Logo TeatrineTV

​Filme 'O Formoso' chega ao 32º prêmio: 'Um dos mais reconhecidos da história de MS'

9 MAI 2023 • POR • 11h07
Imagem principal

​Ao colher mais três prêmios no Festival Internacional de Cinema Off Cine, realizado entre os dias 20 e 29 de abril de 2023, em Varginha (MG), o curta-metragem sul-mato-grossense 'O Formoso' chegou ao supreendente status de ter recebido o 32º reconhecimento.  

Acesse a lista de premiados do Off Cine AQUI.

Dirigido pelo cineasta sul-mato-grossense Roberto Leite, ‘O Formoso’ conquistou o prêmio de ‘Melhor Filme’, ‘Melhor Direção (Roberto)’ e ‘Melhor ator (Denio Leite)'. O curta ficcional de 13 minutos, conta a história de um garotinho de periferia, Lucas, que tenta salvar um galo ferido de uma rinha, mas acaba sendo capturado pelo organizador da aposta criminosa (Zé Galo) e é submetido a situações traumatizantes. O cenário é um bairro da periferia de Campo Grande (MS).

As 'rinhas', são uma espécie de ringue, em que os embates são feitos por galos. A prática foi proibida há 80 anos no Brasil, com a publicação do Decreto Federal 24.645/1934, que entendeu a prática como causadora de maus-tratos aos animais envolvidos. A pena para quem for condenado pela prática pode chegar a cinco anos de prisão, além do pagamento de multa e inclusão do nome no registro de antecedente criminal. Apesar de ser crime, prática é recorrente.

Produção independente foi gravada na periferia de Campo Grande - MS. Foto: Arquivo pessoal

A produção independente tem o roteiro de Luciana Bittencourt e Roberto Leite. O elenco principal é formado pelos atores Espedito Di Montebranco, Denio Leite, Andréa Freire e Lourenço Vilarim.

‘O Formoso’ começou a ser gravado em 2020, contando com uma equipe de 17 pessoas (os nomes estão no final do texo). O filme foi finalizado nem outubro de 2021.  

O curta foi selecionado pela primeira vez ao Festival Internacional de Curtas Metragens de Crossroads que aconteceu em 1º de outubro em Istambul, Turquia. 

Além da carreira em festivais no Brasil, ‘O Formoso’ entrou em mais de 50 festivais em onze países. A produção teve reconhecimento na Turquia, Índia, Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Portugal, Indonésia, França, Japão, Espanha e na África. Eis a íntegra.

Diante do sucesso do projeto, Roberto Leite disse acreditar que 'O Formoso' se tornou uma das produções cinematográficas sul-mato-grossenses mais reconhecidas da história.

— Eu já trabalho com cinema há mais de 15 anos, né? E já vi muitos projetos, muitos filmes, muitas coisas assim. E, analisando a quantidade de festivais e prêmios que nós ganhamos, realmente acredito que entramos para a história como um dos filmes mais reconhecidos desse meio de festivais, de premiações. Porque o número, não é necessariamente o número, mais é o alcance que o filme teve, né? Chegou em mais de 11 países — avaliou Roberto.

De acordo com a pesquisadora e cineasta, Marinete Pinheiro, que esteve na gestão do Museu da Imagem e do Som (MIS) de MS por 7 anos, não é possível saber ao certo quais foram as obras que mais trouxeram reconhecimentos ao estado, pois não há nenhum levantamento nesse sentido sistematizado.

— Desconheço um levantamento preciso sobre premiação e circulação dos filmes de Mato Grosso do Sul em festivais. A circulação em festivais se dá pelo esforço e interesse dos realizadores, até o momento não foi construída uma política, ou realizado processo formativo que indique e facilite esse processo. Entender os mecanismos de seleção e interesse dos festivais é uma aprendizagem, do trabalho, precisa dedicação e organização. É extremamente louvável o que os realizadores vem fazendo no sentido de levar as obras para fora do MS, explorando novas janelas de exibição e sendo premiados — esclareceu Marinete, à reportagem do TeatrineTV.

RECEPTIVIDADE

Esses são Roberto Leite e Luciana no set de filmagem do curta "O Formoso". Foto: Arquivo pessoal 

Para que ‘O Formoso’ fosse concluído foi necessário um empenho dobrado, que acabou sendo valorizado nos festivais.

