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Boca de Cena

​Grande festa encerra 'Boca de Cena 2023' na Capital de MS; veja em fotos

Com investimento de R$ 1 milhão, 40 atrações chegaram aos bairros, distritos e comunidades da Capital

4 ABR 2023 • POR • 01h35
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A Boca de Cena 2023 – Semana do Teatro e Circo, foi encerrada no sábado (1.abr.23), com uma grande festa realizada no mais novo espaço cultural da Capital sul-mato-grossense: a Estação Cultural Teatro do Mundo, na Rua Barão de Melgaço, no Centro.

O espaço começou a ser lotado de pessoas por volta das 19h e às 20h ocorreu uma abertura com apresentação da Variété do Boca de Cena, formada por um Coletivo de Artistas de MS.

Coordenada pelo ator, diretor e produtor Fernando Lopes, a Estação foi inaugurada no final de 2022, como mostramos aqui no TeatrineTV.

Uma grande estrutura de palco foi montada no pátio interno da Estação, onde além de números de malabarismos, mágica, tecido e dança, às 21h30 ocorreu uma apresentação musical do Projeto Kzulo e convidados.

Veja em fotos (na galeria abaixo) como foi a festa de encerramento da Boca de Cena:

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A BOCA DE CENA

(1º.abr.2023) – Apresentação da Variété do Boca de Cena, na estação Cultural Teatro do Mundo, em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv
(1º.abr.2023) – Apresentação da Variété do Boca de Cena, na estação Cultural Teatro do Mundo, em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Realizada pela Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), a Semana Boca de Cena teve início em 27 de março, data em que se celebrou o Dia Mundial do Teatro e o Dia Nacional do Circo. Mostramos no TeatrineTV a abertura do evento, realizada na noite do dia 27 no Teatro Dom Bosco.

Até 1º de abril, 40 apresentações regionais e nacionais aconteceram no Centro, Bairros, Escolas, Distritos e Comunidades de Campo Grande. O diretor da FCMS, Max Freitas, disse ao TeatrineTV que cerca de R$ 1 milhão foi investido em todo o evento.

Além das apresentações artísticas, também ocorreu em 3 dias (27, 28 e 29 de março), o Seminário Estadual de Teatro e Circo, reuniões nas quais os artistas formularam propostas de políticas públicas à frente das áreas neste e nos próximos anos.

AVALIAÇÕES DA BOCA DE CENA

(1º.abr.2023) – fachada da estação Cultural Teatro do Mundo, em Campo Grande (MS), durante a festa de encerramento da Semana Boca de Cena. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv
(1º.abr.2023) – fachada da estação Cultural Teatro do Mundo, em Campo Grande (MS), durante a festa de encerramento da Semana Boca de Cena. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

O paulista Vinícius Piedade, que apresentou as peças 'Hamlet Cancelado’ e ‘Provavelmente Saramago’ na Semana Boca de Cena, estava na festa de encerramento. Foi a primeira vez que Vinícius veio com seu trabalho para a Capital.

(1º.abr.2023) – Vinícius Piedade e Alyadna Freitas (colaboradora do TetarineTV), durante a festa de encerramento da Boca de Cena, na estação Cultural Teatro do Mundo, em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv
(1º.abr.2023) – Vinícius Piedade e Alyadna Freitas (colaboradora do TeatrineTV), durante a festa de encerramento da Boca de Cena, na estação Cultural Teatro do Mundo, em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

"Está sendo muito importante, porque já passei por várias capitais do Brasil e tinha muita vontade de vir à Campo Grande. Há algum tempo eu vinha tentando em contato com o Márcio, antes ele havia me convidado, mas eu estava em turnê para fora do Brasil. E agora deu muito certo. No Dia do Teatro, fiquei muito feliz. Para mim foi muito simbólico apresentar aqui no Dia Mundial do Teatro, um símbolo gostoso e eu adoro símbolos", comentou Vinícius em entrevista ao TeatrineTV.

