A prefeita reeleita de Campo Grande (MS), Adriane Lopes (PP), nomeou Edilson Aspet de Azambuja para o cargo de maestro no Centro de Música Ernani Alves Correa, em 11 de dezembro de 2024 (eis).
Entretanto, em 13 de dezembro, a prefeitura retificou o ato, dizendo que ele foi nomeado, na verdade, para atuar como Maestro na Banda Municipal (eis).
Edilson ficou conhecido após ser preso, em 4 de dezembro de 2015, na Operação Fantoche, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Ele foi acusado de cobrar propina para liberar recursos enquanto gerenciava o Fundo de Investimentos Culturais (FIC), da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS). Parte dos seus assessores, também presos na época, confessaram que o crime.
Edilson atuou como gerente do FIC de 2007 a 2014, anos em que recebia o salário base de R$ 3.839,07 e durante sua gestão, teria fraudado a liberação de verbas culturais cobrando propinas dos proponentes.
A Operação Fantoche, investigou ainda o desvio de cerca de R$ 500 mil, revelando que verbas também eram direcionadas para projetos culturais fictícios ou superfaturados, utilizando notas frias para justificar os pagamentos.
A prisão de Edilson ocorreu no Hospital Regional de Ponta Porã, onde ele era o responsável desde 2014, após deixar a FCMS. Na época, o Gaeco cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão Corguinho, Ponta Porã, Bodoquena, Angélica e Aquidauana e na Capital.
Além de sua atuação no FIC, Azambuja também foi coordenador do Circuito Sul-Mato-Grossense de Bandas e Fanfarras em 2012.
Agora, Adriane Lopes promove a nomeação de um indivíduo com tal histórico controverso para um cargo de destaque na cultura campo-grandense.
Toda a movimentação ocorreu no apagar das luzes, poucos dias após a prefeita anunciar a extinção da Sectur, a , mesmo sob protestos dos trabalhadores da arte contrários a medida. rebaixando para Secretaria Executiva
E O PROCESSO?
Os processos contra Edilson são morosos. Exemplo disso é que o Ministério Público em Maracaju tenta citar ele em um processo desde 2020, mas até este ano, o oficial de justiça não conseguiu localizá-lo.
O Ministério Público em Campo Grande, diferentemente, obteve êxito em citar Edilson num processo por crime administrativo que só foi instaurado em 2019, mas se arrasta vagarosamente. Além de Edilson, são acusados de crimes administrativos Onozor Gonçalves Ferreira, dono da Los Fortes Produções e outras 28 pessoas, a maioria servidores públicos.
Nesse processo, o Juiz Ariovaldo Nantes Corrêa proferiu decisão indicando que os requeridos, que são servidores públicos e terceiros, praticaram atos de improbidade administrativa que importam em enriquecimento ilícito. Agora, as partes devem especificar as provas a serem produzidas. Houve também a intimação do procurador de uma das partes para informar o órgão em que sua testemunha é lotada. Houve manifestações do autor, da Defensoria Pública e do Ministério Público. O valor da 'causa' é de R$ 671.915,00.
Edilson também responde a um processo por injúria (ameaça), aberto em abril de 2024. O detalhamento dos processos não são acessíveis, pois estão no chamado 'segredo de justiça'.
SERVIDOR DE 'CARREIRA'
Edilson eis).
não passou a ocupar um cargo na cultura recentemente. Ele participou de um concurso público realizado em 1998 da Secretaria de Administração (Posteriormente ele foi trabalhar na Secretaria de Educação, depois na Secretaria de Saúde, até ser cedido em 2002 para a Fundação Municipal de Cultura (antiga Fundac). Desde então, por muitos anos foi ‘maestro’ auxiliar.
A nível estadual, cultuado como 'amigo dos amigos', ele esteve em cargos nos governos de André Puccinelli e no governo de Reinaldo Azambuja, porém, bastante próximo de Puccinelli.
A nível municipal, nunca deixou de estar lotado, mesmo diante das investigações em 2015, ele recebeu 'afastamento', sem ônus, de 3 anos (eis).
Antes de ser nomeado chefe da Banda Municipal, neste ano, ele estava lotado em um cargo de menor destaque, no Arquivo Histórico de Campo Grande (ARCA), da Sectur, desde 8 de novembro de 2023 (eis). Inclusive, no desempenho dessa função foi advertido pela então chefe da Sectur, Mara Bethânia Gurgel, que o aplicou uma advertência por irregularidades funcionais – leia-se faltas consecutivas ao trabalho e/ou malversação do cargo para benefícios que não os destinados a população (eis).
Em 2024, Edilson também atua como presidente da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB).
Em sua rede social Edilson descreve-se como consultor, palestrante, diz que faz auditorias, que trabalha com ‘administração’, contabilidade, gestão pública, saúde e cultura. Não localizamos nenhuma foto dele ao lado da prefeita, demonstrando ou a prefeita não quis posar para foto com o servidor preso ou Edilson foi indicado por um grupo político amigo para subir aos cargo de chefia.