Max Freitas é exonerado e Secretaria de Cultura será extinta
Não submissão aos mandos de secretário colocaram gestor em rota de colisão com o governo Riedel
19 JUN 2023 • POR • 08h58Cinco meses e dez dias depois de assumir a presidência da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Max Freitas, foi exonerado do cargo nesta 2ª feira (19.jun.23). Eis a íntegra.
Como mostramos aqui no TeatrineTV, a não submissão de Max aos mandos do secretário Marcelo Miranda, chefe da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania (Setescc), levou a conflitos entre os entes culturais.
A reportagem apurou que a super-pasta cultural da gestão Riedel não estava encontrando o “seu lugar” no governo, pois dependia da FCMS para promoção e shows. Entretanto, Max Freitas é contrário ao uso da verba pública quase que em sua totalidade apenas com a promoção de eventos, em sua maioria shows sertanejos. Apuramos que com a queda de Max, a Setescc também terá “fim” e quem assumirá a vaga de Max na FCMS é o próprio Marcelo Miranda. Procurado, o atual secretário ainda não confimou esse movimento interno.
Com a publicação da exoneração em Diário Oficial nesta manhã, muitos artistas ficaram revoltados com o governo Riedel, dado a ausência de gestores com a experiência de Max Freitas na gestão cultural.
Se Riedel extinguir a secretaria de Cultura estará seguindo os passos do seu antecessor e padrinho político, Reinaldo Azambuja, que realizou o mesmo movimento em 2018.
MENSAGEM DE SAÍDA
Poucos antes de sair a publicação da exoneração de Max, o TeatrineTV teve acesso a uma mensagem com a assinatura do agora ex-diretor-presidente da FCMS. Num longo texto, ele elencava motivos de sua saída da Fundação e apontava as conquistas de sua gestão nesses 5 meses.
“Sim, hoje deixo a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, todos que trabalham comigo a um tempo, já me escutou falar, que! No dia que você acordar, e reclamar ou não ter vontade de ir trabalhar, e não estiver feliz com você mesmo quanto ao seu trabalho, significa que chegou a hora de mudar!”, introduziu.
Na mensagem Max elencou vários motivos pelos quais deixou o cargo: “Essa hora chegou, um Ano que já se iniciou pesado, vindo com a batalha da saúde da minha mãe desde novembro de 2022, e então o falecimento dela em 10 de março de 2023, acredito que não vivi o luto, porque ainda parece que ela está viva, do nada penso nela viva em passar na casa dela, conversar e até mesmo comer a comida dela!”, relembrou.
Além dos problemas pessoais, Max apontou o seu não ‘encaixe’ no modelo de governo de Eduardo Riedel (PSDB), no que tange às ações em prol da Cultura. “Junto também [têm] algumas ações administrativas que não são do meu perfil, algo novo, totalmente diferente da minha passagem pela Diretoria da Fundação de Cultura em 2019 e meados de 2020! Governo, novo, gestão nova e administração nova, algo que não soube acompanhar, ou talvez que realmente não concordava e não quis acompanhar!”, considerou.
Segundo o ex-chefe da FCMS, ele deixou o cargo “leve”. “Ainda mais com 5 meses e 10 dias apenas, podemos ver o Governo do Estado de MS, através da Fundação de Cultura realmente realizar em conjunto aos blocos independentes o Carnaval dos Blocos Independentes de Campo Grande, na esplanada e em diversos espaços públicos de Campo Grande!
O Festival de Teatro Boca de Cena, com mais de 40 ações! Realizar a entrega do restauro da Casa do Artesão, com grande evento na Avenida Afonso Pena com show do artista Gabriel Sater! Realizar o projeto como ‘Nossa Feira é Show na Feira Central, Cultura em Movimento 60+ em Municípios de Mato Grosso do Sul, Co-realização da feira Balaio em Campo Grande e Dourados; Criar e lançar em conjunto a Feira Mixturou de Empreendedorismo, Artesanato e Economia Criativa, Cultura em Movimento nos Bairros de Campo Grande, o Projeto Cultura vai escola, levando dança e teatro nas Escolas!”, enumerou.
No curto período que passou pelo cargo, Max lembrou que também conseguiu iniciar o Projeto MARCO - Vai a Escola, do Museu de Arte Contemporânea.
Citou também que em parceria com o SESC iria conseguir retomar o antigo Projeto MS Canta Brasil, que agora ganhou o nome de 'MS é Show'. “Com show do Nacional Natiruts e Carla Coronel, remarcado para dia 16 de julho no Parque das Nações devido às condições climáticas, se não teríamos realizado ontem dia 18 de junho”, observou.
