A exposição “Flores e Bichos: A Leveza na Arte de Galvão Pretto” terá uma vernissage às 19h desta 4ª.feira (23.abr.25), na Casa de Ensaio em Campo Grande (MS). No evento, haverá apresentação de afrojazz ao vivo conduzida pelo percussionista Jorge Aluvaiá.
'Flores e Bichos' reúne mais de 40 obras do artista plástico carioca Galvão Pretto, falecido em janeiro de 2023, após viver por 24 anos produzindo artes na Capital sul-mato-grossense.
Natural do Méier, bairro da zona norte do Rio de Janeiro, Galvão foi profundamente influenciado pela cultura ferroviária e pela paisagem urbana e histórica do local onde nasceu. Formado pela Escola de Belas Artes da UFRJ, iniciou sua carreira artística na Capital carioca, tendo recebido premiações e participado de salões de arte em cidades como Petrópolis.
Em Campo Grande, consolidou sua trajetória com exposições em espaços como o Museu de Arte Contemporânea (Marco).
A curadoria da exposição é assinada por Jacy Curado, psicóloga e companheira do artista por mais de duas décadas, em colaboração com a escultora e arte-educadora Ilva Canale. Elas apontam que a proposta curatorial foi organizar a mostra em ordem cronológica reversa, partindo das obras mais recentes até as mais antigas, com o objetivo de evidenciar o amadurecimento do olhar artístico de Galvão. As obras retratam flores, frutos, ervas, aves, répteis, capivaras, piranhas e até um jacaré cor-de-rosa — elementos típicos do bioma sul-mato-grossense representados com inventividade e delicadeza.
“Ele sempre teve um encanto pelo Pantanal e pelo cerrado”, lembrou Jacy. “Durante períodos difíceis, como a pandemia e fases de tratamento de saúde, ele se refugiava na criação, buscando leveza até nos momentos mais delicados. As esculturas têxteis de cachorrinhos, feitas sem tinta, são exemplo disso”, contou a viúva.
Mais que uma retrospectiva, “Flores e Bichos” é o primeiro passo de um esforço maior para preservar e difundir o legado de Galvão Pretto. Como explicou Jacy Curado: “A obra de arte nunca morre. Cabe a nós dar continuidade à sua circulação e manter vivo o olhar leve e curioso do Galvão sobre o mundo”.
Ilva Canale destacou a multiplicidade técnica do artista. Galvão inventava métodos próprios, como uma adaptação do papel machê com moldes de gesso, e utilizava materiais leves e acessíveis. Suas obras transitam entre pinturas, desenhos com pastel e lápis de cera, e esculturas que misturam rusticidade de forma e leveza de matéria. “A mente dele era inquieta. Ele era calmo, mas criativo, sempre em busca de novos caminhos”, comentou Ilva.
A montagem da exposição foi concebida pelo cenógrafo Haroldo Garay, que conviveu com o artista nos últimos anos. A ambientação lúdica aproxima o visitante do universo natural de Galvão, com esculturas posicionadas no chão, simulando o habitat natural das espécies retratadas. “Queremos que o público — adultos e crianças — se encante com essa brincadeira, assim como o Galvão se divertia criando”, adiantou Garay.
Além da homenagem, a mostra marca a reabertura da Galeria Lúcia Barbosa Martins, dentro da Casa de Ensaio. A galerista Celeste Curado, cunhada do artista, celebrou a oportunidade de ampliar o acesso à arte na cidade. “As obras de Galvão, com suas representações do cerrado e do Pantanal, tocam o público local com afeto e familiaridade. Isso facilita até mesmo a comercialização, por serem imagens que fazem parte do nosso cotidiano”.
A exposição ficará aberta ao público até 20 de junho na Casa de Ensaio, com entrada gratuita.