Em 1ª reunião com a prefeita, Fórum de Cultura cobra R$ 4 milhões em atraso
12 SET 2022 • POR • 22h43A coordenação do Fórum Municipal de Cultura de Campo Grande reuniu-se nesta segunda-feira (12.set.22) pela 1ª vez com a prefeita Adriane Lopes (Patriota). O grupo reivindicou o imediato pagamento de dois principais editais de fomento à cultura da cidade que estão em atraso há quase 1 ano.
São eles: o Fundo Municipal de Investimentos Culturais (FMIC), de R$ 3,2 milhões, e o Programa Municipal de Fomento ao Teatro (FOMTEATRO), de R$ 800 mil. Conforme o 1º cronograma, publicado em diário oficial em 13 de setembro de 2021, a pretensão era iniciar os pagamentos em 1ª de abril de 2022, entretanto, nenhum dos projetos habilitados receberam os repasses.
Um ofício apontando essa cobrança foi lido na mesa e entregue, pelo vice-presidente do Fórum, Nill Amaral. “Vimos por meio deste, solicitar o seguinte: repasse imediato dos recursos financeiros dos profissionais e dos projetos aprovados no edital FMIC e FOMTEATRO, número 1718, de 12 de setembro de 2021”, introduziu.
No ofício, o Fórum também cobrou o lançamento dos editais do ano de 2022, que até o momento não ocorreu: "[Cobramos] o lançamento dos editais FMIC e FOMTEATRO de 2022. Em 10 de agosto fomos recebidos gentilmente pelo secretário de Cultura e Turismo, senhor Max Freitas, onde tivemos a oportunidade de pontuar esses e outros assuntos. Ele nos informou da impossibilidade de se lançar outros editais enquanto não fossem pagos os valores dos editais anteriores. Não vimos respaldo jurídico para essa afirmação”, avisou Nill.
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Por meio do documento, o Fórum indicou que a prefeita eleve o valor do edital FMIC e FOMTEATRO para R$ 8 milhões. “Essa solicitação está em consonância com a promessa do anterior prefeito, senhor Marcos Trad. O mesmo garantiu à classe cultural do município que os repasses dos projetos do FMIC e do FOMTEATRO, bem como dos prêmios Ipê, aconteceriam dentro dos prazos estabelecidos e que num novo edital, aumentariam o valor para R$ 8 milhões”, lembrou.
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Conforme o Fórum, caso não ocorra o lançamento do edital de 2022 ainda neste ano, pode-se dizer que ainda não houve investimento nos editais de cultura por parte do município em 2022.
A presidente do Fórum Municipal de Cultura, Romilda Pizani, disse à Lopes que Campo Grande precisa de maior investimento. “Nós estamos de um recurso que deve ser destinado para a cultura de uma forma que contemple essa classe e a população. Nós estamos aqui trazendo esse documento para que a gente possa ampliar esse debate. Nós percebemos a deficiência que existe no que se refere ao diálogo com os fazedores de cultura e nós precisamos melhorar isso. E entendendo que a senhora acaba de assumir esse posto, é muito legal ter uma mulher nesse posto, parabéns! Então, prefeita, nós precisamos fortalecer esse diálogo”.
A realizadora representante do Fórum Estadual de Audiovisual , Ara Martins, cobrou celeridade nos pagamentos do prêmio Ipê, do FMIC e FOMTEATRO, lembrando que há centenas de profissionais envolvidos em cada projeto. “É uma necessidade de a classe artística receber esses valores para que possam continuar com seus projetos, porque foram feitos planos desde que foram aprovados nos editais em 2021, se contactaram com pessoas, se comprometeram com esses profissionais para realizar os projetos e aí cada um reservou espaço em suas agendas para realizar, e não acontece, sempre mandando para frente, sempre mandando para frente. E aí fica difícil a classe como um todo se profissionalizar e fica difícil manter a própria atividade”, explicou.
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Ara acrescentou ainda que os editais de cultura não geram valores apenas para os profissionais, que acabam gerando renda para toda a população, inclusão social, democratização da cultura que são valores não precificáveis. “Eu estou um pouco cansada, confesso! Cada reunião que a gente participa é uma resposta diferente… então, assim, venho trazer aqui o meu cansaço, que é o de todos!”, completou a realizadora.
