Logo TeatrineTV

ECOSSISTEMA VITAL

Onça 'Gisele Bündchen' alerta para a devastação do Pantanal

Em muitas culturas, as onças-pintadas são reverenciadas como animais espirituais

16 OUT 2024 • POR TERO QUEIROZ • 09h25
Imagem principal
Gisele. Crédito da foto: Benjamin James/Journey with Jaguars

Na tentativa de chamar a atenção para os incêndios que devastam o Pantanal, uma onça-pintada recém-identificada foi batizada de "Gisele" em homenagem à renomada ambientalista e supermodelo Gisele Bündchen.

Segundo o projeto Jaguar ID, a iniciativa não se trata apenas de uma homenagem, "mas sim de um apelo urgente pela proteção e restauração desse ecossistema vital".

Em um encontro quase mágico, o fotógrafo de vida selvagem Benjamin James, da organização Journey with Jaguars, capturou a imagem de "Gisele" apenas 24 horas após ser contatado por Luciana Leite, Defensora da Biodiversidade e do Clima da Environmental Justice Foundation (EJF), para encontrar um novo exemplar. "Parecia que o universo estava se alinhando", refletiu Benjamin. "Em muitas culturas, as onças-pintadas são reverenciadas como animais espirituais. Acredito que essa onça se revelou para nos ajudar em nossa luta para salvar o Pantanal".

Onça Gisele. Foto: Benjamin James/Journey with JaguarsOnça Gisele. Foto: Benjamin James/Journey with Jaguars

Entretanto, a história de "Gisele" é permeada de incertezas. Identificada em agosto no Parque Estadual Encontro das Águas, a onça já enfrenta riscos, pois aproximadamente um terço da área do parque foi consumido pelas chamas em setembro, de acordo com dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da UFRJ/LASA.

O projeto Jaguar ID monitora as populações de onças-pintadas no Pantanal desde 2015 e disse que busca "entender os impactos do fogo e da seca na sobrevivência desses animais majestosos e de seu habitat". 

"Os incêndios que assolam o Pantanal não são apenas uma ameaça às onças-pintadas; eles afetam a todos", afirmou Abbie Martin, fundadora e diretora do projeto Jaguar ID. "Estamos testemunhando o colapso de um ecossistema que sustenta inúmeras espécies e do qual todos dependemos para capturar o carbono da atmosfera. Isso exige atenção e ação imediata em escala global". 

Apesar de sua importância vital, o Pantanal tem sido ofuscado por outras crises ambientais, como o desmatamento na Amazônia. Somente em 2024, cerca de 2,3 milhões de hectares foram consumidos pelas chamas, representando a destruição de aproximadamente 15% do bioma. Imagens de animais mortos e feridos têm sido compartilhadas por equipes de resgate em um esforço para encontrar sobreviventes em meio à devastação, segundo a EJF.

Luciana Leite ressaltou a gravidade da situação: "Desde 2020, vimos quase um terço do Pantanal destruído por incêndios. Estamos lutando para trazer à tona essa catástrofe, mas os desafios são imensos e os recursos são limitados. Esperamos que essa conexão simbólica entre duas Giseles, uma onça-pintada e um ícone global, ajude a atrair a atenção urgente necessária para salvar este ecossistema insubstituível".

À medida que a luta pela sobrevivência do Pantanal se intensifica, a história de "Gisele" não é apenas um relato sobre a vida selvagem; é um chamado à ação. O futuro do bioma, e das espécies que nele habitam, depende de um esforço coletivo e urgente para mitigar os impactos das mudanças climáticas e da degradação ambiental.

Mirando resultados, o Jaguar ID utiliza ciência cidadã para construir um banco de dados sobre as onças-pintadas. "A esperança se mantém viva na busca por soluções para preservar esse ecossistema único", finalizam.