— Para mim foi uma questão de honra terminar esse filme, diante de todas as dificuldades, enfim... O que acontece? Quando eu tinha que mandar para os festivais, eu fiquei com muito receio, assim, tanto que eu fiz inscrição para um festival de Dourados, ganhamos dois prêmios, foi legal isso. E naquele mesmo mês, eu mandei para um festival. E aí fiquei com aquela expectativa, né? Será que vai passar? Não vai? E aí se não passa a gente não fica bem, né? Porque assim, a gente faz um filme porque ele quer que ele voe, né? E quando passou no primeiro eu fiquei extremamente feliz e em menos de três meses já estava chegando ao décimo festival. E aí foi essa grande surpresa, assim, sabe? A cada semana que passava vinha mais prêmios e aí foi aquela loucura, então o filme me surpreendeu — narrou.

Depois foi aceito no Monthly Indie Shorts, na Índia, onde conquistou o prêmio júri e o prêmio popular.

O diretor disse que o ‘boca a boca’ foi o canal pelo qual o filme alcançou tantos territórios.

— A primeira vez que fiz inscrição para um Festival Internacional, alguns outros festivais viram que meu filme havia sido selecionado e mandaram mensagem pedindo o filme, para que eu fizesse inscrição do filme, para que conhecessem o filme. Aí, acabou que um jurado acabou indicando para outro, e os donos dos festivais acabaram indicando o meu filme, teve donos de festivais que me indicou para outros 5 festivais, então eu acabei sendo procurado e acabei passando nos festivais — detalhou.

Roberto Leite considerou que o filme chegou tão longe pela linguagem e pelo ambiente em que ele se passa.

— É um filme que retrata uma periferia, retrata assuntos periféricos. Isso interessa muito ao mundo que está acostumado a ver filmes urbanos. Segundo, é porque é uma criança, o protagonista é uma criança e ele segue o olhar daquela criança, isso agradou muito os jurados. É uma criança inocente contando a história de um mal comportamento que os adultos têm, então isso chegou muito longe. Eu lembro que vários, jurados, curadores, que foram curadores do Festival de Cannes, indicando meu filme para outros países justamente por causa disso.

Os prêmios financeiros serviram, em grande parte, para financiar o percurso de ‘O Formoso’.  

— O filme foi independente, né? Foi custeado com recursos próprios. Acabou que eu ganhei alguns prêmios financeiros, que eu consegui cobrir alguns custos que eu precisava dele. Então, eu acabei [usando], na finalização, eu tinha alguns custos que faltavam ser pagos. E ajudou nos custos, porque para mandar para o festival você tem que pagar, a maioria deles, dos internacionais você tem que pagar a inscrição. É em dólares, as vezes é pouco, mas em dólar acaba se tornando muito. Então, tive um custo também de distribuição do filme e acabou que ganhando festivais e ganhando filmes acabei ganhando isso — contou.

Roberto ainda revelou à reportagem do TeatrineTV que ‘O Formoso’ alavancou com certeza o seu próximo filme.

— Porque ele abriu portas que eu não imaginava. Hoje em dia grandes parcerias estão surgindo, inclusive, um roteirista muito famoso, que eu não posso falar o nome, que um longa dele esteve entre os 10 filmes de maior bilheteria do ano passado. Então, ele escreve para as melhores distribuidoras do Brasil.

O próximo projeto de Robertro Leite deve emergir de uma parceria com 'o roteirista misterioso', que tem um portfólio de ao menos dez filmes.

— Surgiu uma parceria, né? E nós vamos escrever um roteiro juntos, isso de um novo longa. Isso para mim é um privilégio, porque eu não imaginava que abriria uma obra tão grande para mim, de estar escrevendo um roteiro com um diretor que já tem mais de dez obras nacionais e bem famosas, né? Quando eu puder divulgar as informações, vocês vão saber quem é — finalizou.

Parte da equipe do curta-metragem 'O Formoso'. Foto: Reprodução 

‘O Formoso’ foi realizado pela seguinte Equipe Técnica:

Esse deve ser o fim do ciclo de festivais, portanto, em breve "O Formoso" estará disponível nas plataformas digitais com acesso livre.