O candidato à prefeitura de Campo Grande (MS) Beto Pereira (PSDB) foi sabatinado pelo Fórum Municipal de Cultura na noite de 17 de setembro no Teatro do Mundo. Assista no topo!

Além dele, compareceram a sabatina a candidata Rose Modesto (UB) e Camila Jara (PT). A única convidada que faltou foi a atual prefeita Adriane Lopes (PP), que ganhou fama de caloteira no meio cultural após deixar de investir R$ 12 milhões em políticas públicas do setor. 

O Fórum convidou os quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas, para ouvir suas propostas, fazer perguntas e ao final os candidatos assinaram um documento comprometendo em adotar políticas públicas específicas para a classe cultural.

Durante sua participação, Beto Pereira não tocou objetivamente nas dez propostas que há em seu plano de governo (eis a íntegra). Ele iniciou sua apresentação mencionando seu trabalho como deputado federal.  “Temos e assumimos aqui publicamente um compromisso de investir aquilo que preconizado na legislação, inclusive legislação essa que votei em Brasília para termos os investimentos garantidos a cultura. Fico feliz de já termos hoje garantidos para a cultura, para a Lei Aldir Blanc, R$ 5,7 milhões por ano para o município de Campo Grande”, disse.

Em seguida Beto se referiu aos equipamentos culturais erroneamente como ‘estruturas de cultura’. Depois ele criticou não haver teatro municipal na Capital. O candidato, porém, não deixou claro se iria reparar esse quadro de abandonos aos equipamentos culturais.

O candidato a prefeito Beto Pereira. Foto: Reprodução

Beto garantiu que irá executar 1% do orçamento da cidade para a Cultura. O candidato ainda mencionou que caso seja eleito irá atuar em prol de garantir maior acesso aos editais públicos. Ele disse ser importante garantir que todos os anos terão “editais que terão valores crescentes todos os anos, podendo sempre investir cada vez mais”. O tucano falou que para isso poderá buscar “parcerias com o governo e inciativas privadas, que devem sim investir na cultura local”.

O candidato sugeriu ainda que fará mudanças na legislação cultural da cidade. “Nós iremos chamar uma Conferência Municipal para discutir toda e qualquer alteração na nossa legislação. É fundamental a participação de forma democrática para que nós tenhamos um avanço legislativo que garanta que tenhamos uma legislação adequada com aquilo que nós pretendemos e vamos executar”. 

O tucano criticou que os editais ainda sejam analógicos na Capital e falou que é preciso “digitalizar e garantir transparência ao processo seletivo”.

Durante sua explanação, o candidato se referiu a Secretaria de Cultura como ‘fundação’. Não é possível saber se ele se equivocou ou se pretende, assim como Rose Modesto, retomar a Fundação Municipal de Cultura. “Nós precisamos de montarmos dentro da Fundação uma assessoria para aquele que tem ainda dúvidas para montar e instruir bem o seu processo de acesso aos editais. Nós não podemos cercear o direito de participação por amarras conta de burocráticas que trazem hoje dificuldades para aqueles que querem acessar”, disse Beto.

Ainda de acordo com o candidato, o que ele chamou de ‘intervenções’ realizadas em sua eventual gestão cultural, não seriam adotadas de maneira impositiva e unilateral.  “Não existe decisão sozinho. Todas as nossas intervenções vão contar com a participação efetiva do Conselho, do Fórum, dos artistas. Nós não temos  verdade absoluta. A nossa ideia é justamente é justamente fazer e promover cultura para todos”. 

PLANO DE GOVERNO 

A reportagem do TeatrineTV analisou a coocorrência entre o discurso de Beto Pereira na sabatina em relação ao que há de concreto nas suas propostas de governo de iniciativas executivas que adotará para fortalecer a arte e cultura na Capital sul-mato-grossense. 

No documento, Beto promete que fará melhoria da infraestrutura cultural, com a modernização do Armazém Cultural e a revitalização de equipamentos como o Museu José Antônio Pereira e a Biblioteca Pública Municipal. Em nenhum momento ele mencionou essas ações na sabatina, pelo contrário, citou outros equipamentos.  