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Para Nill, esses atrasos nos editais refletem diretamente na educação cultural da cidade. “Não vai ter esse frescor… Uma cidade que não promove cultura é uma cidade que está sempre um passo atrás”, alertou.
A Conselheira Municipal de Cultura, Carla Rukan, criticou o fato de que para cada artista se inscrever nos editais municipais tem que seguir todos os ritos burocráticos, cumprir prazos, mas a prefeitura não cumpre os prazos dela. “Nós, do lado de cá, termos que trabalhar com essa burocracia toda, sendo que do lado de lá, não nos abraçam! Esse dinheiro era para ter entrado em maio. Não tem condições de fazer nada sem o recurso e já estamos em setembro. É muito complicado a gente trabalhar com a burocracia do lado de cá, com prazos tão apertados, sendo que do lado de lá se ignora os prazos”, apontou.
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Provocada a comentar a explanação dos integrantes do Fórum, a secretária adjunta de Cultura e Turismo (Sectur), Clarice Benites se desculpou pela ausência do secretário Max Freitas e solicitou que a gestora responsável pelo teatro na Sectur, Ângela Montealvão, explicasse sobre os andamentos dos prêmios. “Os prêmios Ipês, primeiro, foi um marco da gestão que passou. Agora, que prazer estar numa mesa gerida por uma mulher, que bom! E que prazer receber também o Fórum, os representantes da Cultura. Porque, Adriane, se Campo Grande — apesar de uma cidade pequena para uma capital e até super interiorana — se Campo Grande tem a cultura que tem, é por conta desses representantes aqui, do Fórum, do Conselho, dos Setoriais, que sempre colocam seus profissionais revezando, que estão numa missão exausta de luta e de conquistas”, considerou.
Montealvão argumentou que o ‘Prêmio Ipê’ é uma conquista da última gestão [Trad]. “A princípio era para ser um prêmio somente do teatro, mas que o Max falou: não, a ideia é importante de abranger novas produções e nós vamos estender isso para as outras linguagens. Do teatro já foi pago, da dança, artes visuais e faltam ainda pagar o audiovisual e a literatura”.
Apesar de sustentar essas afirmações, Montealvão acabou, por fim, assumindo na frente da prefeita: “A continuidade, principalmente dos fomentos prefeita, ela é vital para o giro cultural da cidade. Então, como já foi colocado aqui, é um edital de 2021. Então, assim como o próprio Max na última reunião, a gente reconhece, né? Nós estamos em atraso! É o nosso papel reconhecer. Como a própria Carla colocou, é tão exigente dos proponentes para ser aprovado um projeto, então, cabe a nós reconhecer, nós estamos em atraso, mas dentro daquilo que foi proposto na última reunião, que o Max recebeu os contemplados no auditório da Sectur, se mantém, né, Clarice?”, perguntou Montealvão, recebendo a positiva da secretária adjunta.
A última a falar foi Adriane Lopes. A prefeita iniciou celebrando o 1º encontro com o Fórum dizendo que ‘gosta muito da cultura’. A gestora citou o projeto Todos em Ação por Campo Grande, lançado no aniversário da cidade, como uma ação afirmativa para a cultura. “Chamei o Max e a Clarice e disse: olha, o Todos em Ação por Campo Grande tem que ter a área da Cultura”, garantiu.
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Lopes comprometeu-se em receber e responder o documento entregue à ela pelo Fórum. “Eu vou receber o documento e vou dar uma resposta, peço uma semana. Vou buscar uma resposta para cada assunto e vou responder uma a um”, prometeu.
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No documento entregue pelo Fórum, foi cobrado a flexibilização de artigos no edital do Reviva Mais Campo Grande. De acordo com a prefeita, a equipe da Sectur irá estudar uma maneira de atender o anseio, que inclui a permissão da participação de proponentes inscritos por Comprovante de Situação Cadastral (CPF) e também estudar uma maneira de flexibilizar a duração das apresentações, generalizada em 1h. Falamos recentemente sobre esse edital de R$ 1,2 milhões aqui no TeatrineTV.
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