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IV CONEC

"Nunca tive nome social respeitado em Mato Grosso do Sul", diz Cifrasol

Representante de Dourados ressaltou a importância de se fazer presente em Conferências de Cultura para conquistar mecanismos legais que preservem direitos

23 NOV 2023 • POR TERO QUEIROZ • 15h26
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(22.nov.23) - Juliana Cifrasol comenta participação na IV Conferência de Cultura de Mato Grosso do Sul (IV CONEC/MS), realizada de 20 a 22 de novembro em Campo Grande. Foto: Tero Queiroz

A produtora cultural e MC de batalhas, Juliana Cifrasol, representou o Colegiado Setorial de Minas e LGBTQIAPN+ da Cultura HIP HOP na IV Conferência de Cultura de Mato Grosso do Sul (IV CONEC/MS), realizada de 20 a 22 de novembro, no Teatro Glauce Rocha, em Campo Grande.

MC majoritariamente articulada em batalhas de rima, rodas culturais, no Sul, Centro-Oeste e Sudeste, a artistas também é reconhecida por organizar eventos como Parada de Dourados, Saindo da Toca, junto com o Coletivo das Minas na região de Dourados. Cifrasol revelou suas experiências em reuniões político-culturais. “Esse é primeiro ano que eu passo a ter uma consciência de que minha produção artística é arte, de que o que a gente faz é arte. O Hip Hop está nessa discussão de levantamento do cinquentenário, de ser tombado enquanto patrimônio, é fundamento para gente se perceber enquanto potencialidade para reivindicar nossos direitos”, introduziu.

(22.nov.23) - Juliana Cifrasol representou Dourados na IV CONEC/MS. Foto: Tero Queiroz(22.nov.23) - Juliana Cifrasol representou Dourados na IV CONEC/MS. Foto: Tero Queiroz

Para a artista, o avanço nas conquistas de políticas públicas afirmativas devem impedir a continuidade de exploração contra agentes da cultura Hip Hop. “Já participei de muitos festivais e eventos onde o Hip Hop é a cota sem cachê, a galera que fica muito feliz de pôr estar pelo menos fazendo o evento com um público massa e tendo algum registro, só que isso não é dignidade, isso não viabiliza o trabalho de forma alguma. Você consegue fazer isso por 6 meses e no 7 mês você vai morrer de fome”, apontou.   

Cifrasol ressaltou a importância de se fazer presente em Conferências de Cultura para buscar mecanismos legais que preservem direitos. “Estou nesse momento de vir aqui, perceber como os outros setores estão se articulando, se entendendo como movimento culturais e potencialidades políticas, ninguém aqui foi apolítico. E faço questão de reivindicar essas pautas pontuais, tanto enquanto movimento Hip Hop, artes periféricas, quanto trans, transvesti”.  

(22.nov.23) - Transartivista, Juliana Cifrasol celebrou conquistas para comunidade LGBTQIAPN+ dentro do documento oficial que será levado à Brasília. Foto: Tero Queiroz(22.nov.23) - Transartivista, Juliana Cifrasol celebrou conquistas para comunidade LGBTQIAPN+ dentro do documento oficial que será levado à Brasília. Foto: Tero Queiroz

De acordo com a representante de Dourados, dentre as propostas inseridas no documento da conferência está uma que deve sanar um problema sistêmico vivenciado por diversos artistas no Estado. “Eu nunca tive um nome social respeitado nos eventos realizados em Mato Grosso do Sul. Era sempre um problema, uma briga. Sempre parar numa delegacia ou em um lugar bizarro, por coisas que poderiam ser resolvidas só preenchendo um documento, que nem precisa ser um documento”, disse. 

 (22.nov.23) -  Juliana Cifrasol também é estudante de Psicologia na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Foto: Tero Queiroz (22.nov.23) -  Juliana Cifrasol também é estudante de Psicologia na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Foto: Tero Queiroz

Ela destaca que concluiu a Conferência com sentimento de orgulho de seu papel na conquista por direitos culturais e sociais.  “A gente conseguir aqui na Conferência Estadual de Cultura, passar o respeito a acessibilidade PCD, passar uma capacitação, fazer uma reivindicação através do respeito também ao nome social, me dá um sentimento muito, porque eu sinto que as minhas amigas que não aqui não tiveram essa experiência de viver um evento com respeito e dignidade. Então, que pessoas trans travestis estejam pautadas, conseguimos pautar e vamos reivindicar o respeito ao nome social, porque foi colocado em documento que será levado a conferência nacional”, comentou. 

A artista completou celebrando as conquistas políticas e desejando avanços legais que garantam os direitos dos agentes e acesso ao público a diversidade cultural sul-mato-grossense. “Que seja interpretado como produção artística aquilo que está acontecendo, não só pensando no Hip Hop como uma produção setorial, mas pensando na abrangência dessas produções periféricas. É um movimento interligado com todas as produções de arte, é um movimento que transpassa tudo. Então, quando pensamos na comunidade LGBTQIAPN+, quando pensamos em todas as comunidades que ‘copertencemos’, ver que temos capacidade argumentativa e de articulação entre a gente para se colocar numa Conferência Estadual, e nossas pautas estarem presentes e serem encaminhadas, é um sentimento muito bom. Eu não sei quais serão os resultados disso, mas ver essas reivindicações por escrito num encaminhamento oficial, é uma possibilidade de barganha com todas as instituições de cultura locais”, finalizou.

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