(27.mar.23) - Vinícius Piedade apresenta Hamlet Cancelado no Teatro Dom Bosco em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv
(27.mar.23) - Vinícius Piedade apresenta Hamlet Cancelado no Teatro Dom Bosco em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Conforme o artista, a Semana Boca de Cena deu para ele, mais do que a oportunidade de apresentação artística. “Além de fazer o ‘Hamlet Cancelado’ e o ‘Provavelmente Saramago’, pude realizar uma oficina: Construção de Espetáculo Solo... E ainda tive a grata felicidade de poder assistir os artistas da cidade. Para mim é muito precioso poder ver o que os artistas das cidades estão produzindo, estão criando... Então, pude trocar experiências com os artistas de Campo Grande, de Corumbá, de Três Lagoas, enfim, para mim é um marco na carreira estar aqui. Enfim, cheguei ao Mato Grosso do Sul”, disse.

(27.mar.23) - Vinícius Piedade apresenta Hamlet Cancelado no Teatro Dom Bosco em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv
(27.mar.23) - Vinícius Piedade apresenta Hamlet Cancelado no Teatro Dom Bosco em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Vinícius teceu elogios à organização da Boca de Cena. "Foi tudo na mosca. Tudo o que foi combinado, foi cumprido. Tive duas apresentações com os teatros lotados, tanto aqui [Teatro do Mundo], quanto no Dom Bosco. Para mim, não há nada mais importante que isso. O teatro tem esse compromisso que o Boca de Cena assume, de chegar em qualquer lugar que o público esteja. Saio daqui muito agradecido por essa vivência", considerou. Vinícius ainda disse que pretende voltar em breve ao estado. "Tenho vontade de trazer o meu outro solo chamado 'Cárcere', que é meu solo que mais viaja pelo mundo. Já passou por 17 países. É um texto político e ao mesmo tempo um grito de liberdade", completou Vinícius.

(27.mar.23) - Vinícius Piedade apresenta Hamlet Cancelado no Teatro Dom Bosco em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv
(27.mar.23) - Vinícius Piedade apresenta Hamlet Cancelado no Teatro Dom Bosco em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

À frente da Estação Cultural, Fernando Lopes, disse ser um grande orgulho receber no espaço a festa final da semana Boca de Cena. "Eu estou muito feliz, cara. Esse é um espaço que eu pensei para isso, para a gente ter na cidade um espaço que tivesse condição de receber um espaço desse tamanho. Onde os artistas os artistas possam conhecer e trazer ideias novas para cá. Não depende só de mim manter esse espaço, nem só do meu grupo, mas de todo mundo que entende que um espaço como esse no centro de Campo Grande é importante. Assim como todos os outros espaços mantidos pelas companhias de teatro aqui de Campo Grande, que são os únicos que mantém espaços abertos ainda. Nem o governo mantém, nem a prefeitura mantém, nem o Sesc mantém um espaço aberto com teatro. Então é muito legal ver a casa cheia dessa forma. O palco montando e os amigos chegando”, celebrou. 

(1º.abr.2023) – Fernando Lopes na festa de encerramento da Semana Boca de Cena na estação Cultural Teatro do Mundo em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv
(1º.abr.2023) – Fernando Lopes na festa de encerramento da Semana Boca de Cena na estação Cultural Teatro do Mundo em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Na opinião de Fernando, desde que ele veio para MS, essa foi a melhor edição do Boca de Cena. “Eu estou achando esse o melhor Boca de Cena... acho que  pelo fato de o governo do estado ter chamado para si a responsabilidade de fazer o evento. Isso fez com que fosse mais organizado. Também tivemos nessa edição companhias de São Paulo, do Rio de Janeiro, muitas pessoas do interior estiveram aqui fazendo oficina, apresentando espetáculo. Esse final, essa festa, faz tempo que não tínhamos uma festa tão bem-organizada. Eu tenho para mim que esse é um dos melhores Bocas de Cena. Acho que o Márcio chegou muito forte na função que ele está hoje na Fundação e é um parceiro da cultura... Eu estou esperançoso de que é um momento novo para a classe artística de Campo Grande e de todo estado”.

