'Dançando as estações de uma vida', espetáculo Tempus estreia na Capital
Obra dá continuidade a processo iniciado em 2021 pela Cia Shamsa
11 AGO 2023 • POR • 21h15A Cia Shamsa de danças árabes, apresenta o espetáculo ‘Tempus’, às 19h30 de 19 agosto, no Auditório do Teatro Escola São José, em Campo Grande (MS). Os ingressos custam R$25 e podem ser adquiridos AQUI.
Com 1h de duração, o espetáculo narra a trajetória de sacerdotisas, guardiãs das estações do ano e dos templos das deusas que vivem dentro de cada mulher. Ao TeatrineTV, a bailarina e coreógrafa Anny Costa falou do processo de construção da obra.
"Eu falo pras minhas alunas que elas são deusas, isso desde sempre. Eu estou atuando há mais de vinte anos e sempre digo isso. Eu só desperto essa deusa dentro delas, que é a força do feminino", explicou Anny, enquanto enfatizava a contribuição das bailarinas no processo de composição coreográfica. "Elas colaboraram na criação dos solos do espetáculo, cada uma entrou em contato com sua estação".
De acordo com a coreógrafa, Tempus percorre o fluxo das estações do ano enquanto se relaciona com a figura da sacerdotisa, que vive cada estação enquanto aspira se tornar a guardiã do templo da deusa. "Existia um tempo em que as meninas eram escolhidas para se tornarem guardiãs dentro dos templos e pras famílias era celebrado pra caramba, porque era uma alegria a filha se tornar uma grande guardiã do templo das deusas. Nós fizemos essa mistura, mas falando do deixar se encontrar, se permitir dentro do luto, florescer, e aí vem o verão que trás alegria, felicidade e permite que essa sacerdotisa se torne uma guardiã. É o ápice do espetáculo", resumiu.
Com oito bailarinas e um bailarino em cena, a obra dá continuidade ao espetáculo 'As Anas', apresentado pela Cia Shamsa em 2021. Nele, as bailarinas dançavam as 12 mulheres que habitam uma, fazendo alusão aos signos do zodíaco. "Eu sou de peixes e passei uma vida inteira escutando que eu tinha um pouquinho de cada signo e acabei criando o espetáculo em cima disso, com todas as características que me habitam. Tempus e as estações fazem parte das Anas", relatou a coreógrafa, que assumiu usar de um processo lúdico para falar de um tema sensível e pessoal através da dança.
"Eu tratei síndrome do pânico em uma época em que não se sabia o que era síndrome do pânico. Faz uns vinte anos. Naquele tempo eu escrevi as estações, mas eu escrevi em forma de poema e me coloquei ali com o fato de deixar as folhas caírem, que era o processo da depressão e depois o luto, né? O luto é longo. A gente passa pelo luto e em seguida tem aquela esperança de que eu vou voltar, eu vou florescer e eu vou retornar mais forte, sabe? No espetáculo fomos pra uma coisa mais lúdica, nessa coisa das estações, trazendo a história das guardiãs das estações".
Mesmo descrevendo a dança como 'a melhor expressão de liberdade da alma', Anny revelou que a Cia, fundada por ela em 2016, enfrenta diversos desafios. O principal deles, refere-se a sustentabilidade financeira do grupo. "Realizamos todos os eventos com zero recursos. Eu acho importante [falar sobre isso] porque quando se fala em evento pago, as pessoas têm uma ideia um pouco deturpada. Eu vendo o almoço para servir a janta", desabafou a coreógrafa e avó de quatro crianças enquanto se dizia otimista com a adesão do público ao espetáculo: "São só 100 lugares e o público poderá ver que vovó também dança".
SERVIÇO
O Teatro Escola São José fica na Rua Arthur Jorge, 1762, no Centro de Campo Grande (MS)
Os ingressos podem ser adquiridos com as bailarinas da Cia Shamsa, pelo Instagram ou WhatsApp (67) 98415-7205.