Cultura Hip Hop de MS obtém conquistas nos Eixos e vaga na Conferência Nacional
Corumbaense foi eleito delegado para representar os hip hopers de MS em Brasília
27 NOV 2023 • POR TERO QUEIROZ • 22h05O professor universitário de Literatura brasileira, Dário Neto, de Corumbá (MS), foi eleito delegado na IV Conferência Estadual de Cultura (IV CONEC) de Mato Grosso do Sul, realizada de 20 a 22 de novembro em Campo Grande (MS). Ele será representante do movimento Hip Hop na Conferência Nacional, em março de 2024, em Brasília.
Dário disse que envolveu-se com a Cultura Hip Hop em 1998, no município de Guaianases (SP), onde nasceu. Ele passou a estudar linguagens artísticas pertencentes ao Hip Hop em 2016 e mudou-se para Corumbá em 2019.
No final do evento, pouco antes de embarcar para retornar à Cidade Branca, Dário celebrou sua eleição como delegado cultural e se autoproclamou liderança do Movimento 50 Anos Hip Hop em MS. “A galera se mobilizou bem, tivemos participações significativas, várias propostas estão contemplando o Hip Hop como cultura, e isso é fundamental, um salto qualitativo. E vem em sintonia com o Movimento 50 Anos Hip Hop, que eu inclusive fui quem iniciei esse movimento aqui em Mato Grosso do Sul, isso lá em março. E nessa toada do Movimento 50 Anos do Hip Hop, que nós nos fizemos presentes nas Conferências. E aqui no estadual muita gente, mas infelizmente fui o único delegado, queria que tivesse mais, mas conseguimos ao menos indicar um, que era o propósito e também conseguimos aprovar várias propostas atendendo os interesses do movimento cultural Hip Hop”, disse, em seguida se despediu para pegar o ônibus.
Conselheira Municipal de Culturas Populares em Campo Grande, hip hoper e Servidora Pública da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Lidiane Lima, era uma das representantes do Hip Hop presentes na Conferência. Ela contou à reportagem que a luta do movimento na IV CONEC foi em busca da distinção entre a Cultura Hip Hop, Culturas Populares e Culturas Periféricas. “Na última Conferência houve uma intenção de pensar nas periferias, nas culturas populares, mas como a Cultura Hip Hop não ocupa bem esses espaços, que não eram acolhedores para nós, a qual hoje a gente se sente bem-recebidos. A gente sente falta de que usem as nomenclaturas corretas para as Culturas Periféricas e Hip Hop. Então, a nossa luta aqui é que a gente coloque Cultura Hip Hop em todo e qualquer Eixo que tiver. Porque as Culturas Periféricas são muito amplas e acaba nos prejudicando, porque as Cultura Hip Hop ela já é muito complexa. Já é um sistema cultural com várias linguagens, é passada de geração em geração, com gíria, moda, tudo isso. Então a gente veio aqui dar continuidade a um legado, para que daqui em diante a gente seja acolhida com mais especificidade”, esclareceu.
Para Lidiane, a conquista de espaço na Conferência sul-mato-grossense permitirá um debate mais aprofundado de como definir a Cultura Hip Hop, que está obtendo expressivas conquistas político-culturais. “Temos ganhos federais para o Hip Hop, na questão do orçamento, conseguimos ficar entre os mais votados pela população no PPA Participativo. A gente vê que a Construção Nacional do Hip Hop está mobilizando ministérios na área da Saúde, Educação, Habitação – com a cedência de espaços públicos – com a Comunicação também, além, lógico, com o Ministério da Cultura. Então, assim, é muito orçamento que vem e a gente precisa ter o conceito da Cultura Hip Hop bem clara, explícita, para os agentes culturais governamentais ou não, conseguirem trabalhar aqui localmente. Porque só Culturas Periféricas e Culturas Populares, tivemos nos últimos 12 anos alguns empecilhos que nos prejudicaram na caminhada”, observou.
Lidiane lamentou que encontros como Conferências sejam exclusivamente presenciais, pois isso, segundo ela, impede uma participação democrática. “Na minha visão, essas sistematizações deveriam ser feitas como foi no PPA, publicizar as decisões, e dar um tempo para que a comunidade periférica possa votar. Porque, Conferência, nesses dias da semana, durante o dia? A comunidade periférica é formada por trabalhadores CLTs, não conseguem estar aqui participando presencialmente, somos muitos e muitos, mas poucos que podem estar aqui. Eu acho que deveriam criar um mecanismo na última fase, de elencar as prioridades, deveriam criar um método mais inclusivo. Da mesma forma que alguns de nós não pode, acredito que os aldeados talvez não possam, então é preciso encontrar uma maneira que permitisse que todos participassem”, opinou. Vamos lembrar que o delegado cultural indígena, apontou também que a falta de autonomia dos povos originários, em relação a FUNAI, os impediu de comparecer em maior número à Conferência.
A hip hopper finalizou dizendo que acredita que as propostas conquistas da IV CONEC MS vão render frutos político-culturais extremamente positivos para a Cultura Hip Hop. “Agora acho que vai dar certo, foram votadas aqui muitas propostas citando a Cultura Hip Hop e as nossas irmãs, também, a Cultura LGBT e a Cultura Reggae. Eu acredito que a partir de agora teremos novas páginas, mais definidas, com a periferia em alta, que o que viemos aqui buscar”. Ela ainda completou revelando qual foi a maior conquista do movimento na IV CONEC MS. “A gente respeita muito os old school e eles pediram: deixa lá a palavra Cultura Hip Hop. Não deixa ficar só Culturas Periféricas e Culturas Populares, que é algo muito amplo. E a gente sai feliz porque conseguimos incluir em alguns eixos. E na próxima Conferência queremos estar mais felizes e estar com mais ação e mais ações para o Hip Hop colhendo o que estamos plantando aqui”, concluiu.