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GENOCÍDIO NA PALESTINA

Artistas, políticos e ativistas pedem a Lula ruptura de relações com Israel

Wagner Moura, Gil, Chico e a filha de Olga Benário estão entre signatários da carta

1 JUN 2024 • POR TERO QUEIROZ • 08h53
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Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, entrega Prêmio Camões ao cantor e escritor Chico Buarque, em Lisboa, Portugal, 24 de abril de 2023 [Ricardo Stuckert/Presidência da República]

Um grupo de artistas, políticos e intelectuais enviou uma carta aberta ao Presidente Lula (PT), na 5ª.feira (30.mai.24), pedindo que o Brasil rompa relações com Israel devido ao recente genocídio em Gaza.

A carta destaca o massacre ocorrido em Rafah, no domingo (26.mai.24), desobedecendo ordens do Tribunal Internacional de Justiça.

Entre os signatários da carta estão personalidades como Wagner Moura, Chico Buarque, Gilberto Gil, e outros artistas, políticos e ativistas de destaque no Brasil.

“Estamos convencidos, querido presidente, que é hora de nosso país se juntar às demais nações que romperam relações diplomáticas e comerciais com o Estado de Israel, exigindo o cumprimento das decisões que garantam o fim do genocídio e a autodeterminação do povo palestino”, diz o documento entre ao chefe do Executivo Federal. 

Apesar dos alertas em todo o mundo, Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde 7 de outubro, deixando ao menos 37 mil mortos, 80 mil feridos e dois milhões de desabrigados. A maioria das vítimas são civis, mulheres e crianças palestinas.  

QUEM MAIS ASSINA A CARTA

Entre as personalidades judaicas está Anita Leocadia Prestes — filha de Olga Benário, militante comunista morta em um campo de extermínio nazista em 1942 —, além de Bruno Hubberman, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC—SP) e ativista do grupo antissionista Vozes Judaicas por Libertação (VJL); Markus Sokol, dirigente do Partidos dos Trabalhadores (PT); e Breno Altman, jornalista e fundador do Opera Mundi.

A carta reúne também os ex-ministros Luis Carlos Bresser-Pereira, que chefiou a Fazenda (1987), Administração e Reforma do Estado (1995/1998) e Ciência e Tecnologia (1999); Paulo Vannuchi, Secretaria de Direitos Humanos (2005/2010); e Eugênio Aragão, chefe da Justiça no governo de Dilma Rousseff (2016).

Na área política, estão João Pedro Stédile, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Manuella Mirella, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), assim como José Dirceu e José Genoíno, ex-presidentes do Partido dos Trabalhadores.

Somam-se ainda os eminentes escritores brasileiros Milton Hatoum e Raduan Nassar — vencedor do Prêmio Camões, em 2016 —, além dos jornalistas Chico Pinheiro — ex-âncora do programa Bom Dia Brasil, da TV Globo — e José Trajano — apresentador do Canal Brasil e cofundador da ESPN nacional.

Na área acadêmica, estão Salem Nasser, professor de Direito Internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV—SP), Arlene Clemesha, professora de História Árabe da Universidade de São Paulo (USP), Reginaldo Nasser, professor de Relações Internacionais da PUC—SP, e Francirosy Campos Barbosa, professora de Psicologia Social na USP—Ribeirão Preto.

LEIA A ÍNTEGRA DA CARTA

Estimado presidente Lula,

Antes de mais nada, queremos saudá-lo por seu comportamento sempre firme e coerente em solidariedade ao povo palestino, denunciando reiteradamente o genocídio do qual é vítima, especialmente suas mulheres e crianças.

O Brasil tem apresentado seguidas propostas para o cessar fogo na Faixa de Gaza e a solução de dois Estados estabelecida por resoluções internacionais. Graças ao seu governo, somos uma das nações que reconhecem, no âmbito das Nações Unidas, a soberania e a independência da Palestina.

No entanto, a crescente violência imposta pelo governo Netanyahu, com ataques desumanos e cruéis contra civis, obriga o mundo a ir além de gestos e propostas diplomáticas, como já debatem diversos países da União Europeia e outras regiões.

O governo Netanyahu viola abertamente deliberações emanadas da Corte Internacional de Justiça, colocando-se à margem do direito, além de desrespeitar o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral da ONU.

Recentes ataques contra um acampamento de deslocados em Rafah, no sul de Gaza, com dezenas de inocentes assassinados, demonstram claramente inaceitável desprezo à ética humanitária.

Estamos convencidos, querido presidente, que é hora de nosso país se juntar às demais nações que romperam relações diplomáticas e comerciais com o Estado de Israel, exigindo o cumprimento das decisões que colocam fim ao genocídio e garantem a autodeterminação do povo palestino.

Essas medidas, adotadas por nosso país e sob uma liderança de sua envergadura, certamente serviriam de exemplo a outros governos e constituiriam uma imensa contribuição para que se encerre essa carnificina insuportável.