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Festival CineSur

Festival CineSur quer unir forças do 'bloco' e proteger o Pantanal

Festival coloca Bonito no circuito dos grandes eventos internacionais de cinema

8 AGO 2023 • POR TERO QUEIROZ • 22h21
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Foi lançado numa cerimônia na noite da 2ª feira (7.ago.23), no Auditório Germano de Barros, do Centro de Convenções Rubens Gil de Camillo, no Parque dos Poderes, em Campo Grande (MS), o Bonito CineSur – Festival de Cinema Sul-Americano de Bonito.

Diversos produtores de cinema, o Deputado Federal Vander Loubet (PT), o chefe da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur), Bruno Wendling e empresários dos setores de cultura e turismo, compareceram à cerimônia, em que se explicou qual será o formato do festival.

O evento contará com mostras competitivas de filmes sul-americano inéditos, longas e curtas-metragens, filmados entre os anos 2022 e de 2023. Também haverá mostras paralelas do cinema sul-americano de animação infanto-juvenil e de cinema de temática ambiental, além de mostra competitiva exclusiva do cinema sul-mato-grossense.

Premiações, debates, encontros, oficinas/workshops de coprodução internacional, elaboração de projeto audiovisual e roteiro cinematográfico farão parte da programação, que contará também com ações musicais sul-americanas.

'UNIR A CINEMATOGRAFIA DO CONTINENTE'

(7.ago.23) - A Coordenadora do festival, Andréa Freire, ao lado do diretor do festival Nilson Rodrigues. O deputado federal Vander Loubet (PT), ao lado dele, o diretor-presidente da Fundtur, Bruno Wendling. Foto: Tero Queiroz
(7.ago.23) - A Coordenadora do festival, Andréa Freire, ao lado do diretor do festival, Nilson Rodrigues. O deputado federal Vander Loubet (PT), ao lado dele o diretor-presidente da Fundtur, Bruno Wendling. Foto: Tero Queiroz

Dirigido por Nilson Rodrigues, o festival propõe unir cultura, turismo, cinema e economia. Além disso, o diretor revela que esse é o 1º festival de cinema exclusivo para filmes da América do Sul e que tem a ambiciosa missão de unir a cinematografia do continente.

— Eu milito na área do cinema, sou produtor e já fui diretor da Ancine. Eu sou muito voltado para a questão do espaço das cinematografias nacionais nos seus próprios países e na América do Sul, um continente. Nós somos muito embarreirados. Nós temos dificuldades de apresentar os nossos próprios filmes em nossos países, quem dirá conhecer a cinematografia dos países vizinhos. Então, foi isso que me moveu — introduziu Nilson.

(7.ago.23) - Produções cinematográficas da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela devem integrar o festival por meio de uma parceria da Fundtur. Foto: Tero Queiroz
(7.ago.23) - Produções cinematográficas da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela devem integrar o festival por meio de uma parceria da Fundtur. Foto: Tero Queiroz

De acordo com o diretor, os cerca de 450 milhões de habitantes que vivem na América do Sul são explorados pela indústria de cinema norte-americana e não conseguem ter acesso aos filmes feitos em seus territórios.

— Um mercado gigantesco explorado quase que exclusivamente pelo Estados Unidos com uma remessa de lucros gigantesca para o exterior. E há um impedimento da difusão dos filmes que produzimos, há uma barreira, e isso precisa ser encarado. Isso precisa ser visto! Precisa ser regulado, é preciso estimular a indústria do audiovisual nacional, e é preciso que a gente tenha acesso as produções dos outros países do nosso continente e vice-e-versa — avaliou.

(7.ago.23) - Nilson Rodrigues, disse que Bonito tem tudo para se tornar o centro do debate econômico do áudio visual na América do Sul, citando o exemplo de Cartagena (Colômbia) e Gramado (RS). Foto: Tero Queiroz
(7.ago.23) - Nilson Rodrigues, disse que Bonito tem tudo para se tornar o centro do debate econômico do áudio visual na América do Sul, citando o exemplo de Cartagena (Colômbia) e Gramado (RS). Foto: Tero Queiroz

Ainda conforme o diretor, é preciso pensar a América do Sul como um bloco econômico.

