Premiada atriz, Léa Garcia não desistiu de estar no 'palco da vida'
Atriz foi servidora pública da saúde até 1990 para manter a família
22 AGO 2023 • POR • 12h16Léa Garcia (Léa Lucas Garcia de Aguiar) foi uma das principais atrizes negras do Brasil. A nação perdeu a estrela na madrugada da 3ª feira (15.ago.23), em Gramado (RS), onde receberia uma homenagem pelo conjunto da obra.
O corpo de Léa foi levado ao Theatro Municipal, na Cinelândia, no Rio de Janeiro — cidade natal. A cerimônia de despedida da atriz aconteceu das 10h às 13h, da 6ª feira (19.ago), no Foyer do teatro. Às 14h, ocorreu uma cerimônia fechada para familiares e amigos na capela do Cemitério São João Batista, em Botafogo. O sepultamento ocorreu às 15h30 da sexta passsada.
Léa foi vítima de um infarto. O filho dela, Marcelo Garcia, disse que a mãe estava com mal-estar antes mesmo de partir do Rio com destino a Gramado. O filho chegou a sugerir que ela não fosse e o mandasse a representando. Léa rebateu: "Marcelo, não sou dona de casa, sou uma mulher de palco. Se eu tiver eu falecer, eu faleço em Gramado, mas recebo esse prêmio", respondeu.
Dona de uma garra e de uma força só comparáveis ao seu talento, Léa nos deixou no universo ao qual dedicou sua vida e cercada dos seus, como comentou o ator Caio Blat. “Acho que os gigantes da nossa profissão gostam de partir em movimento. Gostam de viver o cinema até o último instante. Ela é imortal, inesquecível, abriu caminhos, precursora da representatividade que hoje ainda se busca”, declarou Blat, que é um dos curadores do Festival de Gramado este ano.
12/08/2023 - 51º Festival de Cinema de Gramado - Homenageada troféu Oscarito atriz Léa Garcia | Foto: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto
"Dona Léa Garcia havia chegado a Gramado no último sábado (12) acompanhada do filho, Marcelo Garcia. A atriz circulava diariamente pelo evento, onde acompanhou diversas sessões no Palácio dos Festivais. Em uma de suas passagens pelo tapete vermelho, a atriz afirmou ao portal Acontece Gramado ter “um enorme prazer em estar mais uma vez em Gramado. Esse calor, essa receptividade com a qual a cidade nos recebe. Aqui tem um leve sabor de chocolate no ar. Obrigado a todos que fazem o festival, que participam e que concorrem. Aqui me sinto sempre prestigiada”, disse a organização do festival em nota.
A premiação foi mantida (foi recebida por seu filho Marcelo) e a cerimônia foi transformada em uma bela homenagem à atriz. E esta não foi a primeira vez em que Léa foi premiada em Gramado. No decorrer da carreira, marcada por mais de 100 produções no cinema, no teatro e na TV, recebeu quatro “Kikito” (o prêmio máximo do Festival), por sua participação nos filmes “Filhas do Vento”, “Hoje tem Ragu” e “Acalanto”. A 51ª edição do Festival de Cinema de Gramado teve início no dia 12 de agosto e seguiu até dia 20 de agosto.
A atriz Léa Garcia em Filhas do Vento, de Joel Zito Araújo - Divulgação/Festival de Cinema Latino-Americano de SP
O principal papel que Léa Garcia cumpriu foi no palco da vida, combatendo o racismo histórico da cultura no Brasil e exaltando a força das mulheres negras. Léa é um símbolo imortal da resiliência do fazer artístico.
Ao todo, ela deixa três filhos, três netos, dois bisnetos e uma tataraneta.
FRUTO DO TEN
Vários autores reunidos em leitura de peça a ser trabalhada pelo Teatro Experimental do Negro.
Foto: Imagem: Ipeafro
Léa nasceu na Praça Mauá, Rio de Janeiro, em 11 de março de 1933. Sua mãe morreu quando ela tinha 11 anos e, a partir daí, ela passou a morar com a avó, Dona Constança, que era empregada na casa de uma família tradicional carioca em Copacabana.
Trabalhando em teatro, TV e cinema, Léa Garcia consolidou uma carreira de papéis marcantes como a Rosa, de Escrava Isaura, novela que a tornou conhecida do público, e venceu a barreira dos personagens tradicionalmente destinados a atrizes negras. Tornou-se, assim, uma referência para jovens atores e admirada pela qualidade de suas atuações.
Aos 16 anos Léa queria ser escritora e preparava-se para cursar a Faculdade de Filosofia — amava a poesia e admirava as obras de Cruz e Sousa e Langston Hughes, cujas obras a influenciaram nas reflexões sobre a situação do ser negro — porém seus planos mudaram quando ela conheceu o Teatro Experimental do Negro (TEN), fundado em 1944 pelo intelectual Abdias Nascimento. Ao entrar para a companhia, a atriz se encantou pelo teatro.
