O multiartista sul-mato-grossense, Anderson Bosh conquistou um troféu na categoria Liderança Criativa da 4ª edição do Prêmio Brasil Criativo. Ele foi anunciado ganhador em cerimônia na noite da 3ª.feira (24.jan.23), no Centro Cultural de São Paulo.
Bosh concorreu com a proposta de formulação do "Movimento de Moda e Design de Mato Grosso do Sul – Campo Grande, MS".
Mais cedo havíamos mostrado no TeatrineTV que Bosh estava entre os 3 finalistas do prêmio que reconhece projetos e personalidades destaques da economia criativa do Brasil. Bosh foi indicado pela Secretaria de Cultura, Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul e aceito pelo Fórum Nacional de Cultura montado para fazer análise dos melhores projetos ao Prêmio.
“Por mais que eu não acreditasse, as pessoas estão olhando o que a gente está fazendo. Isso foi importante para mim, saber que tem gente nos olhando", comentou Bosh, emocionado ao comunicar que saiu vitorioso na noite de ontem (23.jan.23).
O Movimento de Moda é Design é uma organização social coletiva independente, encabeçada por Bosh, criada em 2020. “Eu sou da Moda, sou do Design e eu queria que esse setor se desenvolvesse. E surgiu o Movimento de Moda de Mato Grosso do Sul, na época da pandemia, por uma inquietação minha... De ver que no Brasil inteiro haveria Prêmios e ações dentro da Lei Aldir Blanc, das reservas que tinham, aqueles auxílios-emergenciais que havia para as pessoas da Moda e do Design no País todo e em Mato Grosso do Sul, praticamente no Centro-Oeste, não tinha... Falei: não, tem alguma coisa errada, vamos estudar! Entrei em contato com o resto do País e vi que poderia, que era possível [criar esse Movimento]. A exemplo de outros lugares, principalmente aqui de São Paulo, onde eu trabalho muito”, esclareceu Bosh.
De acordo com o artista, na época ele queria montar mais que apenas colegiados para a Moda e Design. “Liguei para um, para outro. Liguei para a Carol, enchia a paciência da Carol para ela me passar o contato das pessoas que faziam Moda em Mato Grosso do Sul. Liguei para a Luciana. Falei: me passa o telefone do pessoal que faz Design. Liguei para o Luiz Gugliatto e falei: vamos juntar, vamos unir força! Eu sempre disse para eles, a gente não pode ser apenas colegiado. Colegiado é um braço sistêmico do governo, está ligado ao governo, Fórum, essas coisas.... A gente precisava ser um movimento independente”, explicou.
Segundo o artista, há diferença entre colegiados e movimentos como o que ele encabeça. “Um Movimento, a exemplo do MST, é a união das pessoas mesmo. Não é braço sistêmico de nada, nem está inserido dentro de um contexto de políticas públicas institucionalizadas. É política pública, mas vem do povo, né? Vem da base, vem da concentração, vem da união de todas as categorias... assim a gente se uniu”, detalhou.
Para criar as ações do Movimento, foram montados grupos de discussão via WhatsApp. Foi em razão do seu protagonismo, que Bosh acabou se tornando uma liderança. “Assim colocamos a Moda no contexto geral da Fundação de Cultura (FCMS), da Secretaria de Cultura, da Secretaria de Cultura de Campo Grande (Sectur). Colocamos a Moda nas linhas da Lei Aldir Blanc, nos recursos emergenciais. Colocamos nas feiras que existem na Capital, como Moda e não só como produto manufaturado. Inserimos nos festivais de agenda nacional do governo: Bonito, Corumbá, Campão Cultural”, pontuou.
Após essas conquistas, o Movimento conseguiu realizar a 1ª Semana de Moda Autoral de Mato Grosso do Sul, que Bosh classificou como: “Um evento grandioso, gigantesco! Um evento de R$ 460 mil, para realidade de uma 1ª vez, com nomes nacionais, com trocas nacionais, oficinas, palestras, com envolvimento do Sesi, Senac, Sebrae, Sesc, com envolvimento de todas essas instituições que de alguma forma apoiam a realização de empreendedores e principalmente da economia criativa. E também da Fundação de Cultura, né? Que pagou o evento todo, mais a Secretaria de Cultura (Sectur) que estava lá com a gente também e a iniciativa privada”, destacou.
