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CENTRO CULTURAL

Mãe denuncia expulsão do teatro devido a barulhos de bebê de 9 meses

Espectadora diz ter sido constrangida por diretor no Teatro Aracy Balabanian

12 ABR 2024 • POR TERO QUEIROZ • 20h46
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Mãe esteve com Niara na delegacia para registrar um Boletim de Ocorrência contra o diretor teatral Nil Amaral. Fotos: Reproduções

Lohanna Chrystye de Lima Messias, de 25 anos, denunciou que foi ‘expulsa’ do Teatro Aracy Balabanian na 5ª.feira (11.abr.24), durante sessão do espetáculo “Todo Redemoinho Começa com um Sopro” da Associação Cultural Oficina de Interpretação Teatral (OFIT).

De acordo com a mãe, a situação ocorreu porque ela estava com sua filha, Niara, de 9 meses.

Segundo relatou a mãe, inicialmente tentaram dificultar a entrada dela no local, negando ingresso. “Primeiro a Ludmila Muller tentou pegar ingresso para mim e foi informada pelo diretor que não era permitida a entrada de bebês. Ela indagou o porquê e ouviu que bebês choram e isso atrapalha”, contou indignada Lohanna em sua rede social.

Então, a expectadora e uma amiga insistiram que não havia impedimento de ela assistir o espetáculo com seu bebê, mas a pessoa no guichê insistiu que eram ordens do diretor.

Diante disso Lohanna solicitou falar com o diretor, mas isso lhe foi negado: “está ocupado”, disseram.

Sem alternativa, a mãe buscou falar com a Coordenadora do Centro Cultural, Luciana Kreutzer e enquanto aguardava um amigo falar com Luciana, Lohanna recebeu um ingresso da mão de pessoas que viram a situação e revoltados, cederam o ingresso para ela. Só assim o diretor de teatro Nill Amaral falou com Lhohanna, para cobrar que ela não ficasse na frente da plateia. A mãe, então, se sentou bem no fundo com Niara.

Na ocasião, Nill teria avisado a mãe a evitar que a filha fizesse barulhos, pois o espetáculo estaria sendo filmado. “Fomos uma das últimas a entrar, ocupamos a última fileira no canto direito. Antes de começar o espetáculo a Niara estava inquieta, querendo chorar. Dei peito! Nisso o diretor veio até nós: ‘lembra do nosso combinado?’”.

Notando o constrangimento da amiga Giovanna Sosa respondeu ao diretor que elas sairiam caso a bebê chorasse. “Niara acalmou e ficou entretida com um brinquedo. Minutos depois Nill volta: ‘acho que você vai ter que sair’. Respondi que não sairia. Niara não estava chorando. Ele respondeu que ela estava fazendo barulho. Reafirmei que não sairia. Ele se sentou ao lado da ‘Sosa’ e ficou nos olhando”, narrou a mãe.

Incrédula com a atitude do diretor e extremamente constrangida, com a voz embargada, Lhohanna se levantou e gritou: “Estou sendo expulsa da sala de teatro pelo diretor, pois estou com uma bebê”, protestou com a voz embargada e trêmula.

“Me senti coagida e por isso eu saí da sala”, completou a mãe em entrevista ao TeatrineTV.

Então Nill levou a espectadora até a saída do teatro dizendo que “não precisava daquilo”. O diretor ainda teria acusado a mãe de fazer “baixaria”. Veja as declarações da mãe na rede social: 

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Após ouvir críticas de uma mulher que assistiu toda a situação, Nill teria recuado, pedido desculpas e justificado que devido à estreia estava nervoso. O diretor teria tentado corrigir a situação oferecendo um ingresso para a mãe assistir ao espetáculo nesta 6ª.feira (12.abr). No entanto, Lhohanna se negou a aceitar tal convite após o episódio ao qual foi submetida. "Fiquei constrangida, não esperava ser convidada a me retirar do espetáculo, principalmente pelo diretor da peça. Costumava frequentar o Teatro Aracy Balabanian na adolescência, antes do seu fechamento em 2016. Foi a primeira vez que fui até lá desde a reabertura. Assisti a outros espetáculos com minha filha no Sesc Cultura, na Afonso Pena, e nunca havia passado por situação semelhante", desabafou Lohanna.  

OUTRO LADO

Procurado pela reportagem, Nill preferiu não se manifestar pessoalmente e orientou que o repórter buscasse sua assessoria.

Por meio de nota enviada pela assessoria, Nill responsabilizou a mãe por não ter observado a classificação indicativa. "Foi um caso isolado devido a uma falha na conferência da classificação indicativa por parte da espectadora. Reforçamos que nosso trabalho é recomendado para maiores de 12 anos, conforme divulgado em nossos canais", apontou a nota.

Diferentemente do que sugere a nota do diretor, a Classificação Indicativa (ClassInd) é um processo democrático que informa sobre a adequação de conteúdos para diferentes faixas etárias, garantindo o direito de escolha das famílias e protegendo o desenvolvimento psicossocial de crianças e adolescentes, conforme estabelecido pela Constituição, ECA e Portaria do Ministério da Justiça. Essa medida não constitui censura nem substitui a decisão familiar. Na prática, informar que é para maiores de 12 anos não impede que mães e pais levem crianças de 8, 7, 6 ou até de meses de vida a qualquer espaço público para assistir a um espetáculo.

Ainda segundo a nota, Nill teria procurado Lhohanna após supostamente espectadores se incomodarem com supostos barulhos feitos pela bebê. "Entendemos que houve questionamento devido à presença de uma criança de colo e nos colocamos à disposição para que a espectadora pudesse assistir ao espetáculo. Realizamos uma conversa com ela e nos prontificamos a discutir sobre a importância da classificação indicativa", argumentou o diretor em nota.

"Além disso, consideramos parcerias para viabilizar sessões específicas para mães e bebês, com ambiente adequado para crianças. Estamos comprometidos em proporcionar a melhor experiência ao nosso público e promover um diálogo aberto sobre questões relevantes como essa", completou.