Além disso, o ex-gestor celebrou ter conseguido lançar o 1ª prêmio sul-mato-grossense de valorização de artistas idosos. “Em especial poder lançar o inédito edital de premiação homenageando a Professora Glorinha Sá Rosa, para profissionais da arte e da cultura, deixar pronto para publicação o edital de premiação a espaços culturais que tanto sofreram e sofrem para manter espaços culturais, tendo em vista que os espaços públicos em sua maioria estão em reformas ou sem condições a utilização”.
Max ainda revelou que deixou totalmente pronto em grande parceria novamente com o SESC o Festival de Inverno de Bonito. Ele citou que já estão confirmados shows da Cantora Fafa de Belém, IZA, Emicida todos já com cachês apoiados totalmente pelo SESC e a continuidade do apoio para os demais festivais FASP e Campão... Apuramos que no que tange os pagamentos desses artistas, 50% já foram realizados pelos Sesc.
O ex-chefe também celebrou o que chamou de ‘salto’ na participação de MS em feiras nacionais. “De 4 Feiras Nacionais de Artesanato, para 7 Feiras Nacionais, estamos em junho já foram 3. Em julho tudo já encaminhado para a 4 quarta feira em Olinda- PE”, revelou.
Max ainda agradeceu a todas as parcerias que estiveram nas ações com a FCMS durante sua gestão e agradeceu seu time de técnicos. “Fica meu muito obrigado carinhoso a cada um dos servidores da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, equipe dedicada guerreira, que com pouco faz muito”, exaltou.
O ex-diretor-presidente também agradeceu ao governador Eduardo Riedel. “Por ter acreditado e agora pode ver que podemos ser muito mais que apenas uma Fundação de apoio, lógico apoios importantes e necessários para os nossos 79 municípios! Agradecer a nosso Secretário de Governo [Pedro] Caravina, agradecer a Secretária-adjunta da SETESCC Viviane Luiza, mulher de profundo conhecimento, carisma, carinho e humanidade, que ganhei em minha vida, parceira e em seu nome agradecer todas Subs, agradecer ao Secretário Marcelo Miranda”, pontuou.
“Para finalizar não poderia deixar de anunciar que implantamos, aprovamos e já está autorizado o pagamento até dia 30 de junho de 2023, sendo o Sexto Estado a concluir a Lei Paulo Gustavo e injetar aproximadamente 27 milhões através de verba de recurso Federal a Cultura de MS”, disse.
“Grandes ações já realizadas, a classe artística meu eterno amor e admiração, eu como Produtor Cultural, sempre estarei do nosso lado! Vê a necessidade de cuidar mais da minha saúde, estar mais presente a minha família que me distanciei nesse período e traçar novas metas e objetivos, novos projetos estão por vir em minha vida, mas tirar o pé do acelerador e ficar mais próximos dos que amamos ainda mais a poucos meses descobrir que tudo pode passar mais rápido do que pensava”, anotou.
“Prefiro dizer a todos um até breve, fiquem leve em paz e continuem acreditando que a Cultura é uns dos maiores agentes transformadores que é! Grande abraço a todos”, finalizou.
GUERRA INTERNA
Informações adicionais obtidas por nossa equipe, é de que havia uma ‘guerra instalada’ entre a Setescc e a FCMS na gestão de Eduardo Riedel (PSDB).
Tudo começou quando Riedel decidiu que a Setescc deveria ocupar o prédio que historicamente pertenceu a Fundação de Cultura, o Apolônio de Carvalo. Mostramos que mesmo antes da nomeação do diretor-presidente, o prédio havia começado a ser desmantelado.
Outra ‘rusga’ entre os entes culturais veio após Max Freitas baixar uma portaria para frear diversas contratações de artistas da música sertaneja que estariam sugando os recursos da Cultura do estado. A medida do diretor-presidente acatou uma cobrança antigo da classe cultural sul-mato-grossense.
Apesar da portaria, o diretor-presidente da FCMS continuou sendo obrigado a assinar as contratações musicais com valores super altos. O temor, nos corredores da FCMS, é de que o diretor da entidade seja penalizado por órgãos de controle e fiscalização. “O diretor daqui [FCMS], está sendo usado como laranja. Ele está sendo obrigado a assinar essas contratações de sertanejos com cachês super altos. Se um órgão de controle cair em cima é ele que será responsabilizado”, pontuou uma fonte na condição de anonimato.