Para Bosh, o evento da Moda Autoral, que foi comentado em jornais nacionais, chamou a atenção para o seu nome como uma liderança criativa. “Fomos comentado no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo... Eu acho que isso chamou a atenção, para essa liderança. Quem é essa pessoa que movimentou? Sempre vem de uma ideia original. Onde está essa ideia? A ideia estava em mim, saiu dali. Nisso, virei protagonista... eu nunca tive essa intenção, mas minha avó dizia, que quando a gente planta a gente colhe, né?”, considerou.
O artista avaliou que só foi possível o nascimento do Movimento muito porque teve vários agentes que compraram a ideia e trabalharam juntos. “Então, eu acho que hoje estou colhendo algo que plantei lá [no passado]. E o que tenho plantado em conjunto com vários agentes brilhantes, que juntos conseguimos levantar esse Movimento. Não posso deixar de agradecer ao Fábio Touche, o Fabinho Maurício, a Lidiane Lopes, a Nair Gavilan, ao Eduardo Alves, a Emília Leal, o Luiz Gugliato, Douglas Moreira, Edner Gustavo... Agradeço muito a própria Carol Garcia, que foi meu braço direito assim, para tudo. Principalmente no evento da Semana de Moda”, citou.
A premiação dá ao artista a sensação de que começou a ser valorizado pelo seu trabalho na Moda. “É uma mistura de felicidade, de realização e também de reconhecimento. Eu nunca havia tido essa sensação. Eu fiz o 1º Festival Nacional de Teatro de Mato Grosso do Sul, em conjunto com a Universidade Federal e os órgãos de cultura do estado. Eu tinha muita ânsia de que as pessoas de Mato Grosso do Sul vissem teatro e não tinha, né? A gente não via teatro. Eu tinha possibilidade de estar fora, eu vinha muito para São Paulo e Rio para estudar, então, eu via muito teatro. E não tinha com quem dialogar, não tinha com quem trocar e tal, porque era bem distante o teatro que eu pensava para o que se fazia naquela época. E aí eu inventei esse festival para que Mato Grosso do Sul tivesse teatro para troca, mas eu não tive essa sensação de reconhecimento, de retorno. Não tive até hoje, do evento que fiz lá. E fiz o lançamento do abaixo assinado, um projeto meu também, para a criação dos cursos superiores de teatro em Mato Grosso do Sul. Nós fizemos isso e protocolamos através do Ministério Público nas universidades que existiam na época, e a gente conseguiu. Tem em Dourados, tem na UEMS. O Beto levou para a UCDB também, mas aí não implementou, mas implantou uma de Dança... ainda assim, não sinto da comunidade do teatro esse reconhecimento... Diferentemente, hoje aqui na Moda e o Design parece que chegou alguém e me falou: obrigado, por essa iniciativa!".
Para Bosh, o reconhecimento pode criar uma propulsão na economia criativa do estado. “Quem ganha é a Moda e o Design de Mato Grosso do Sul. Visibilidade e principalmente investimento. Eu acredito que na próxima semana da Moda ou na semana de Design, deve haver bastante investimento de fora, porque esse pessoal está de olho. Quem são essas pessoas e o que é esse movimento que tem lá em Mato Grosso do Sul?”, disse.
Além de receber um troféu, até julho de 2023, Bosh ganhará um documentário que contará sua trajetória de 32 anos na arte. Ele é ator, diretor, produtor, roteirista, artista plástico, artista visual, maquiador, cenógrafo, figurinista, estilista, escritor, performer e ativista cultural. “Vai contar essa história e o Brasil vai conhecer a gente. Então, o resultado não é só para mim, enquanto indivíduo, sujeito, criador, artista, militante e ativista, o resultado é para todo mundo!”. Bosh também agradeceu sua mãe Adir e sua avó Angelina: “Que me ensinaram a costurar”.
O multiartista acrescentou agradecimentos aos agentes culturais da Fundação de Cultura, entre eles o ex-diretor-presidente da Fundação. “Agradeço o apoio institucional do Gustavo Arruda – Cegonha, da Katienka, da Soraia, da Ana Carolina, da Carla Velasco e da Irina”. "E também agradeço ao atual diretor-presidente da Fundação de Cultura, Max Freitas”, finalizou.
O Prêmio à criatividade é uma iniciativa é uma realização da Elo 3 e World Creativity Organization, com apresentação da 3M e patrocínio do Sebrae.
O evento também contou nesta edição com apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho de São Paulo, Unesco, Progen, Fórum Nacional de Cultura e parceria institucional da CriaBrasilis.