Projeto Olubayo leva cinema à Associação Quilombola Família Cardoso
Antes de ir para Nioaque, o projeto levou o cinema para Furnas do Dionísio
20 FEV 2025 • POR TERO QUEIROZ • 18h33
O projeto "Olubayo – Cinema nas Comunidades Quilombolas" acontecerá no sábado (22.fev.25) na Associação Quilombola Família Cardoso, em Nioaque (MS).
De acordo com os organizadores, as sessões cinematográficas terão início às 19h e contarão com os filmes: Fábula da Vó Ita, de Joyce Prado; Bonita, de Mariana França; Luzes Debaixo, de Tero Queiroz; Águas, de Raylson Chaves; e Jardim de Pedra – Vida e Morte de Glauce Rocha, de Daphyne Schiffer.
Idealizado por Bartolina Ramalho Catanante, a professora Bartô, presidenta do Grupo de Estudos e Trabalho Zumbi (TEZ), o projeto ‘Olubayo’ celebra os 40 anos do TEZ. Bartô reforçou a importância das sessões, que tiveram início na primeira semana de fevereiro em comunidades quilombolas de MS e seguem até abril desse ano. “O cinema dentro das comunidades quilombolas é um resgate. É um olhar sobre si, sobre nossa trajetória e nossa força. Cada filme exibido fortalece a autoimagem da população negra, trazendo para a tela histórias que dialogam diretamente com a nossa ancestralidade”, explicou Bartô.
Antes de ir para Nioaque, o projeto levou o cinema para Furnas do Dionísio. Na ocasião, a estudante campo-grandense Cristiane Oliveira teve a oportunidade de assistir aos filmes e destacou a importância das narrativas contadas por pessoas negras. “Eu gostei muito, principalmente porque foram olhares negros sobre as histórias, falando sobre autoestima, vivências das mulheres, identidade e comunidade. Mesmo passando pela dor, pelo racismo, pela falta de oportunidade, elas se encontraram e se fortaleceram. Eu não sou quilombola, sou da periferia de Campo Grande, e por acaso estava aqui hoje. É muito bonito ver esse foco de alegria vindo para a comunidade negra, nós negros falando para pessoas negras. Forte, bonito demais”, comentou Cristiane.
A diretora do filme Bonita, que integra o projeto, Mariana França, celebrou a chegada das narrativas pretas e femininas às comunidades de MS. “As mulheres negras carregam histórias de resiliência e beleza. Ver nossas narrativas ganharem espaço dentro dos territórios quilombolas é fortalecer a autoestima coletiva”, disse.
O projeto Olubayo recebeu R$ 200 mil de incentivo ao ser contemplado no edital da Lei Paulo Gustavo, por meio de edital da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS). A íntegra. Cada filme selecionado recebeu um cachê de R$ 3 mil para cedência dos respectivos filmes para exebição.
QUILOMBOLA FAMÍLIA CARDOSO
O Quilombo Família Cardoso, em Nioaque-MS, foi reconhecido como remanescente de quilombo pela Fundação Cultural Palmares (FCP) pela Portaria n° 43/2005. O conceito de comunidade quilombola está previsto na Constituição de 1988 e no Decreto nº 4.887/2003, que define esses grupos como descendentes de negros que resistiram à escravidão.
As comunidades quilombolas mantêm tradições culturais e vivem, principalmente, de recursos naturais. Muitas estão localizadas em áreas rurais, mas também existem em zonas urbanas. O reconhecimento oficial visa preservar sua história e memória, além de reconhecer os direitos dessas comunidades.
O TEZ
O Grupo de Estudos e Trabalho Zumbi (TEZ), fundado em 1985, foi a primeira entidade do movimento negro em Mato Grosso do Sul. O grupo atua no combate à opressão e às desigualdades sociais, com foco em debates sobre as questões raciais e na promoção da diversidade na educação infantil.
Ao longo de 40 anos, o TEZ se tornou uma referência, inspirando outros movimentos negros e fortalecendo o protagonismo negro no estado.
Neste ano, o TEZ celebra seu legado com o projeto Olubayo, que resgata a história afro-brasileira e conecta as novas gerações à ancestralidade por meio do cinema.
Para mais informações sobre o projeto siga a página do Instagram (@olubayo_cinemanegro).