Título: Léa Garcia em sua primeira foto para o Teatro Experimental do Negro. Criador: Acervo Léa Garcia-GEHA/UEA-CNPq
Em 1952, Léa estreou como atriz no Teatro Recreio no espetáculo Rapsódia Negra de Abdias Nascimento. Ela interpretava poesia de Castro Alves. "Apareci em público pela primeira vez na “boite” Acapulco. Era a Rapsódia Negra e figurei num quadro — o Navio Negreiro — com um grupo do Teatro Experimental do
Negro. No grande “show” dançava, fazia um lamento de Mãe Preta e declamava", contou Léa em uma entrevista à Revista Fonfon, em 1957.
Léa foi namorada e teve dois filhos — Henrique Christovão Garcia do Nascimento e Abdias do Nascimento Filho — com Abdias entre 1951 e 1958, e ao lado dele participou de montagens como “O Imperador Jones” (1953), “O Filho Pródigo” (1953), de Lúcio Cardoso, “A Alma que Volta Para Casa” (1956) e “Sortilégio” (1957).
"Com Abdias, Henrique e Bida", escreveu Léa em sua conta no Instagram na legenda dessa foto. Publicada em 10 de novembro de 2020.
Em 2022, em entrevista para o jornal ‘O Globo’, Léa relembrou como conheceu Abdias. “Estava no ponto do bonde na Praia de Botafogo, ia levar minha avó ao cinema, quando veio uma pessoa ao meu encontro e perguntou: “Você não gostaria de fazer teatro?”. O autor dessa abordagem foi o Abdias. Eu havia conhecido a Ruth (de Souza, atriz) na casa da minha professora de inglês. Ela era amiga dele e comentou sobre o encontro com duas meninas que pareciam americanas, eu e uma amiga. Ao me ver, deduziu que eu era uma delas”, lembrou ela. “Trocamos telefone. Acabei indo ao teatro com ele e começamos a namorar. Ficamos juntos por quatro anos e tivemos dois filhos. Não vi necessidade de nos casarmos. Minha carreira começou no TEN (Teatro Experimental do Negro) e, depois, segui sozinha. Por meio dos projetos de Abdias, encontrei muitas respostas”, concluiu. Artista responsável pelo avanço da cultura negra no Brasil, Abdias Nascimento faleceu em 2011.
"Fui mãe aos 17 anos. Ao fazer um curativo no umbigo do meu primeiro filho, quase caí desmaiada (risos). Quando me tornei avó, senti uma continuidade da minha vida, foi algo muito forte. Há sete meses, nasceu minha tataraneta. É uma vitória, percebo que estou sendo resistente", declarou ela na mesma entrevista.
Léa Garcia e Abdias Nascimento na peça Sortilégio: Mistério Negro, de Abdias Nascimento. Rio de Janeiro, Teatro Municipal, 1957.
No TEN, Léa ainda esteve nas peças 'Todos os Filhos de Deus tem asas' e 'Onde está marcada a cruz', de Eugene O’Neill; 'Sortilégio (mistério negro) de Abdias Nascimento', e 'O sapo e a estrela', de Hermilo Borba Filho.
CARREIRA NO TEATRO
Durante sua carreira teatral, Léa Garcia esteve no palco cronologicamente nas seguintes peças:
- Rapsódia Negra, 1952
- O Filho Pródigo, 1953;
- O Imperador Jones, 1953;
- Festival O’Neill, 1954;
- Onde Está Marcada a Cruz, 1954;
- O imperador Jones, 1954;
- Todos os filhos de Deus têm asas, 1954;
- Orfeu da Conceição, 1956, de Vinícius Morais e Tom Jobim, dirigida por Léo Jusi;
- Sortilégio – Mistério Negro, 1956;
- Sortilégio – Mistério Negro, 1957;
- Perdoa-me por Me Traíres, 1959, de Nelson Rodrigues;
- A invasão, 1964;
- Os construtores de Império, 1970;
- Casa Grande e Senzala,1971, sob a direção de João Mendonça;
- Flicts, 1972;
- O tesouro de Chica da Silva, 1972;
- Crime Roubado, 1974;
- Para mulheres que pensaram em suicídio, 1978, de Ntosake Shango;
- Cenas Cariocas, 1983, de Vinícius Morais e Tom Jobim, dirigida por Léo Jusi;
- Piaf , 1983-1985, com Bibi Ferreira;
"Eu e Bibi, Piaf!", escreveu Léa ao relembrar o espetáculo numa postagem em sua rede social em 12 de agosto de 2022. Foto: Redes
- Anjo Negro, 1994, de Nelson Rodrigues;
- Musical – Romeu e Julieta, 1995, sob direção de Sérgio Brito;
- Noites Negras – Mixmemória, 1996;
- De coragem, suor e glória – Poemas Negros – Panorama da Palavra, 2000;
- Romanceiro da Inconfidência, 2000 – 2001;
- Disse me disse, 2003;
- As pequenas rapozas, 2004 – 2005, de Lillian Hellman, sob a direção de Naum Alves.