(1º.abr.2023) – Fernando Lopes no palco, com um mágico, no encerramento da Semana Boca de Cena na estação Cultural Teatro do Mundo em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv
(1º.abr.2023) – Fernando Lopes no palco, com um mágico, no encerramento da Semana Boca de Cena na estação Cultural Teatro do Mundo em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Responsável direto pelo evento na FCMS, Márcio Veiga (gerente da Difusão Cultural), também estava na festa de encerramento. Este foi o 1º evento realizado por ele, no cargo atual. "Como não foi nomeado ainda uma pessoa para assumir a coordenação de teatro, então eu terminei acumulando as duas funções, apesar de não estar ganhando para isso (brincou). Apesar disso, considero que foi uma oportunidade de aplicar todo o conhecimento que eu adquiri nesses 16 anos de Fundação de Cultura. De ter uma autonomia, com a confiança oferecida pelo presidente da Fundação de Cultura, onde eu pude coordenar um projeto que pautou pelo diálogo com a classe, com a comunidade e principalmente pela democratização”, disse.

(1º.abr.2023) –  Esq/dir: Edson Clair, Wancleia Lanziani e Márcio Veiga no encerramento da Boca de Cena, na estação Cultural Teatro do Mundo em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv
(1º.abr.2023) – Esq/dir: Edson Clair, Wancleia Lanziani e Márcio Veiga no encerramento da Boca de Cena, na estação Cultural Teatro do Mundo em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Para Márcio, a Boca de Cena oportunizou que o público campo-grandense tivesse contato com integridade da qualidade do Circo e Teatro produzido no estado. “Não é um recorte, é uma integridade do Teatro e Circo do Estado. Isso vai possibilitar a se desfazer uma série de preconceitos, porque nós mostramos que existe uma qualidade incrível na produção do teatro e circo do estado. Mostramos, principalmente para o público, que aqui há uma grande diversidade na linguagens dos espetáculos com diversos tipos de técnicas e dramaturgias”, avaliou.

(1º.abr.2023) –   Esq/dir: Márcio Veiga, Edson Clair, Lidiane Lima e Lidiane Lopes no encerramento da Boca de Cena, na estação Cultural Teatro do Mundo em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv
(1º.abr.2023) – Esq/dir: Márcio Veiga, Edson Clair, Lidiane Lima e Lidiane Lopes no encerramento da Boca de Cena, na estação Cultural Teatro do Mundo em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

O servidor disse ainda que a Boca de Cena oportunizou uma reflexão sobre o quão importante é ter parelhos culturais ativos na cidade. “O Boca de Cena proporcionou que os espetáculos chegasse à diversos espaços. Não só escolas, praças e espaços alternativos, mas também possibilitou que o público pudesse ir ao teatro. Temos dois teatros muito importantes: o teatro Dom Bosco e o teatro Glauce Rocha, que acomodaram muito bem a mostra Boca de Cena e que demonstraram a importância desses aparelhos culturais para a formação de plateia e para formação cultural. E demonstram uma obrigação do estado de recuperar os espaços que estão fechados, porque os teatros são extremamente importantes. O teatro indo à escola é importante. O teatro indo ao espaço alternativo é importante, mas o teatro tem que que ir par o teatro. O teatro e o circo. Então demonstrou que espaços como esses dois teatros que eu citei eles impressionam pela sua grandiosidade, é como se fosse um templo para o ator, para o diretor. Então, reforço que o poder público deve ter compromisso com a recuperação dos equipamentos culturais e com abertura de novos espaços, que ofereçam conforto e acessibilidade à população. Isso gera valorização da arte, com espaço adequado sem intercorrências de barulhos que venham à atrapalhar a apresentação e também gera uma experiência de alta qualidade no público”, disse.