— Mais cedo ou mais tarde virá a ser um bloco econômico e o audiovisual tem que estar inserido nisso. O audiovisual significa 2% do PIB da América do Sul. Você viu ali que são 7,5 mil salas de cinema em toda a América do Sul — opinou.

Nilson espera que o Festival seja referência do cinema sul-americano. Foto: Tero Queiroz
(7.ago.23) - Nilson espera que o Festival seja referência do cinema sul-americano. Foto: Tero Queiroz

Nilson ainda apontou que os streamings estão tomados pela indústria norte-americana e europeia de cinema, mas por outro lado, há poucas produções latino-americanas.

— Se você procurar um filme da Colômbia é uma dificuldade de achar. Tem poucas produções... Venezuela, Peru, nas plataformas não tem. É difícil achar, tem que procurar muito.

(7.ago.23) - Nilson foi Criador do Festival de Inverno de Bonito e Festival América do Sul (Corumbá). Foi diretor do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (1995, 1997, 1998 e 2011), do Festival Internacional de Cinema de Brasília - Brazilian International Film Festival (2012 a 2017). É produtor dos filmes: 'O outro lado do Paraíso – de André Ristum (2014)' e 'O Pastor e o Guerrilheiro', de José Eduardo Belmonte (2023). Foto: Divulgação

O diretor fez uma prospecção a longo prazo para o festival:

— Eu quero que Bonito seja daqui alguns anos a principal referência do cinema sul-americano, tanto do ponto de vista estético, as melhores obras, como do ponto de vista do debate da economia do audiovisual — apostou.

CULTURA PARA FREAR A DESTRUIÇÃO

(7.ago.23) - Vander defendeu o festival como possível mecanismo para frear o avanço do agronegócio destrutivo no Pantanal. Foto: Tero Queiroz
(7.ago.23) - Vander defendeu o festival como possível mecanismo para frear o avanço do agronegócio destrutivo no Pantanal. Foto: Tero Queiroz

O 'ponta-pé' do festival de cinema está sendo viabilizado com R$ 450 mil de emenda parlamentar do deputado Vander Loubet (PT). Ao TeatrineTV, o deputado defendeu que o festival também pode ser um mecanismo para frear o avanço do agronegócio destrutivo no Pantanal.

— Cultura e turismo gera emprego limpo. Eu estou muito preocupado com Bonito, principalmente com esse desenvolvimento desordenado que estamos vendo lá, com relação ao desmatamento. Então eu acho que também é forma de ganhar outros mecanismos de gerar emprego e renda para as famílias. O turismo e a cultura trazem isso. E é uma oportunidade das pessoas de fora de entrarem para formarmos uma grande corrente para preservar aquilo lá, que é um patrimônio não só do povo sul-mato-grossense e do povo brasileiro, é um patrimônio da humanidade. Eu quero fazer com que por meio desse festival, como fizemos lá atrás com o Festival de Inverno, possamos dar à Bonito o que a cidade merece — comentou Vander.

O deputado também levantou a necessidade de maiores investimentos no setor do audiovisual. — Este é o primeiro festival, mas temos certeza que vamos consolidar essa marca.

Questionado sobre a inexistência de equipamentos culturais tanto na Capital, quanto em qualquer cidade do Mato Grosso do Sul, Vander apontou que para mudar essa realidade é necessário que se tenha uma decisão de governos.

— Tanto estadual, quanto municipal. Isso tem que ser uma decisão de governo. Nós temos ferramentas para isso. Eu busco ajudar, agora mesmo o Reviva aí eu coloquei R$ 2 milhões para cultura de Campo Grande. Então, o meu mandato trabalha muito com as demandas que esses setores me trazem.

Além disso, prometeu que irá arregimentar esforços junto à bancada para a construção de uma sala de cinema em Bonito.

— Assumo o compromisso, vou buscar viabilizar. Eles me trazendo o projeto para esse equipamento que é a construção de um cinema lá em Bonito, eu vou buscar viabilizar. Tendo o projeto e tendo uma decisão política do município de querer, tenho certeza que tem condições, até pela experiência que eu tenho de buscar esse recurso, porque nós temos muito dinheiro para a Cultura lá em Brasília — completou.