CARREIA NA 7ª ARTE
No dia 25 de agosto, entra no ar no Canal Brasil Vizinhos, um dos últimos trabalhos de Léa Garcia. Ela também integrou recentemente o elenco da série do GloboPlay, Arcanjo Renegado.
Léa postou essa imagem numa cena na igreja durante gravação da série. Foto: Instagram
Na televisão, Léa atuou nos seguintes projetos em ordem cronológica descrecente:
- · 2010- A História de Ester – Rarã;
- · 2009- A Lei e o Crime – Clara;
- · 2007- Luz do Sol – Edite (Babá);
- · 2006 – Cidadão Brasileiro – Dadá;
- · 2001- O Clone – Lola;
- 1999 – Juízo Final;
- 1996 – O Professor;
- 1996 – Retrato em Preto e Branco;
- · 1999 – Suave Veneno – Selma;
- · 1997- Anjo Mau – Cida Ribeiro;
- · 1996 – Chica da Silva – Bastiana;
- · 1996 – O Campeão;
- · 1995 – Tocaia Grande – Isabel;
- · 1994 – A Viagem – Natália;
- · 1993 – Agosto – Sebastiana;
- · 1992 – Desejo – Mariana;
- · 1990 – Araponga – Mundica;
- · 1990 – Bandidos da Falange – Gladys;
- · 1990 – Otelo de Oliveira;
- · 1990 – Abolição – Aparecida;
- · 1987- Helena – Chica;
- · 1985 – Dona Beija – Flaviana;
- · 1983 – Quincas Berro D´água (Caso Especial);
- · 1983 – Caso Adílio – o craque da esperança (Caso Especial);
- · 1981 – Obrigado Doutor, episódio “Ramo de Salgueiro”;
- · 1980 – Marina – Leila;
- · 1980 – Carga Pesada, episódio “Vingança repartida”;
- · 1979 – Plantão de Polícia, episódio “Vampiros Tropicais”;
- · 1978 – Maria, Maria – Rita;
- · 1976 – Escrava Isaura – Rosa;
- · 1975 – A Moreninha – Duda;
- · 1974 – Fogo Sobre Terra – Lana;
- · 1974 – Uma questão de opinião (Caso Especial);
- · 1974 – Sapiquá do Lazareno (Caso Especial);
- · 1973 – Os Ossos do Barão – Marlene;
- · 1973 – O Baile (Caso Especial);
- · 1973 – O Trio (Caso Especial);
- · 1972 – Selva de Pedra – Elza;
- · 1971 – O Homem que Deve Morrer – Luana;
- · 1971 – Minha Doce Namorada;
- · 1970/ 1971 – Assim na Terra como no Céu;
- · 1969 – Acorrentados – Irmã Serafina;
O último trabalho de Léa Garcia no cinema foi o filme "Um Dia com Jerusa" (2020). Antes disso, atuou em "Boca de Ouro" (2019) e "Pacificado" (2019), além de ter participado da série "Carcereiros".
No cinema Léa atuou nos seguintes projetos em ordem cronológica descrecente
- · 2009 – Dias Amargos (Silvio Coutinho)
- · 2009 – Sudoeste (Eduardo Nunes)
- · 2006 – Atabaque Nzinga (dir. Octávio Bezerra)
- · 2006 – Hoje tem Ragú (dir. Raul Labancca)
- · 2005 – Memórias da Chibata – Avó de Juca (dir. Marcos Manhas Marinho)
- · 2005 – Mulheres do Brasil – Eunice ( dir. Malú Martino)
- · 2005 – O Maior Amor do Mundo – Zezé (dir. Cacá Diegues)
- · 2004 – Remissão (Silvio Coutinho)
- · 2003 – As Filhas do Vento (dir. Joel Zito Araújo)
- · 2002 – Nossa Senhora Meninas (dir. Jorge Coutinho)
- · 1995 – Cruz e Souza – O Poeta do Desterro – Carolina (dir. Silvio Back)
- · 1995 – Comportamento humano (dir. Flávio Leandro)
- · 1984 – Diário de um sambista
- · 1983 – Águia na cabeça (dir. Paulo Thiago)
- · 1983 – Quilombo (dir. Cacá Diegues)
- · 1978 – A Noiva da Cidade (dir. Alex Viany)
- · 1977 – A Deusa Negra (dir. Ola Balogun)
- · 1977- Feminino Plural (dir. Vera Figueiredo)
- · 1976 – Ladrões de Cinema (dir. Fernando Cony Campos)
- · 1972-1973 – O Forte (dir. Olney São São Paulo)
- · 1969 – Em Compasso de Espera – Zefa (dir. Antunes Filho)
- · 1963 – Ganga Zumba – Cipriana
- · 1960 – Santo Módico (dir. Robert Mazoyer)
- · 1958 – Os Bandeirantes – Herminia (dir. Marcel Camus)
- · 1957 – Orfeu Negro – Serafina (Marcel Camus)
CARREIRA PARALELA NA SAÚDE
Fachada do Instituto Municipal Phillipe Pinel. Foto: Marcus Vinicius de Oliveira. Acervo de Marcus Vinicius de Oliveira
Apesar de ser um das personalidades negras mais premiadas, Léa Garcia precisou conquistar uma vagas como servidora pública no Ministério da Saúde (MS). Ela ingressou no órgão na década de 1960, como servidora do Departamento Nacional de Endemias Rurais (DENARU), no Rio de Janeiro. Destacou sua trajetória, conciliando o trabalho na saúde e a sua carreira artística. Aposentou do órgão na década de 1990.
