Com calibre 12, pistoleiros avançam contra indígenas em MS
Os autores dos ataques seriam 'capangas' de fazendeiros
3 AGO 2024 • POR TERO QUEIROZ • 16h27Indígenas que buscam a retomada de território onde encontra-se instalado o “Sítio José Dias Lima”, na Estrada Itaporã/Douradina, Km 13 (Lindeira da Missão Evangélica Unida), Zona Rural, no município de Douradina (MS), denunciam ataques de pistoleiros armados com calibre 12.
Circulam em grupos de mensagem, vídeos de diversos indígenas feridos a tiros por um ataque realizados às 15h deste sábado (3.ago.24). Os autores dos ataques seriam ‘capangas’ de fazendeiros.
A Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani (Aty Guasu), confirmou que os feridos são membros Guarani Kaiowá da retomada Panambi-Douradina (MS), que foram alvo de “um grupo de pistoleiros das fazendas”.
Segundo apurado, ao menos 8 indígenas foram gravemente feridos. Uma sobrevivente do ataque, que terá o nome preservado, relatou à reportagem do TeatrineTV como o grupo armado agiu. “Foi um cenário muito aterrorizante. Isso aconteceu à tarde, as duas e cinquenta e seis, eu marquei a hora. Quando os pistoleiros e os fazendeiros chegaram, tinham vários carros e vieram sem piedade. Vieram sem pensar duas vezes, soltaram fogos de artifício e no meio desses foguetes, eles dispararam com as armas de fogo. E no meio de tudo isso tinham várias crianças correndo e não sabiam para onde ir. Tinha jovens, mas os jovens agora tão se sacrificando pela terra. Nós vamos resistir, nãos vamos desistir tão fácil assim”, declarou.
Ainda segundo a sobrevivente, o temor é que em meio a resistência e continuidade dos ataques criminosos, vidas inocentes sejam ceifadas. “Nós vamos ficar e pode acontecer mortes, de novo. Pode acontecer morte! Desculpe alguma palavra errada, por causa que eu estou muito assustada. Eu nasci e cresci em retomada, eu já presenciei assassinatos e é muito, muito assustador. A minha preocupação é as crianças, menor, recém-nascidas”, comentou.
Conforme a indígena, os feridos são em grande maioria pessoas que reagiram. “Quando a gente ouviu os foguetes, os carros vieram com tudo. Tinha mulheres correndo, homem enfrentando, tentando defender seu território”, relatou.
Apesar de haver forças federais no local, a inércia dos agentes, não está evitando os ataques dos pistoleiros. “A Força Nacional esteve aqui, mas não tão fazendo nada. Nós estamos nos sacrificando pelo nosso território”, lamentou.
O Ministério Público Federal (MPF), é aguardado no local, mas ainda não compareceu. A sobrevivente revelou que além de feridos, há desaparecidos. “Tem 4 desaparecidos... estamos esperando o Ministério Público Federal que até agora não chegou. Estamos com medo, muito medo, mas se atacarem de novo estamos prontos para enfrentar”, concluiu.
IMAGENS FORTES
Imagens mostram jovens indígenas ensanguentados e em vídeos há outros feridos sendo carregados.
“São mais de 8 indígenas, mulheres , crianças, idosos feridos gravemente”, disse um post realizado no Instagram da Aty Guasu.
“É mais um massacre de Guarani Kaiowá na terra indígena. Pedimos ambulância e equipe médica. Os pistoleiros das fazendas continuam disparando armas de fogo contra a vida das famílias indígenas. Pedimos justiça”, completou a Assembleia. Assista:
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— TeatrineTV (@teatrinetv) August 3, 2024
ASSÉDIO EM IGUATEMI
Além de Douradina, indígenas em Iguatemi (MS), denunciaram que a Polícia Militar estaria realizando uma espécie de assédio contra lideranças. Um vídeo mostra uma liderança sendo abordada por PMs, não sendo possível, porém escutar o teor da abordagem.