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Caixa censura exposição

Caixa censura exposição com Lira no lixo e Bolsonaro defecando

Proposta selecionada no Programa de Ocupação dos espaços da Caixa Cultural 2023/2024

23 OUT 2023 • POR • 20h34
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A Caixa Cultural (programa da Caixa Econômica Federal) censurou, nesta segunda-feira (23 de outubro de 2023), a exposição “O Grito”, que continha a coleção "Bandeira” de autoria da arquiteta-cenógrafa-artista Marilia Scarabello, natural de Jundiaí (SP). A proposta financiada pela instituição do banco público estava disponível para o público em Brasília desde a última terça-feira (17 de outubro de 2023).

De acordo com a Caixa, a exposição "O Grito" foi selecionada no Programa de Ocupação dos espaços da Caixa Cultural 2023/2024. A exposição apresenta 30 obras de 7 artistas brasileiros e “descolonizar Corpos” de Sérgio Adriano H apresenta os processos vividos pela população negra no Brasil.

A EXPOSIÇÃO

"Bandeira" de Marilia Scarabello fotografada por Letícia Pille, do Poder360.

Conforme apurado, "O Grito!" propõe uma reflexão sobre os 200 anos de Independência do Brasil e ocorreria na Caixa até 17/12. Ao cancelar a exposição, a Caixa censurou os trabalhos dos seguintes artistas: Evandro Prado, Paul Setúbal, Yara Dewachter, Élcio Miyazaki, Moara Tupinambá, Gina Denucci e Marília Scarabello.

O Grito teve curadoria assinada por Sylvia Werneck, profissional com diversas exposições realizadas, autora do livro ‘De dentro para fora – a memória do local no mundo global (Ed. Zouk, 2011)’, contemplado pelo I Prêmio para publicações sobre arte em língua estrangeira da Fundação Bienal de São Paulo, e do livro Pensamentos sobre arte (Alter Edições, 2023), contemplado pelo ProAC Expresso Lei Aldir Blanc 50/2021.

A coordenação do projeto foi assinado pela antropóloga e produtora cultural Iara Machado, doutora em arte e cultura da América Latina e especialista em estudos da descolonização da arte e da cultura.

BANDEIRA

Tainan Franco, apresentadora do Francamente-Rádio Difusora e produtora cultural, posa para foto em frente ao mural da coleção "Bandeira" em Itu (SP).
Tainan Franco, apresentadora do Francamente-Rádio Difusora e produtora cultural, posa para foto em frente ao mural da coleção "Bandeira" em Itu (SP).

A coleção de Marilia consiste em uma colagem de inúmeras imagens em pequenos quadradinhos. Os quadradinhos mostram o presidente da Câmara, Arthur Lira, a senadora Damares Alves e o ex-ministro da economia, Paulo Guedes, unidos dentro de uma lata de lixo. Há outro quadrinho que mostra o ex-presidente Jair Bolsonaro, agachado, sem calças e defecando sobre a bandeira do Brasil.

Apesar de a coleção ter sido aprovada pelo banco, após pressão de um veículo de imprensa de Brasília, a instituição ligada à Caixa Econômica Federal decidiu censurar a exposição por supostamente considerar uma “manifestação com viés político”, vetada pelas diretrizes do banco estatal. “Considerando que foi identificada na obra em questão manifestação com viés político, o que fere as diretrizes do programa, a Caixa decidiu suspender a referida exposição”, diz a nota. Eis a íntegra.

QUEM É MARÍLIA

"#NovaFotoDePerfil mas também um jeito de brindar o trabalho novo que está instalado no Estúdio Extraordinário até meados de Julho, em Itu. Minha coleção de bandeiras começou finalmente a sair das telas…cada imagem guarda uma história, por isso tudo é tão significativo", escreveu a artista em maio deste ano em sua conta no X.

Marília é Mestra em Artes Visuais pela Unicamp, especializada em Cenografia Teatral pelo Espaço Cenográfico e graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Ela iniciou sua produção artística em meados de 2013.

De acordo com o site oficial da artista, o trabalho dela transita entre múltiplas linguagens, incluindo procedimentos frequentes de apropriação, com uma pesquisa direcionada às questões que envolvem a ideia de território e sua representação física e metafórica.

No caso da “Coleção Bandeira”, ao mostrar o ex-presidente defecando, a artista faz referência a uma cena protagonizada pela bolsonarista Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, de 67 anos, conhecida como “Fátima Tubarão”, que em 8 de Janeiro integrou um grupo de golpistas que invadiu e depredou as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Ao mostrar Lira, Guedes e Damares na lata de lixo, a artista faz referência a um jargão da oposição que pregava que o grupo de extrema-direita iria “acabar na lata de lixo da história”.

Em resposta a censura, Marília produziu duas bandeiras. Veja: 

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A artista censurada já realizou mais de 20 exposiões desde 2014. Ela também acumula os prêmios:

Marília mantem dois instagrans para o @colecao_bandeira + @coleção_bandeira_2, onde mostra diversas obras. "Coleciono imagens de bandeiras do Brasil manipuladas desde 2016. Desta coleção retiro material para alimentar o trabalho "bandeira", que cresce à medida em que encontro um novo lema inserido dentro da bandeira do Brasil. Este perfil criado no instagram é fruto deste processo de pesquisa e também processo de um novo trabalho. A grande maioria das imagens não possui crédito, são oriundas de envios de prints muitas vezes já fora de seus contextos originais", explicou a artista.