INSCRIÇÕES ABERTAS

O Festival CineSur será realizado entre os dias 05 e 12 de novembro. As embaixadas sul-americanas e os institutos de cinema estão divulgando a data de inscrição para o festival que vai até o dia 31 de agosto.

A produção disse à reportagem que até o momento, se inscreveram filmes do Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, Peru e Uruguai.

As inscrições devem ser feitas no site oficial. Como adiantamos aqui no TeatrineTV, os filmes selecionados podem receber um cachê de R$7.500 a R$20 mil, a depender da categoria. Leia aqui o regulamento.

CUSTO DO FESTIVAL

O custo total do festival será de R$ 1.388.400.00, já aprovado via Lei Rouanet (Lei de Incentivo à Cultura). Até o momento foram captados R$ 600 mil, sendo que R$ 450 mil vieram do cofre do Ministério da Cultura — por meio da emenda parlamentar do deputado Vander.

Também já estão apoiando o Cinesur o Ministério das Relações Exteriores, a Fundação de Turismo do Mato Grosso do Sul (Fundtur), a Fecomércio, o Sebrae e a Câmara de Vereadores de Bonito.

Os organizadores apontaram no evento que estão em busca de apoio do empresariado para complementação do orçamento.

PROGRAMAÇÃO DO FESTIVAL

(7.ago.23) - Para divulgar o festival fora do Brasil, Andrea e Nilson visitaram as embaixadas dos países sul-americanos. Foto: Tero Queiroz
(7.ago.23) - Para divulgar o festival fora do Brasil, Andrea e Nilson visitaram as embaixadas dos países sul-americanos. Foto: Tero Queiroz

A Coordenadora do Festival Cinesur, Andréa Freire, disse ao TeatrineTV que as inscrições para filmes de toda a América do Sul seguem abertas até 31 de agosto e que até o momento há 350 filmes inscritos.

— Muito mais curtas do que longas. Realmente o mercado de curta é muito atraente e temos percebido o quanto esse espaço de exibição é importante, considerou. 

Segundo a coordenadora, em 25 de setembro será publicada a relação de filmes selecionados e no início de outubro deve ser publicada a programação oficial.   

Ao todo, serão selecionados os seguintes formatos de filmes:

Andréa explicou que ainda estão sendo definidos os locais onde serão feitas as exibições, mas uma local já está definido.

— Vamos ocupar a Câmara Municipal com certeza, porque é espaço ideal, tem 160 lugares... E estamos vendo onde vamos fazer a mostra de cinema infantil e mostra de cinema ambiental. Queremos fazer em um espaço ao ar-livre, charmoso, mas ainda estamos definindo.

— Queremos ter toda a representatividade da América do Sul. Eu fui com o Nilson nas embaixadas e a recepção é excelente, porque o Cinema, a sociedade aqui está muito adormecida para o cinema, mas o cinema é uma coisa muito impressionante, porque revela muito da identidade desse país — apontou Andréa.

(7.ago.23) - Nilson chamou Andréa ao palco, para exaltar o trabalho que ela vem desenvolvendo como coordenadora do festival Cinesur. Foto: Tero Queiroz
(7.ago.23) - Nilson chamou Andréa ao palco, para exaltar o trabalho que ela vem desenvolvendo como coordenadora do festival Cinesur. Foto: Tero Queiroz

— Quando o Nilson me chamou, eu falei: cara, é isso! Porque primeiro, América do Sul. A gente vê o festival América do Sul que vai se distanciando da América do Sul, tem só o nome. Então, como que por meio do cinema vamos discutir identidades e mais, coproduções, como fazemos. Vamos trazer cineastas, estamos namorando alguns, mas não temos nada fechado ainda. Mas a ideia é também ser uma oportunidade para os cineasta e produtores daqui podem aprofundar.

AUSÊNCIA DO CHEFE DA CULTURA

Apesar de ter sido convidado, o chefe da Setescc e diretor-presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Marcelo Miranda, não compareceu ao evento. Sua ausência não deixou de ser comentada pelo público nas rodas de conversa num coffe break oferecido após o evento.