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'INTERESSES ESCUSOS'

Família e fã-clube não apoiam tributo a João Carreiro em MS

Antigo escritório e viúva estariam comandando tributo

27 MAI 2024 • POR TERO QUEIROZ • 13h14
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O sertanejo João Carreiro. Foto: Douglas Melo (Fumaça)

A família do cantor sertanejo João Sérgio Batista Corrêa Filho, conhecido pelo nome artístico João Carreiro, falecido aos 41 anos em 3 de janeiro deste ano, disse que não apoia o "Tributo Comitiva JC" marcado para ocorrer em 12 de junho, durante o Brasileirão de Laço Comprido, no CLC, em Campo Grande (MS).

Segundo os familiares, o movimento é organizado por um antigo escritório de João, que, no entanto, não consultou os familiares do artista: “A família não sabia do tributo, soubemos através da mídia... Esse escritório assessorou o João enquanto vivo na carreira na parte de shows, não na parte de marcas, a parte de marcas do João, eu e os advogados de São Paulo é que fazíamos toda a parte de marcas dele, dos direitos autorais”, esclareceu uma familiar e assessora.

Ainda conforme a parente de João, por hora ninguém pode usar a marca do artista. “Antes do falecimento dele ninguém poderia falar por ele e pelas marcas dele, porque existe um processo em andamento para isso. Após o falecimento dele, menos ainda. Tudo que o João autorizou em vida há alguns. Explico: o João vivo é uma ordem, o João tendo falecido é outra ordem. A pessoa que responderá por ele será a inventariante”, disse a assessora, pontuando que o inventário está sendo discutido na justiça da Capital de MS. “Até que saia essa decisão ninguém pode fazer nada, ninguém pode fazer nada nem em forma de homenagem. O que aconteceu foi que a ex equipe que assessorava o João, que não pode responder por ele atualmente, criou esse evento junto com a Francine, criaram esse evento em forma de homenagem para lançar um álbum inédito que o João estava por lançar”, detalhou.

De acordo com o apurado pela reportagem, a ex-esposa de João, Caroline Comparim, mãe da filha única do sertanejo, também não foi comunicada sobre o tributo. “A família do João, descendente, apoia a Caroline Comparim e a filha e única herdeira do João (que não autorizaram o evento, não da forma que está sendo proposto). Francine não responde por nós e nem pelo João!”, garantiu a manifestação da família ao TeatrineTV, mencionando a viúva de João, Francine Caroline. 

“A Francine não provou o que ela é do João até hoje, está na justiça, então ela não tem autorização legal para nada, não queremos expor e nem escândalos com o nome dele, mas esse evento em si já é um escândalo”, observaram os familiares. 

O escritório mencionado é a UP Artista, por meio da qual Diego Dinis convocou diversos artistas para lançamento de um álbum contendo produções de João:  "Os artistas convidados irão colocar a voz em músicas inéditas do João Carreiro, que deixou muito material pronto e que estamos terminando de catalogar. A gravação será um novo álbum com o trabalho do João. O tributo será muito especial e uma homenagem mais que merecida”, divulgou Dinis à imprensa. 

“Com o falecimento dele [do João], esse álbum (inédito) entra dentro do espólio de inventário, então ninguém pode lançar nada em nome dele... Com esse evento eles estão tentando, em forma de homenagem, lançar o álbum inédito para depois distribuir isso, ou seja, lucrar com isso. E usando ainda vozes de pessoas de alto apreço na música sertaneja, essas pessoas estão achando que estão fazendo uma homenagem ao João... A família, pai, mãe e irmãs não estavam ciente, não estão de acordo, sabendo de tudo isso que está por trás dos possíveis interesses do interesse do evento. Sem legalidade e autorização da família do João, somente a Francine e esse escritório que não responde mais pelo João, estão sendo responsáveis por isso”, completou a porta-voz da família do artista. 

O TRIBUTO

O tributo está programado para ocorrer durante o Brasileirão de Laço Comprido 2024, que tem início em 8 e segue até 16 de junho.

No dia do tributo, 12 de junho, está prevista a inauguração e abertura para visitação de uma estátua de 7 metros em alusão ao João Carreiro, que ficará dentro do Parque do CLC. A estátua foi produzida por Juvenal Irene, artista que fez o Jeromão, estátua localizada em Barretos (SP).

Estariam confirmados para o Tributo Comitiva JC: Fred e Fabrício; João Lucas e Walter Filho e João Nelore e Texano. Eis os cards divulgados no Instagram da Up Artista:

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Alguns jornais divulgaram uma lista maior de sertanejos que, porém, ainda não confirmaram presença. 

A Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), ligada a Secretaria de Esporte, Turismo e Cultura (Setesc), é mencionada como 'apoio' do evento. A reportagem não localizou nenhum despacho no Diário Oficial de recursos destinados ao 'Tributo JC'.  

“TÁ BAGUNÇADO, MAS TEM GERÊNCIA!”

João Carreiro e Cleusinha. Foto: ArquivoJoão Carreiro e Cleusinha. Foto: Arquivo

Cleusa Araújo, chamada carinhosamente como Cleusinha por João Carreiro, foi categoricamente contrária ao evento. “Eu e a maioria dos fãs clubes não apoiamos, não. Porque a família do João Carreiro tinha que ser comunicada desse evento e não sei por que a razão de não serem comunicados”, apontou ela, que acompanhou João Carreiro desde o começo da carreira dele. 

Com 65 anos, Cleusinha comanda um fã clube do João no Facebook e Instagram com cerca de 110 mil membros. “Eu comando os fãs clubes do João desde 2015, que foi quando eu tive celular que pegava Facebook e WhatsApp. Então, eu acompanho desde 2015, antes disso, eu acompanhava pelo notebook. Depois, eu comprei um celular aí formei o grupo do João de fãs de verdade, ele sabia desse grupo, apoiava e agradecia. Ele tinha um carinho muito especial pelos fãs”, lembrou.   

 “O João sempre amou a família dele. Tudo que o João fazia a família sabia, ele comunicava a família. Então, eu acho um desrespeito a viúva estar fazendo esse evento sem o consentimento, sem comunicar, sem convidar a família dele que é pai, mãe e irmãs... E principalmente, a tutora da filha dele que é a ex-esposa Carol. Então, o João não ia gostar disso! E outra, a estátua que fizeram para ele não se parece com ele, nada! Isso é uma falta de respeito com os fãs, as famílias, porque o João tinha pai e mãe, irmã, filha e ninguém está respeitando a memória do João”, protestou Cleusinha.

“Eu penso comigo e a maioria dos fãs também pensam que essas músicas inéditas que o João deixou escrita somente cabe a filha dele, com a mãe que é a tutora dela e a família do João, que é a mãe, o pai, as irmãs... Eles que tinham que fazer isso, né? Não uma viúva que morou com ele um ano e dois meses querendo tomar tudo que é dele. Ela já vendeu a maioria das coisas que eram do João, então a gente não concorda. E eu acho que o João também não concordaria com isso, porque isso não vem pelo jeito do João, que era bruto, rústico e sistemático. E como ele mesmo falava: tá bagunçado, mas tem gerência!”, refletiu. 

OUTRO LADO

A reportagem enviou mensagens à Francine para ouvir as manifestações dela acerca da polêmica, mas até a publicação deste conteúdo não obtivemos retorno.

A UP artista não atendeu as tentativas de telefonemas. A reportagem enviou mensagens à Diego Dinis, mas até a publicação do conteúdo as mensagens não foram respondidas.   

O espaço segue aberto para futuros posicionamentos das partes.