de Políticas Culturais do Estado de Mato Grosso do Sul (CEPC/MS), mas esse último não teve seus direitos regimentais garantidos.  

(22.nov.23) - Todos os membros da Comissão Organizadora e Executiva, exceto o FESC, conversam com delegado governamental durante a IV CONEC. Foto: Tero Queiroz

Originalmente, conforme o regimento publicado no Diário Oficial (eis a íntegra), a Conferência deveria eleger delegados dentre as personalidades eleitas nas Conferências Municipais. No entanto, por meio de uma articulação interna, o FESC e a Comissão Organizadora e Executiva da Conferência decidiram pela alteração no regimento para também aceitar como delegados, duas pessoas indicadas pelos Colegiados Setoriais. Essa decisão não chegou a constar em Diário Oficial, mas foi ratificada pela plenária na Conferência, que decidiu acolher como delegados pessoas 'escolhidas pelos colegiados' como representantes, ainda que essas não tenham participado ou sido eleitas nas Conferências Municipais.  

Dentre as missões dos agentes na Conferência, estavam: "promover a revisão do Plano Estadual de Cultura – PEC/MS; discutir o papel e o funcionamento do Conselho Estadual de Cultura e do Fórum Estadual de Cultura bem como fortalecer os Conselhos Municipais, Fóruns Municipais, Colegiados Setoriais e as Câmaras Temáticas de Cultura como instâncias de participação da Sociedade Civil na Política de Cultura de Mato Grosso do Sul; potencializar a adesão dos municípios ao Sistema Nacional de Cultura – SNC e a implementação dos Sistemas Municipais de Cultura em todo o Estado", apesar da do desejo, o debate sobre esses pontos foi razo, com os entes interessados mais em serem eleitos e conquistarem uma vaga na Conferência Nacional. O documento final com as propostas efetivadas na Conferência, trouxe poucas medidas efetivas para soluções dos problemas vividos pela cultura sul-mato-grossense.

(22.nov.23) - Membros de uma das regiões durante eleição para delegados e delegadas na IV CONEC MS. Foto: Tero Queiroz

Por não haver regulação regimental de como se dariam os processos de votação, tudo foi 'decidido na hora'. Com isso surgiu um ponto positivo: a conquista de percentual de delegados que representam os povos indígenas, pessoas com deficiência, população LGBTQIAPN+, negros e mulheres. Nesse caso, foram eleitos e eleitas os seguintes representantes culturais civis: 

Indígenas:

• Emerson Fernandes, Nhandeva - Japorã;
• Pedro Luiz, o cacique Terena Pedro Lulu - Aquidauana.

Pessoas com Deficiência:

• Arturo Ardaya - Corumbá;
• Mirella Ballatore - Campo Grande.

População LGBTQIA+:

• Felipe Sampaio - Dourados;
• Sarah Garcia Ferreira - Rio Brilhante.

População Negra:

• Karina Caetano - Corumbá;
• Márcia Gonçalves - Costa Rica;
• Romilda Pizani - Campo Grande.

Por outro lado, como ponto negativo foi decidido na hora, sem previsão regimental, como se daria a escolha dos delegados civis e governamentais na ampla concorrência. A escolha destes acabou sendo feita de maneira regionalizada, isto é, garantindo representantes nas cinco regiões: Central, Conesul, Costa Leste, Pantanal-Bela Vista e Norte. Nesse caso foram eleitos e eleitas as seguintes representações culturais:  

Central

• Ângela Montealvão - Campo Grande
• Jander Gomez - Terenos
• Karla Melo - Campo Grande
• Valter Souza da Silva - Campo Grande

Conesul

• Ednaldo dos Santos - Itaquiraí;
• Gicelma Chacarosqui - Dourados;
• Igor Matheus - Naviraí;
• Zenilda Marques - Caarapó;

Costa Leste

• Ana Flávia de Oliveira - Nova Andradina;
• João Barbosa - Aparecida do Taboado;
• Rafaela Moraes Penha - Nova Andradina;
• Roger Taveira - Ribas do Rio Pardo

Norte

• Ariane Rodrigues - Camapuã
• Fátima Silmara - Sonora
• Paulo Carvalho - Coxim
• Ricardo Porto - Coxim

Pantanal - Bonito

• Dario Neto - Corumbá
• Márcia Rolon - Corumbá
• Marcos Antunes - Bela Vista
• Mayara Martins - Aquidauana 

Representando o poder público, foram eleitas as seguintes pessoas chamadas de "delegados e delegadas governamentais":

Central

• Vitor Samudio - Campo Grande;
• Gabriel Henrique Lima - Aparecida do Taboado*;
• Rosicleia Pulcherio - Naviraí*.

*Como não houve candidatos além de Vitor Samudio representando o setor governamental pela região Central, a comissão organizadora propôs e o plenário aceitou conceder as duas vagas remanescentes para os suplentes que tiveram maior votação dentro das regionais governamentais, o que tornou Gabriel Henrique Lima, de Aparecida do Taboado, e Rosicleia Pulcherio, de Naviraí, delegados pela região central.

Conesul

• Alessandra Tavares - Amambai;
• Joana D'Arc -  Itaquiraí.

Costa Leste

• Heriksen Plesley - Três Lagoas;
• Jurema Nogueira - Água Clara.

Norte

• Girsel Lima de Assis - Camapuã;
• Sidney Afonso Sobrinho - Camapuã.

Pantanal-Bonito

• José Gilberto Rozisca - Corumbá;
• Raquel Xavier - Bela Vista.

Trouxemos a cobertura a cobertura complete no evento. Veja tudo que falamos sobre a IV CONEC/MS: 

•  "Nunca tive nome social respeitado em Mato Grosso do Sul", diz Cifrasol

• "Uma Conferência de Cultura anual seria o ideal", diz Romilda Pizani

• Delegado cultural diz que a FUNAI tira autonomia dos indígenas em MS

• "Falta formação e mapeamento", diz Edu Mendes, chefe da FCMS

• "Um certo amadorismo", diz Paulo Carvalho sobre a 4ª Conferência de Cultura em MS

• "Cultura não pode ser usada como palanque político", diz Fernando Cruz

• 'Interiorização' marca abertura da IV Conferência de Cultura em MS