Mirella vai à Brasília cobrar política nacional de acessibilidade cultural
Ela denunciou dificuldade no próprio pátio do Teatro Glauce Rocha, que com o piso deteriorado, dificulta sua locomoção
23 NOV 2023 • POR TERO QUEIROZ • 00h58A diretora do Colegiado Setorial Estadual de Acessibilidade Cultural para PCD, Mirella Ballatore, foi eleita como uma das delegadas durante a IV Conferência de Cultura (CONEC), realizada de 20 a 22 de novembro no Teatro Glauce Rocha, em Campo Grande (MS). Portanto, ela deve representar o estado em março de 2024 na Conferência Nacional de Cultura, em Brasília (DF). Dentre 20 delegados e delegadas eleitos e eleitas, apenas Mirela é PCD.
Segundo a diretora, todas as pautas levantadas pelo colegiado envolvem acessibilidade, mas o objetivo principal é conquistar uma política nacional de acessibilidade cultural. “Todas as nossas propostas falam sobre acessibilidade, de qualquer tipo: atitudinal, arquitetônica, cultural, tecnologia assistiva... Porque nós, pessoas com deficiência estamos no meio da sociedade e nós somos plurais e vemos deficiências que precisam ser contempladas também pela cultura”, introduziu.
Como exemplo, Mirela citou a dificuldade no próprio pátio do Teatro Glauce Rocha, que com o piso deteriorado, dificulta sua locomoção. “Para mim, enquanto pessoa com deficiência com uma síndrome rara, que não posso me machucar de jeito nenhum, infelizmente, aqui neste local a acessibilidade é precária”, lamentou.
Para Mirela, uma alternativa para corrigir esses frequentes descasos com as PCDs, é conquistar uma política efetiva em todo Brasil. “Tem que ter uma política nacional, de que qualquer evento que se faça, seja ele cultural, seja educacional, o que for, ele tem que apresentar acessibilidade total. Nós estamos no meio da sociedade e nós temos o direito garantido em Lei de ir e vir. A gente precisa de acessibilidade arquitetônica, principalmente, para gente poder chegar lá e participar do evento”, cobrou.
Coordenador do Colegiado PCD, Felipe Sampaio, de Dourados (MS), apontou que apesar de na Lei Paulo Gustavo terem sido previstas ações afirmativas para as pessoas pretas, indígenas, no entanto, não houve a previsão das ações afirmativas para as pessoas com deficiência. “Tivemos pontuações, autodeclarações, mas não tivemos cota para fazedores, produtores culturais com deficiência e existe uma proposta que a gente fez aqui, que são os editais com acessibilidade comunicacional. Editais em Libras, com intérprete e também audiodescrição, porque a acessibilidade comunicacional para fazedores surdos e fazedores com deficiência visual é uma pauta importante”, elencou.
Presente na IV CONEC, a Subsecretária de Estado de Políticas Públicas para as Pessoas com Deficiência, Telma Nantes de Matos, disse que a legítima cobrança do Colegiado deve ser somada uma mudança no trato de todas as instâncias ligadas a cultura. “O pensamento do gestor, da sociedade precisa se transformar. As pessoas com deficiência devem ser vistas como produtoras e consumidoras de cultura. A cultura, na diversidade das pessoas com deficiência é uma questão de direitos humanos e cidadania, que daí surge um impacto social e econômico para esse povo. ´É um grande público no Mato Grosso do Sul”, considerou.
Mirela complementou dizendo que a acessibilidade vai além do acesso. “Não é só rampa e banheira acessível, acessibilidade engloba a vida da pessoa com deficiência como um todo, então você ter uma política pública que tem a acessibilidade como uma política pública prioritária em todas as obras, em todos os eventos, em todas as articulações, em todas as políticas, sejam elas culturais, no ambiente de trabalho, no estudo, porque se você não tem acessibilidade nem para você sair da sua casa, você não tem como colaborar com o crescimento da sociedade”.
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