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FLORES E BICHOS

Exposição homenageia Galvão Pretto com obras inéditas e retratos do Pantanal

Vernissage lotou ao som do afrojazz na Casa de Ensaio

25 ABR 2025 • POR TERO QUEIROZ • 16h18
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Mostra segue até 23 de junho na Casa de Ensaio, em Campo Grande (MS) | Foto: Tero Queiroz

A exposição “Flores e Bichos: A Leveza na Arte de Galvão Pretto” foi inaugurada na noite desta quarta-feira (23.abr.2025) na Casa de Ensaio, em Campo Grande (MS). A abertura contou com a presença de familiares, artistas, público e um show ao vivo de afrojazz conduzido pelo percussionista Jorge Aluvaiá, que ambientou a noite de vernissage com sonoridades afro-brasileiras e arranjos autorais.

Foto: Tero Queiroz | TeatrineTVJorge Aluvaiá conduziu a percussão durante show de afrojazz | Foto: Tero Queiroz

A mostra apresenta ao público um recorte sensível e inédito do trabalho do artista plástico Galvão Pretto, falecido em 2023, que teve sua produção marcada pela representação de animais do Pantanal, flores e cenas do cotidiano sul-mato-grossense. Com técnicas mistas que incluem colagens feitas a partir de revistas, esculturas com espuma e peças recicladas, a exposição evidencia a fase mais leve e poética do artista.

Foto: Tero QueirozObras de Galvão Pretto estão expostas na Casa de Ensaio | Foto: Tero Queiroz

A curadoria reuniu obras que ainda não haviam sido apresentadas ao público. Destaque para esculturas de capivaras, jacarés, peixes, cachorros e garças, feitas com materiais reutilizados durante o período em que o artista enfrentava limitações de saúde. Segundo a viúva e idealizadora da exposição, Jacy Curado, muitas dessas peças foram concebidas na pandemia, quando Galvão já não podia mais utilizar tintas. “Aqueles cachorrinhos ele fez quando estava doente, na cama. Ficava enchendo de espuma, costurando. [...] O artista morreu, mas a obra não morre. E vai depender de quem ficou responsável. E eu fiquei responsável por cuidar da obra dele”, afirmou.

Foto: Tero QueirozCuradoria reuniu obras inéditas de Galvão Pretto | Foto: Tero Queiroz

Jacy também destacou a importância de manter o legado artístico vivo: “Um artista, quando morre, deixa um acervo. Se não tem quem cuide, esse acervo acaba. Então é preciso fazer circular a obra.”

A montagem da exposição foi conduzida por Celestre Curado, produtora e galerista, que explicou a proposta de apresentar uma faceta menos conhecida do artista. “A gente pegou a leveza dos Galvões. Ele também tinha o direito de pintar coisas leves. É uma visão diferente dele. Muitas dessas obras são inéditas”, explicou.

Foto: Tero QueirozNa Casa de Ensaio, público poderá apreciar obras inéditas de Galvão Pretto | Foto: Tero Queiroz 

A mostra, que ocupa todos os ambientes da Casa de Ensaio, inclui também peças pertencentes a coleções particulares. Segundo Celestre, a ideia é dar continuidade ao projeto com novas exposições a cada dois meses.“A Casa de Ensaio é uma ONG e cedeu o espaço. A ideia é montar um novo espaço expositivo para artistas. Mas montar exposição tem custo. A gente precisa de patrocínio”, ressaltou.

CERRADO, COLAGENS E CRÍTICA SUTIL

Foto: Tero QueirozIlva Canale e Jacy Curado | Foto: Tero Queiroz

A escultora e arte-educadora Ilva Canale, que acompanhou o processo criativo do artista, comentou sobre a diversidade de técnicas e o simbolismo das obras.“Durante a pandemia, ele se enraizou mais aqui. Pegou a ideia dos bichos e das flores. Isso aqui é onde a gente anda, o que a gente respira”, afirmou.

Ilva também apontou a ironia presente em algumas colagens e a dualidade que o artista expressava“Quando você olha, são animais rústicos, que até assustam. Mas quando você pega, é uma leveza. Acho que ele queria passar isso também”.

Foto: Tero QueirozExposição conta também com esculturas produzidas por Galvão Pretto | Foto: Tero Queiroz

Segundo ela, Galvão tinha uma mente inquieta e era apaixonado por transformar o ordinário em arte:“Ele dizia: ‘Vê isso aqui que eu fiz!’ Estava sempre inventando. Tinha uma mente inquieta, mas um jeito calmo. Era impressionante”.

ABERTA AO PÚBLICO

Foto: Tero QueirozPúblico pôde interagir com a obra de Galvão Pretto | Foto: Tero Queiroz

A exposição “Flores e Bichos” permanece em cartaz até o dia 23 de junho. A entrada é gratuita e as obras estão disponíveis para aquisição. Parte das peças pertence ao acervo da família e outra parte está à venda.

Interessados podem visitar a Casa de Ensaio, na capital sul-mato-grossense, durante o horário de funcionamento do espaço.