'Curupira pantaneiro' defende bioma de bilionário extraterrestre
Filme de realizador sul-mato-grossense estreia no MIS
7 AGO 2024 • POR TERO QUEIROZ • 23h19Estreia no Museu da Imagem e do Som em Campo Grande (MS), às 19h desta 5ª.feira (8.ago.24), o filme "Curupira - O Herói da Mata", dirigido por Gustavo Santana.
O média-metragem de animação de 33min24seg, foi produzido com R$ 146.460,00 oriundos do Fundo de Investimentos Culturais (FIC-MS), por meio de edital realizado em 2022 pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. Eis a íntegra.
Segundo Santana, o enredo apresenta o folclore brasileiro com uma mensagem ecológica, com a missão de se conectar ao público infantil. “É passar a mensagem de preservação, principalmente para as crianças. Usando um personagem tão popular quanto o Curupira, acredito que temos mais chances de criar empatia com o público”, avaliou.
No trama, o Curupira, lendário protetor das florestas, usa suas habilidades sobrenaturais para defender o meio ambiente de um bilionário e sua organização vinda do espaço. "A trama central gira em torno de uma ameaça iminente: uma corporação extraterrestre liderada pelo bilionário Maun planeja devastar o Pantanal em busca de energia. O Curupira, então, une forças para salvar seu habitat e enfrentar os inimigos", adiantou a produção num release enviado à imprensa.
O embate entre o ser da mata e o bilionário, porém, não é a única investida do roteiro. "É uma história com aventura e ação. Tem batalhas, mas também momentos emotivos. Tecnologia vs. tradição! Um bilionário que vê a natureza simplesmente como uma fonte de riqueza, e o Curupira a vê como sua casa, e há outras questões também, que acredito que cada pessoa que assistir vai interpretar de uma forma", observou Santana.
A animação é da produtora Barca Produções, e a ficha técnica completa envolve 11 artistas que deram vozes dos personagens, tem mais 12 profissionais na Produção e outros 3 profissionais de acessibilidade. Eis a íntegra da ficha:
Vozes dos Personagens:
- Curupira - Maicon Drummond;
- Kauane - Raquel Stainer Charão;
- Mestra Arara Albina - Ariadne Romero;
- Maun - Pedro Henrique Duarte;
- Tucano Rodolfo - Guilherme Godoy;
- Yara - Tayná Campos;
- Maranis - Áurea Eu;
- Aquiles - Wellington Ribeiro;
- Astolfo - Silvio José;
- Mailson - Tiago Amorim de Ganjes;
- Rádio/Computador de bordo - Willian Souza.
Produção:
- Direção de Voz Original - Gustavo Santana.
- Casting - Marcelo Mac e Raquel Stainer Charão;
- Assistente de Produção - Adeilton Santana;
- Produção Executiva - Rosimeire Bertolin;
- Criação e Direção - Gustavo Santana;
- Supervisão de Storyboard e Animatic - Gustavo Santana;
- Storyboard e Animatic - Bruna Real Carvalho e Mirian Silva;
- Setup - Marco Antônio;
- Edição - Gustavo Santana e Gabriel Farias;
- Direção de Arte - Gustavo Santana;
- Ilustração de Cenários - Well Souza;
- Design de Personagens/Props/Rigging - Gustavo Santana;
- Direção de Animação - Gustavo Santana;
- Animação - Gustavo Santana e Davi Machado;
- Modelagem 3D - Henrique Negoseki;
- Argumento/Roteiro - Gustavo Santana;
- Trilha Sonora - Jessé Ratier;
- Desenho de Som - Lucas Ortiz;
- Estúdio de Gravação de Voz - Studio Rec Digital;
- Técnico de Som/Mixagem/Masterização - André Catella;
- Assessoria de Imprensa - Ana Paula Ostapenko.
Acessibilidade:
- Legendagem para Surdos e Ensurdecidos - Comunique Acessibilidade LTDA;
- Intérprete de Libras - Felipe de Jesus Sampaio;
- Audiodescrição - Comunique Acessibilidade LTDA.
ANIMAÇÃO EM MS
Em entrevista ao TeatrineTV, Santana considerou que entregar o filme ao grande público é um momento de realização pessoal e profissional. "Acho que a maior conquista é mostrar que, apesar de o MS ser um estado longe de ser bom para a produção audiovisual, ele possui pessoas capacitadas para produzir conteúdo de qualidade", anotou.
O realizador destacou que produzir animação em MS é enfrentar a desvalorização de mercado e a inexistência de políticas de incentivo específicas. "Não é fácil fazer uma animação sem incentivo e sem perspectiva nenhuma. Animação é uma arte muito complexa, cheia de camadas diferentes. A maior dificuldade é que não existe um mercado nem incentivo de parte alguma. A desvalorização total do profissional animador, quando te pedem um serviço, querem te pagar uma miséria. Eu acho que podemos melhorar nesse sentido criando mecanismos e categorias em editais específicos para animações", pontuou.
Santana explicou que o pequeno recurso acessado no edital público viabilizou o filme, mas está distante de ser um valor ideal. "Não posso dizer que não foi importante, mas, se eu não conhecesse artistas maravilhosos que acreditassem no projeto e aceitassem receber muito menos pelo que vale seu trabalho, eu não teria conseguido terminar este filme. Foram quase 2 anos de trabalho incessante", detalhou.
Conforme o diretor, a possibilidade de acesso ao Fundo de Investimentos Culturais cria possibilidades de fortalecimento do audiovisual em MS, mas não é algo que pretende repetir. "O FIC é bom, ainda longe de ser algo satisfatório, muito burocrático e cansativo; este será meu primeiro e último FIC. Sacrifiquei meses para mostrar que somos capazes; agora espero que haja mais espaço para animação e que possamos pagar com dignidade o trabalho de todos. O 'Curupira, o Herói da Mata', é uma daquelas loucuras que a gente só faz uma vez na vida, mas alguém sempre tem que puxar a fila para mostrar para os outros que também é possível", concluiu.