(1º.abr.2023) – Esq/dir: Roberto Figueiredo (superintendente de Cultura da Sectur) e Márcio Veiga (difusão cultural da FCMS), posam para foto na festa de encerramento da Boca de Cena, na estação Cultural Teatro do Mundo em Campo Grande (MS). Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Sobre o trabalho para o próximo Boca de Cena, Márcio disse que a tônica do presidente da FCMS, Max Freitas, é antecipação. “A tônica do presidente é antecipação, o planejamento e é a desburocratização. Nossa equipe buscará desburocratizar cada vez mais e com certeza, acabando os trâmites desse Boca de Cena, já vamos começar a estudar o Boca de Cena do ano que vem. Não só o Boca de Cena, mas todos os projetos que forem sendo encerrados, já vamos passar a adiantá-los. Não dá para a gente ficar na eminência de burocracias e correr o risco de perder projetos importantes como esse por conta de falhas do estado. Sob a minha gerência, com certeza vamos buscar que os projetos sejam cada vez menos burocráticos seguindo a tônica do presidente”, revelou.

Questionado sobre o porquê as apresentações do Boca de Cena tiveram tantos problemas técnicos com áudio, Márcio explicou que as falhas são proeminentes. “Nós fizemos a mostra com bastante qualidade, mas admitimos alguns erros. É impossível você querer criar um produto realmente grandioso e achar que não vai ter alguma falha. Os problemas que realmente chamaram atenção, vamos criar um canal de diálogo para a gente poder captar as necessidades e corrigir na próxima vez. Não tem como chorar o leite derramado, mas temos como tônica a questão de dialogar, de reconhecer os erros e corrigi-los nas próximas vezes, principalmente na questão técnica, que prejudica a apreciação do público. Na próxima edição, vamos procurar corrigir questões técnicas, de áudio, luz e produção, que possam interferir no produto final”, comprometeu-se. 

Mácio citou acessibiliade como elemento de grande conquista nesta edição do Boca de Cena. Foto: Arquivo pessoal
Mácio citou acessibiliade como elemento de grande conquista nesta edição do Boca de Cena. Foto: Arquivo pessoal

Márcio destacou que a grande conquista do Boca de Cena deste ano, foi ter ampliado sua acessibilidade e diversidade de públicos. “Eu sempre tive um respeito muito grande por todos os públicos, claro que não atingimos 100%, mas se atingimos 70% das perspectivas, já é três quartos do caminho andado. Nós nos organizamos para atender, público externo: escola do interior. Nos mobilizamos para atender o público interno: escolas de Campo Grande. E nos mobilizamos para atender o público interno especial, que são as instituições que trabalham com crianças com deficiência, com autismo e tudo mais... Nós conseguimos atingir muito desse público. Tivemos dentro do teatro pessoas com deficiências, cadeirantes, deficientes auditivas e gente com autismo. Então, acredito que não tingimos na plenitude, nós conseguimos aproximar essas minorias que talvez nunca se sentiram à vontade dentro do teatro”, detalhou.

A intenção para 2024, é que a FCMS amplie a equipe, para atingir cada vez mais os públicos citados por Márcio.  “Para que esse público seja privilegiado de fato. Que se seja convidado, que se sintam à vontade, que se sintam cidadãos como todos nós. Porque eles pagam impostos, merecem respeito e tem direito de usufruir dos espaços como todos”, definiu.

Márcio concluiu resumindo a mostra Boca de Cena na palavra 'democratização'. "Porque quando você tem um produto e não consegue fazer com que chegue às pessoas, ele não tem sentido nenhum. Não existe teatro sem público. Então temos a vontade de fazer com que o público se sintam à vontade para apreciar, para que se torne um público formado, para que nossa arte possa se sustentar", finalizou.