O último esquenta de Carnaval do bloco Farofolia, na noite do sábado (20.jan.23), em homenagem à comunidade trans LGBTQIAPN+, lotou.
Conforme havíamos anunciado aqui, primeiro ocorreu uma pré-festa no Ponto Bar que iniciou às 18h. A mesa foi comandada pela DJ e produtora cultural LadyAfroo, que trouxe como convidadas as DJs Gikka e DJ Jubba.
Ao TeatrineTV, logo após sua apresentação, Gikka, de 24 anos, se disse honrada por se apresentar num bloco carnavalesco tão importante. “Quando eu era mais jovem eu vinha no rolê e eu aproveitava, amava e curtia e hoje em dia estar do outro lado, como DJ, proporcionando que as pessoas tenham bons momentos, que elas possam curtir esse momento que é o carnaval, que é tão importante, tão simbólico e ao mesmo tempo tão político é uma honra pra mim. É inexplicável. Eu amo e espero estar muito nos palcos do carnaval deste ano", comentou.
O bar fica localizado na Rua Doutor Temístocles, 103, no Centro de Campo Grande (MS). O local é conhecido por abrigar eventos especiais aclamados pelo público LGBTQIAPN+ e público em geral.
Uma das principais características que atraem muitas pessoas ao local, além da bela ornamentação interna e externa, bebidas e pratos variados, é a segurança. "Eu venho desde quando o bloco começou. É muito ruim você sair da sua casa para festejar e se sentir incomodada no local. Tem locais onde você não se sente segura, não se sente à vontade, entende? Eu me sinto muito à vontade e me sinto muito segura em festejar, em poder curtir aqui no Ponto Bar”, avaliou a autônoma, Rafaela Capucci, de 32 anos.
O Farofolia é atualmente o maior bloco da LGBTQIAPN+ de Mato Grosso do Sul, tendo surgido em 2019. Rapidamente ganhou adeptos e pelo segundo ano consecutivo abrirá no próximo 9 de fevereiro o desfile de blocos na Esplanada Ferroviária, na Capital. Para o multiartista e participante do bloco, Ariel Ribeiro, de 30 anos, a segurança é de fato o grande diferencial no Farofolia. “A cultura do carnaval é movida muito mais pelos blocos de rua, pelas pessoas que participam e a gente sabe o quanto a nossa comunidade LGBTQIAPN+ está presente nesses eventos. A gente quer espaços seguros, a gente quer poder se divertir com a certeza de que a gente não vai ser violentado, que as minas não vão ser violentadas, de que a gente não vai sofrer nenhum tipo de repressão porque a gente está se divertindo na rua ou por conta da nossa sexualidade”, considerou.
Presente no Farofolia desde a primeira edição, a drag Bruandra Guel, de 27 anos, destacou que o crescimento do bloco oferece trabalho à muitos profissionais e que uma das missões é desmistificar o que é Carnaval. "É muito legal ver o rolê de carnaval em Campo Grande crescendo aos pouquinhos, porque eu sempre cresci ouvindo que carnaval não prestava, que carnaval é coisa de vagabundo e não existiam festas de carnaval antigamente aqui na cidade, tinha muito esse preconceito. Quando eu comecei a sair e a conhecer eu vi que não era nada disso. É uma festa que gera empregos, que gera renda, é um feriado em que as pessoas têm direito de se divertir. Então, ver a Farofolia crescer é muito bom e ver chegar ao ponto de ter um palco montado no meio da rua é melhor ainda. Para esse ano eu espero que o evento seja maior que no ano passado e meu maior desejo é que tenhamos atrações nacionais, icônicas, do nosso carnaval brasileiro", prospectou.
Após a pré-festa, todo o público do Ponto Bar precisou apenas atravessar a rua para entrar na Loop Music Hall, que também fica na Rua Dr. Temístocles, número 91. Na casa de shows, a recepção foi feita pelos DJs Gaga Funkeira, Abhnerrr e Renê. Em seguida o line-up contou com apresentações das Djs Afropaty e Deumathh.
Um dos pontos altos do último grito do Farofolia foram as apresentações performáticas de Yara Maria e Emanuelle Fernandes.
Um dos idealizadores do Farofolia e responsável pelas apresentações da noite no Ponto Bar e na Loop, o produtor de eventos Thallyson Perez, de 30 anos, revelou que a missão era celebrar a comunidade LGBTQIAPN+ incluindo a maior diversidade possível. “A gente tenta incluir todas as siglas da comunidade LGBT dentro dos nossos eventos, então desde o staff é LGBT, até as artistas que se apresentam e a gente sempre tenta incluir eventos temáticos. Como janeiro é o mês da visibilidade trans, a gente aproveitou esse gancho para fazer o último grito de carnaval com essa homenagem do mês da visibilidade trans, para as artistas trans, as performers. Essas pessoas se sentem acolhidas dentro do evento, então é muito importante a gente dar essa visibilidade, em todos os momentos”, completou.
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