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Patrimônio Cultural

Fechada, 1ª escola de teatro da América Latina pode desabar

Por Redação • 28/05/2023 • 14:44

A Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Pena, a mais antiga escola de teatro que se tem registro na América Latina e única escola pública de teatro do Rio de Janeiro, está interditada desde o dia 7 de março de 2023 por risco de desabamento.

Fundada em 1908, a escola é administrada pela Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC), com prédio localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro. Parte importante da estrutura da escola é um casarão, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que sofre com o abandono. Os problemas que afetam as condições de funcionamento da escola vão de infiltrações e goteiras a infestações de cupins, portas e janelas quebradas e uma sacada prestes a desabar.

Semanas após a interdição, os Deputados Estaduais Renata Souza e Flávio Serafini (PSOL), enviaram ofício ao Governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), onde foram cobradas ações imediatas contra a degradação das instalações. No mesmo mês, a presidente da Comissão de Cultura da Alerj, Deputada Estadual do Rio de Janeiro, Verônica Lima (PT), se reuniu com a Ministra da Cultura, Margareth Menezes, que disponibilizou a estrutura do Iphan para a comissão.

Uma das mais antigas escolas de teatro do país, a Martins Pena enfrenta crise (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Com o fechamento do prédio histórico, mais de 140 estudantes ficaram sem aulas, fazendo com que o assunto chegasse a uma audiência pública, realizada em 24 de março na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), onde o atual diretor da escola, Rodrigo Marconi, destacou as dificuldades enfrentadas pela instituição.

"O descaso com as dependências da escola e a falta de manutenção adequada que, infelizmente, acompanham a história da Martins, culminaram com uma grande rachadura no casarão da Rua 20 de Abril. Além dos problemas no casarão, todos os outros espaços da escola carecem de reforma, reparos e adequação básica. Não temos pessoal técnico especializado para o pleno atendimento da demanda do curso, faltando na escola desde técnicos de som e luz, marceneiros, costureiras, até bibliotecário, para uma biblioteca com acervo histórico e raro e que se encontra insalubre por conta de contaminação com dejetos de ratos".

Na ocasião, o superintendente do Iphan, Thiago Santos Mathias da Fonseca, explicou que existe um projeto de reforma do prédio da Martins Pena elaborado em 2014. “Agora, fizemos um relatório um pouco mais complexo do que se pretendia, sugerindo algumas etapas para a recuperação, que inclui serviço de manutenção e recuperação, que são imediatos. Mas também há a revisão do projeto de restauração, ou seja, uma atualização, e a terceira etapa será a execução da obra”, explicou.

A reforma, no entanto, depende do cumprimento de procedimentos burocráticos, como o envio de relatório ao Iphan, com a descrição dos problemas encontrados no prédio, o que de acordo com alguns jornais fluminenses, já estaria em andamento.

Com a presença de professores, alunos e ex-alunos na Alerj, a primeira medida anunciada pela FAETEC foi realocar as aulas da Martins Pena no Liceu de Artes e Ofícios, escola que formou Di Cavalcanti e Cândido Portinari, mas que teve parte de suas atividades encerradas no final de 2022.

Foto: Reprodução/ Instagram

Em 27 de março, data que celebra o Dia Mundial do Teatro, diversos artistas e estudantes de teatro passaram a denunciar a situação da Martins Pena nas redes sociais, realizando passeatas em prol da valorização da instituição, com o uso massivo das hashtags #martinssempena e #acasavaicair.

Ato pacífico realizado por estudantes da Martins Pena em frente a Faetec. Foto: Alanes Ayssan/ Instagram

Hoje (28.mai.23) a página da agência de atores Montenegro Talents reacendeu o debate sobre a importância da escola, ao publicar no Instagram o trecho de um vídeo (reels) produzido pela equipe da Deputada Marina do MST (PT-RJ), onde as atrizes Bete Mendes e Cristina Pereira mostram a Martins Pena destruída por dentro enquanto destacam a importância da instituição e cobram urgência nas ações de recuperação da estrutura.

Pelos comentários mais recentes relacionados ao vídeo, que de acordo com a Deputada foi produzido durante uma visita técnica à instituição centenária, é possível observar que a reforma prometida ainda não ocorre conforme o esperado.

https://www.instagram.com/reel/CsYsJrArGpC/?utm_source=ig_web_copy_link&igshid=MzRlODBiNWFlZA==

MARTINS PENA

A Escola Técnica de Teatro Martins Pena foi instituída pelo art. 19 da Lei nº 1167, de 13 de janeiro de 1908 tendo Coelho Netto como fundador e primeiro diretor da instituição. A princípio, a escola era localizada no Instituto de Educação do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e só em 1950 se mudou para o atual endereço, na Rua Vinte de Abril, nº 14. Seu nome é uma homenagem a Martins Pena, teatrólogo considerado o precursor da comédia de costumes no teatro brasileiro.

Nascida com o objetivo de preparar atores e atrizes de maneira teórica e prática, o acesso ao curso técnico de 2 anos e 6 meses sempre foi gratuito, por meio de um teste de habilitação, com cerca de 30 vagas destinadas anualmente a estudantes de ambos os sexos.

Desde a inauguração, a escola foi responsável pela formação de grandes nomes da dramaturgia brasileira, como Procópio Ferreira, Tereza Rachel, Joana Fommm, Tati Villela e Denise Fraga. A extensa lista de professores famosos é composta por muitos nomes: João Ribeiro, Alberto de Oliveira, José Oiticica, Fernando Magalhães, João Barbosa Dey, Cecília Meirelles, Viriato Correia, Delorges Caminha, Heloisa Maranhão, Gustavo Dória, Arlindo Rodrigues, Alexandre Trik, Fernando Pamplona, Antonio Martins, Junito de Souza Brandão, Beatriz Resende, Luiza Barreto Leite, Aderbal Freire Junior, Alcione Araújo, Luiz Mendonça, Paulo José, Sergio Sanz, Edu Lobo, Denise Stocklos, Renato Icarahy, Hermes Frederico Pinho, Nelson Melin, Alberto Chicayban, Charles Kahn, Anselmo Vasconcelos, Tânia Brandão, Antonio Martins, Mona Lazar, Amir Hadad, José Wilker e outros.

Fontes: Agência Brasil, Alerj, Brasil de Fato, Extra e Diário do Rio.


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