A atriz contava que como servidora, numa época em que havia pouca janela para negros na TV, conseguiu garantir renda para cuidar da família: “Esse trabalho era algo com que eu poderia contar sempre. Tinha que sustentar meus filhos. No meio artístico os trabalhos não têm continuidade”, explicou ela, quando completou 86 anos e citou essa fase da vida.
Em determinado ponto da sua carreira na saúde, observou que poderia unir as duas profissões. Ela testou essa vontadde no Hospital Pinel, em Botafogo: “No Pinel me interessei pelo teatro terapêutico. Fiz um curso lá e passei a trabalhar com arteterapia. Montávamos o teatro com os pacientes e no processo eles falavam das suas questões. Muitas vezes descobríamos o motivo que os levou à loucura nesses processos. Foi muito marcante e prazeroso”, lembrava Léa.
Na mesma época, Léa deu vida à Josephine Baker, cantora americana vivida na peça Piaf, ao lado de Bibi Ferreira — encenada em paralelo com o trabalho de arteterapia.
Apesar de ter conseguido exercer uma parte do ofício de atuar na saúde, Léa sempre pontuava que na época abriu mão de alguns papéis, pela dupla rotina profissional.
PREMIAÇÕES E CARGOS CULTURAIS
Concorreu à Palma de Ouro de 1957, conquistando o segundo lugar no Festival de Cannes pela sua atuação como Serafina no filme Orfeu negro de Marcel Camus.
Entrega da medalha Pedro Ernesto. Acervo Léa Garcia-GEHA/UEA-CNPq1994
Recebeu a medalha Pedro Ernesto da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro em 1994 e a medalha da Academia Brasileira de Letras.
Título: Entrega da medalha Pedro Ernesto. Criador: Acervo Léa Garcia-GEHA/UEA-CNPq. Data de criação: 1994
Léa Garcia foi eleita conselheira de Cultura do Estado do Rio de Janeiro no período de 1999 a 2001.
Em 2004 foi vencedora do prêmio Kikito de melhor atriz no Festival de Cinema de Gramado por Filhas do Vento, filme dirigido por Joel Zito Araújo. A mesma atuação lhe valeu também o prêmio de melhor atriz do júri popular daquele Festival.
Em 2007 conquistou o prêmio “Tatu de Prata” do festival Jornada Internacional de Cinema da Bahia e no mesmo ano o 'Golfinho de Ouro' do Conselho de Cultura do Estado do Rio de Janeiro por sua performance em 'Memórias da Chibata', dirigido por Marcos Manhães Marinho.
Recebeu menção Honrosa no Festival de Gramado de 2008 por sua atuação em 'Hoje tem Ragu', de Raul LaBancca.
Eleita em 2010, foi diretora artística do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Direções (SATED). Associada ao Sindicato dos Técnicos da Indústria Cinematográfica (STIC) na
qualidade de roteirista de cinema, Léa foi autora de dois filmes. Seu longametragem 'Aconteceu no Rio de Janeiro' nasceu da adaptação cinematográfica de quatro contos de ficção de autores brasileiros. São eles: “O batizado” de Cuti; “O cobrador e o deus vaca” e “Aconteceu no Rio de Janeiro” de Cidinha da Silva; ” Vovó veio para jantar” de Muniz Sodré. O média-metragem de ficção de Léa Garcia, Dublê
de Ogum, se baseia no conto homônimo de Cidinha da Silva.
ELA NÃO DESISTIU DA LITERATURA
Em abril deste ano Léa Garcia lançou o livro 'Mira, Serafina, Rosa e Tia Neguita: A Trajetória e o Protagonismo' de Léa Garcia. Na época, ela reuniu familiares, amigos e artistas no evento de