FALSO: Adriane Lopes não foi responsável por trazer a Rota Bioceânica para Campo Grande
Durante o debate, Adriane se apresentou como responsável por trazer o projeto para a capital, contudo, essa informação não é verdadeira.
23 OUT 2024 • POR CAMILA ZANIN • 17h01As duas candidatas que disputam a prefeitura de Campo Grande no segundo turno, a atual prefeita Adriane Lopes (PP) e Rose Modesto (União), foram ao debate nesta segunda-feira (21) pelo jornal MidiaMax. O debate foi realizado no auditório do CREA-MS, com transmissão multiplataforma e ao vivo para todo o Mato Grosso do Sul, com mediação da jornalista Cristina Serra.
O primeiro bloco contou com temas sorteados, e foram discutidos, em perguntas, respostas, réplicas e tréplicas, um total de 8 temas: impostos, assistência social, meio ambiente e urbanismo, infraestrutura, saúde, corrupção e transparência, educação e, por fim, desenvolvimento econômico e emprego.
Aos 45 minutos do debate, Adriane foi questionada pela adversária, Rose, sobre investimentos em empresas na capital. Em resposta, Adriane declarou: “Desenvolvimento econômico é prioridade. Eu trouxe para Campo Grande a Rota Bioceânica Eu fiz de Campo Grande a capital da Rota Bioceânica”.
O TTVChecaZap, agência de verificação do TeatrineTV, checou a determinada declaração de Adriane, pois a fala gerou repercussão e dúvida nas redes sociais. O TTVChecaZap é apoiado pelo projeto "Diversidade nas Redações 3: Desinformação e Eleições", promovido pela Énois e patrocinado pelo Google News Initiative.
A declaração da candidata é falsa. A prefeita Adriane Lopes não foi responsável por trazer a Rota Bioceânica para Campo Grande, pois o projeto é uma iniciativa de integração regional que envolve a participação de diversos países (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile) e está sob a responsabilidade principal dos governos federais e estaduais.
A execução do projeto e sua viabilidade dependem de acordos internacionais e da construção de infraestrutura, como rodovias e aduanas, que também são de responsabilidade dos governos federais.
Reinaldo Azambuja, ex-governador do Mato Grosso do Sul, e Eduardo Riedel (PSDB), atual governador, desempenharam papeis fundamentais na viabilização desse projeto. Sob a liderança de Azambuja, diversas obras de infraestrutura foram realizadas, como a pavimentação de rodovias e a construção da ponte entre Porto Murtinho (Brasil) e Carmelo Peralta (Paraguai).
Campo Grande, devido à sua localização estratégica, naturalmente se tornou um ponto importante no projeto. A administração municipal, sob o comando de Adriane Lopes, está envolvida em ações complementares, como o desenvolvimento da infraestrutura urbana e a preparação da cidade para se beneficiar da rota. Entretanto, reitera-se que a decisão e a estruturação da rota vieram de níveis superiores de governo, não sendo algo iniciado ou trazido diretamente pela gestão municipal.
Por mais que Adriane tenha sido eleita presidente do Comitê Gestor dos Municípios da Rota Bioceânica, e inaugurado o primeiro escritório da Rota Bioceânica em Campo Grande (2023), o papel da gestão da prefeita, assim como o de outras administrações municipais envolvidas, é mais de suporte e preparação local para que a capital possa se beneficiar do projeto.
Assim, embora o tema tenha sido abordado no contexto do desenvolvimento econômico da cidade, a atual prefeita não é responsável por trazer a iniciativa a Campo Grande, como discursou no debate. O papel da prefeitura, sob sua gestão, foi principalmente de apoio e facilitação, mas o projeto em si já estava em andamento antes de sua administração.
PROJETO DA ROTA BIOCEÂNICA
A Rota Bioceânica, que conecta Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, ganhou destaque no Mato Grosso do Sul, com Campo Grande como uma peça central. O projeto visa criar um corredor logístico entre os oceanos Atlântico e Pacífico, facilitando o escoamento de produtos, especialmente para o mercado asiático. Reinaldo Azambuja, ex-governador do Mato Grosso do Sul, e Eduardo Riedel, atual governador, desempenharam papéis fundamentais na viabilização desse projeto. Sob a liderança de Azambuja, diversas obras de infraestrutura foram realizadas, como a pavimentação de rodovias e a construção da ponte entre Porto Murtinho (Brasil) e Carmelo Peralta (Paraguai).
Para chegar até esse momento, Zeca do PT (José Orcírio Miranda dos Santos), ex-governador do Mato Grosso do Sul (1999-2006), teve um papel importante no início das discussões sobre esse projeto. Durante seu mandato como governador, Zeca articulou a participação do Mato Grosso do Sul no projeto, reconhecendo a importância estratégica do estado como ponto de passagem para essa rota internacional. Ele foi um dos primeiros líderes políticos da região a promover a ideia de uma rota que ligasse os oceanos, compreendendo seu impacto positivo para a economia local, especialmente no agronegócio e na exportação de produtos brasileiros para mercados asiáticos.
Zeca do PT também trabalhou em colaboração com governadores de outros estados e autoridades dos países vizinhos para desenvolver parcerias e projetos de infraestrutura que viabilizassem essa conexão rodoviária. Embora a Rota Bioceânica tenha se consolidado após seu mandato, ele ajudou a lançar as bases e fomentar o diálogo sobre a importância da integração regional durante seu governo.
No Brasil, a coordenação da Rota Bioceânica é liderada pelo governo federal, através de órgãos como o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Infraestrutura, que coordenam os acordos internacionais e a execução das obras de infraestrutura nas estradas federais e nas fronteiras. A articulação entre os países é feita também no nível federal por meio de reuniões bilaterais e multilaterais.
No âmbito estadual, Mato Grosso do Sul tem um papel fundamental no projeto, pois a cidade de Campo Grande é um ponto estratégico de conexão dentro da rota, que passa pelo estado em direção ao Paraguai. O governo estadual está envolvido em obras de infraestrutura e parcerias que ajudam a viabilizar a passagem da rota pelo território. O estado tem trabalhado para desenvolver seus próprios projetos logísticos, como estradas e ferrovias, para conectar melhor Campo Grande com o resto do país e com os países vizinhos, fortalecendo sua economia regional.
Campo Grande é um ponto chave na Rota Bioceânica porque serve como um dos maiores polos logísticos da região. Vale lembrar que o projeto impulsiona a economia local, uma vez que as empresas de transporte, comércio e serviços terão benefícios diretos com a melhoria das rotas de exportação. Além disso, a capital pode se consolidar como um hub logístico, com infraestrutura adequada para suportar o aumento do comércio internacional que a rota proporcionará.