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CÂMARA DOS DEPUTADOS

Artistas cobram a oficialização do Dia do Quadrinho Nacional

Data é celebrada informalmente no Brasil desde os anos 80

Por REDAÇÃO* • 07/06/2024 • 15:24
Imagem principal Publicada a partir de 1869, As Aventuras de Nhô-Quim é considerada a primeira história em quadrinhos brasileira Imagem: Reprodução.

Ilustradores e cartunistas foram à Câmara dos Deputados na 5ª.feira (6.jun.24) em defesa da oficialização do Dia do Quadrinho Nacional. Eis a íntegra da sessão: 

Além disso, em reunião com a Comissão de Cultura da Câmara, o grupo cobrou a aprovação da proposta (PL 6060/09) de estímulo fiscal às editoras que publicam quadrinhos brasileiros.

"Compõe-se basicamente de uma série de quadrinhos que, colocados em sequência, contam uma história. É um estímulo enorme à imaginação dos leitores. Os quadrinhos são essencialmente interativos”, defendeu Rick Goodwin, que foi editor de entrevistas do clássico semanário O Pasquim e hoje é colaborador do Instituto Ziraldo. 

 Jornalista e fotógrafo colaborador do Instituto Ziraldo, Rick Goodwin. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados Jornalista e fotógrafo colaborador do Instituto Ziraldo, Rick Goodwin. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

No mundo, o Dia do Quadrinho é celebrado 5 de maio, inspirado no personagem norte-americano Yellow Kid, criado em 1895. Porém, pesquisadores brasileiros encontraram uma publicação bem mais antiga: “As aventuras de Nhô Quim” (foto da capa), uma série de quadrinhos de Ângelo Agostini, que saiu inicialmente na revista Vida Fluminense, do Rio de Janeiro, em 30 de janeiro de 1869. Essa data já é considerada informalmente Dia do Quadrinho Nacional desde os anos 80, com o apoio de cartunistas como Ziraldo, Henfil e Fortuna, entre vários outros.

Dep. Juliana Cardoso (PT - SP) durante Audiência Pública  Debate sobre a instituição do Dia do Quadrinho Nacional. Foto: Bruno Spada/Câmara dos DeputadosDeputada federal Juliana Cardoso (PT - SP) durante Audiência Pública – Debate sobre a instituição do Dia do Quadrinho Nacional. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Nos próximos dias, a deputada Juliana Cardoso (PT-SP), vai apresentar projeto de lei para oficializar a data. “Não é só um simples dia, mas uma forma de também conseguir pensar política pública, com orçamento para que ela possa chegar na ponta”, argumentou a parlamentar.

 Cartunista Integrante do Conselho Editorial do Unidade, Laerte Coutinho. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados Cartunista Integrante do Conselho Editorial do Unidade, Laerte Coutinho. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Atualmente, a legislação (Lei 12.345/10) exige prévio debate público com amplos setores da população antes da proposta de criação de dias comemorativos. Durante audiência na Comissão de Cultura, a cartunista Laerte, com mais de 50 anos de atividade profissional, lembrou que a arte do quadrinho teve papel fundamental na luta contra a ditadura militar e na redemocratização do país. “Tanto é que, quando se deu o fim da ditadura e da censura, a linguagem de quadrinho que prevaleceu e se se espalhou foi a linguagem da sátira, da caricatura, da intervenção política”, afirmou.

MERCADO DIVERSO

Presidente I.M.A.G e uma das responsáveis pelo Troféu HQMIX, Daniela Batista. Foto: Bruno Spada/Câmara dos DeputadosPresidente I.M.A.G e uma das responsáveis pelo Troféu HQMIX, Daniela Batista. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

A presidente do Instituto Memorial das Artes Gráficas do Brasil (Imag), Daniela Baptista, revelou na audiência que batalha para criar um Museu do Quadrinho desde a virada do século, mas a falta de apoio e a baixa preservação do acervo nacional, a impedem de concluir o sonho. Apesar dos desafios, Daniela destacou que o marcado segue se modernizando expandido territorialmente no Brasil. “Estão super profícuos o mercado e a produção das mulheres atualmente, saindo do eixo Rio/São Paulo, o que é maravilhoso: Norte, Nordeste, a produção indígena com as temáticas indígenas, as temáticas do meio ambiente. Todas as pautas estão sendo contempladas”, detalhou.

Audiência Pública  Debate sobre a instituição do Dia do Quadrinho Nacional. Quadrinista - Representante do UNI-VOS, Daniel Esteves Macedo Pereira. Foto: Bruno Spada/Câmara dos DeputadosRepresentante do UNI-VOS, Daniel Esteves Macedo Pereira. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Daniel Esteves Pereira, do movimento “Quadrinistas Uni-Vos”, concordou. “Os quadrinhos talvez sejam o vetor principal, por exemplo, de questões sobre feminismo, antirracismo, LGBTQIA+: vozes diferentes produzindo cultura, o que é muito importante”, opinou. 

Quadrinista Integrante Os Cabrones, Colaborador Revista Pirralha, Geuvar Silva de Oliveira. Foto: Bruno Spada/Câmara dos DeputadosQuadrinista Integrante Os Cabrones, Colaborador Revista Pirralha, Geuvar Silva de Oliveira. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Um exemplo é Geuvar de Oliveira, integrante do Coletivo de Quadrinistas e Ilustradores ‘Os Cabrones’, que dá vazão à cultura afro-brasileira no Tocantins. “A gente quase não vê quadrinhos de pessoas negras. Tem pouca gente, mas não é por falta de capacidade; talvez por falta de oportunidade”, comentou.

CINEMA E ESCOLA

JAL - José Alberto Lovetro. Foto: Redes JAL - José Alberto Lovetro. Foto: Redes 

Os quadrinistas citaram a relevância da arte para o cinema dos Estados Unidos, lembrando que muitos super-heróis de Hollywood nasceram nos quadrinhos.

O presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil, José Alberto Lovetro, mais conhecido como Jal, também citou a relevância da arte para a educação. Lembrou que a ONU já homenageou Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica, pelo estímulo à leitura e à alfabetização. Também falou de pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) que mostrou o papel dos quadrinhos no aprendizado escolar.

Jal ainda contou a experiência própria com crianças e adolescentes da Fundação Casa, a antiga FEBEM de São Paulo. “Eles começaram a desenhar a história deles em quadrinhos. Isso se transformou em uma terapia antiviolência”.

Diversos ilustradores elogiaram a inclusão dos quadrinhos no Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNDE), mas também cobraram maior interlocução com o governo federal.

*Fonte: Agência Câmara de Notícias


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