O tucano também diz no documento que irá "transformar a Esplanada Ferroviária em um polo de formação artística e construir dois novos Centros Educacionais Unificados (CEUs), além de reativar os existentes para promover cursos e eventos nas comunidades". 

Curiosamente, a única proposta de Beto para os editais FMIC e Fomteatro é a 'digitalização'. 

Ainda segundo declara o tucano no plano, ele quer "criar um Festival Municipal da Canção" e festivais itinerantes, como o "Arte na Periferia - que levarão eventos culturais a bairros menos favorecidos". Nesse ponto, vale destacar que a candidata Rose Modesto alfinetou Beto na sabatina explicando que não é preciso "levar arte para a periferia, pois lá a arte está".  

No plano, o tucano também prometeu oferecer "apoio a feiras de arte e cultura e a valorização de artistas locais", como política prioritária. Assim como na sabatina, nesse trecho do plano Beto fala em buscar a iniciativa privada para as ações da secretaria.  

Em consonância com o que disse na sabatina, Beto prometeu no documento "realizar audiências públicas para mapear as potencialidades culturais da cidade". 

Algo que ele não mencionou na sabatina, mas está no seu plano de governo, o sua proposta de "implementar a Caravana da Cultura, oferecendo oficinas em diversos bairros e a criação da Arena Campo Grande, um centro multiúso para eventos, além de uma Feira Nacional de Economia Criativa". 

Leia a íntegra das propostas de Beto Pereira para a Arte e Cultura de Campo Grande: 

1. Infraestrutura cultural:

   • Dotar o Armazém Cultural com melhor acústica e climatização, transformando-o em um hub para eventos e feiras.
   • Revitalizar e modernizar equipamentos culturais, como o Arquivo Histórico de Campo Grande (HARCA), o Museu José Antônio Pereira e a Biblioteca Pública Municipal Anna Luiza do Prado Bastos, criando novos espaços conforme as demandas regionais.

2. Formação e capacitação:

   • Transformar a Esplanada Ferroviária em um polo de formação artística.
   • Construir dois novos Centros Educacionais Unificados (CEUs) e reativar os existentes, oferecendo ações e cursos de formação nas regiões da cidade.

3. Digitalização e acesso:

   • Tornar os editais do FMIC, Fomteatro e o credenciamento de artistas totalmente digitais, aumentando o acesso e democratizando os recursos.

4. Eventos e festivais:

   • Propor a criação do Festival de Canto e Música para revelar novos talentos.
   • Criar festivais itinerantes, como o "Arte na Periferia", para contemplar bairros distantes e comunidades periféricas.
   • Revitalizar ações na Praça do Rádio, como a “Noite da Seresta” e a “Quinta Gospel”.

5. Valorização de artistas locais:

   • Valorizar artistas, grupos e coletivos culturais em eventos promovidos pela Prefeitura.
   • Dar apoio às feiras de arte e cultura, incentivando a exposição e comercialização de produtos locais.

6. Conselho e participação:

   • Fortalecer o Conselho Municipal de Cultura e as Comissões Setoriais, mantendo prêmios existentes.
   • Realizar audiências públicas para identificar potencialidades artísticas e culturais nas comunidades.

7. Caravana da cultura:

   • Implementar oficinas culturais em diversos bairros, abrangendo artes circenses, teatro, dança, capoeira, entre outras.

8. Arena Campo Grande:

   • Criar, por meio de parcerias com a iniciativa privada, a Arena Campo Grande, um centro de convenções e eventos multiuso com capacidade para até 10 mil pessoas.

9. Feira Nacional de Economia Criativa:

   • Promover anualmente uma Feira Nacional de Economia Criativa, com rodadas de negócios e palestras, tanto presenciais quanto online.

10. Incentivo à cultura:

    • Fazer valer o 1% da Cultura previsto na Lei Municipal de Incentivo, garantindo mais recursos para o setor.