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'5º AFRONTA - PRETINHOSIDADE'

"Quando a gente tá junto, pensando, vivo, é a revolução", diz Nego Max

Um dos maiores nomes do Rap nacional realizou um show eletrizante em Campo Grande

27 NOV 2023 • POR TERO QUEIROZ • 19h12
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(25.nov.23) - Nego Max se apresenta no 'Afronta - Pretinhosidade' (5ª edição) realizado na Praça do Preto Velho em Campo Grande (MS). Foto: Tero Queiroz

Um dos maiores nomes do Rap nacional, o rapper paulista Nego Max, de 34 anos, foi a atração principal do '5ª Afronta – Pretinhosidade', realizado no sábado (25.nov.23). Quando ele subiu a palco, por volta das 21h, o público rapidamente se envolveu com a performance musical e flow do artista.  

Nego fez um show eletrizante e ao final desceu para os braços do público onde executou a 'saideira'.

O artista contou ao TeatrineTV que começou em 2010 a se envolver com rimas, inicialmente focado em sintetizar ideias para levar mensagens companheiros da comunidade na região periférica e interiorana de Taubaté (SP). “Comecei através da dança, aí o Rap veio logo na sequência, o Freestyle, a letra, escrever, tá ligado? O Rap pra mim, o que mais me atraiu em fazer rap, mano, é saber que eu tinha o poder de sintetizar coisas que eu achava importantes e passar pras outras pessoas, que se eu fosse chegar pra um parceiro da minha quebrada e desse uma orelhada nele, ele não ia entender, mas se eu falasse através de rima, de freestyle, de Rap, ele entenderia. Essa foi a primeira parte que fez eu me apaixonar por essa cultura. Aí, graças a Deus e aos orixás, a gente veio trabalhando da melhor forma e aquilo que comecei idealizando, de falar com os meus semelhantes ali de perto, foi se espalhando pelo Brasil e pelo mundo e hoje nós tá aqui no Mato Grosso do Sul, cantando num evento lindo desse organizado por mulheres pretas (sic)”, introduziu.

(25.nov.23) - Nego Max durante apresentação em Campo Grande (MS). Foto: Tero Queiroz (25.nov.23) - Nego Max durante apresentação em Campo Grande (MS). Foto: Tero Queiroz 

De acordo com Nego Max, para além de se apresentar, foi um prazer acompanhar a ação cultural desde o início. “Eu tô aqui desde às três horas da tarde e é vogue, é um monte de coisa,  Dj, trans, gay, pretos, todo tipo de gente, com os irmãos se sentindo seguros, se sentindo bem, se sentindo em casa. Ela falou pra mim de algumas coisas que estavam acontecendo aí, de hostilidade e tudo mais em alguns momentos e que hoje foi um evento que conseguiu trazer esse momento onde todos se sintam juntos, organizados, felizes, se protegendo e revolucionando, que é o mais importante (sic)”, disse.

(25.nov.23) - Performance do rapper paulista elevou ainda mais a temperatura do público. Foto: Tero Queiroz (25.nov.23) - Performance do rapper paulista elevou ainda mais a temperatura do público. Foto: Tero Queiroz 

Para Nego Max, eventos como o Afronta resulta no fortalecimento do povo negro e das culturas. “Quando a gente tá junto, pensando, vivo, é a revolução e pra mim é muito louco estar aqui nesse evento, sair lá de Taubaté, no interior de São Paulo, saber que as coisas que eu escrevi há dez, treze anos atrás se comunica com as pessoas aqui e muda as pessoas aqui e a gente tem essa troca sincera (sic)”, avaliou.

(25.nov.23) - Nego Max realizou show eletrizante na Praça do Preto Velho em Campo Grande (MS). Foto: Tero Queiroz (25.nov.23) - Nego Max realizou show eletrizante na Praça do Preto Velho em Campo Grande (MS). Foto: Tero Queiroz 

O artista ainda considerou que devido a conexão com a verdade vivida pelas pessoas, em cinquenta anos, o Hip Hop conquistou a preferência musical do público brasileiro. “Isso já diz muito, a gente é a resistência, é o anti, é o contra o sistema, tá ligado? Não é à toa que hoje em dia é o ritmo mais ouvido da atualidade, não é à toa que muitas pessoas periféricas pretas, tem mudado mentalmente e até socialmente através da nossa cultura. Expandir isso em outros lugares, poder ter essa experiência de colar nos interiores e ver como é que as pessoas se organizam. Me reconheço no lugar de interior também, só que o meu interior é perto da capital, então as nossas dificuldades não são as mesmas, mas, mesmo assim, eu me conecto mais com os interiores daqui, por exemplo, do que com a capital de São Paulo, por exemplo. A importância de estar movimentando e resistindo, porque é isso, se não tivermos resistindo não estaríamos vivendo esse momento lindo igual a gente viveu hoje, de várias pessoas curtindo, trabalhando, expandindo a cultura, expandindo a mente e eu só tenho a agradecer de fazer parte disso e sempre que puder estarei aqui e em qualquer outro lugar, porque pra mim, o Rap, o Hip hop, ele acontece na rua, o rap e o Hip Hop acontece dessa forma... Da hora negro com dinheiro, balada, festivais, mas acho que é isso, mano, se o Rap não existir nesses lugares, na rua,  não faz sentido pra mim (sic)”, disse.

(25.nov.23) - Nego Max, no chão, executa a última música da noite apresentada no 5º Afronta. Foto: Tero Queiroz (25.nov.23) - Nego Max, no chão, executa a última música da noite apresentada no 5º Afronta. Foto: Tero Queiroz 

Ao ser provocado a falar do celebrado momento em que desceu para interagir com o público, no chão, Nego Max revelou que o público campo-grandense colaborou para isso. “Sempre que dá, sim [desce ao chão para cantar com o público]. Hoje não tinha como não descer, o pessoal tava na energia, essa música é uma música que eu gosto de chamar todo mundo pra marchar e pular na sequência, tá ligado? Então é uma coisa que eu gosto de fazer sempre, quando a galera tá conectada, como tava hoje, eu meto marcha (sic)”, finalizou.  Veja na galeria alguns momentos marcantes do show de Nego Max em Campo Grande:   

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