Com frequência, a prefeita Adriane Lopes (Patriota) e sua secretária de Cultura e Turismo de Campo Grande (Sectur), Mara Bethânia, disparam essa espécie de slogan: “Campo Grande, a Capital das Oportunidades”. Ao assistir o 1º dia de desfile das Escolas de Samba tradicionais na noite chuvosa da 2ª.feira (20.fev.23), eu tentava encontrar quais eram as ‘oportunidades’ aos que produzem e para a população, que foi assistir as escolas que a muito resistem com pouco na Capital agro pensada para ser anticultural.
Pois bem, te colocando a par da geolocalização dos desfiles na Capital sul-mato-grossense: anualmente, o Sambódromo é instalado na Avenida Alfredo Ascaf, na Praça do Papa, Vila Sobrinho. E também, anualmente, a estrutura montada de arquibancadas é velha e sem coberturas para o público.
A população que assiste, ano a ano está reduzindo, muito em razão do desrespeito dos órgãos públicos e dos responsáveis pelo evento. Nesse caso é responsável a Liga das Escolas de Samba (Lienca-CG), que tem como presidente Marilene Pereira de Barros, e os órgão são a Sectur e a Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).
A Lienca me parece elitista. É uma entidade carnavalesca que repete ano a ano os mesmos erros em Campo Grande. Se a festa é para o povo, por que é que eles estão sob a chuva e os reis [corte], comunicadores e amigos próximos dos ‘cabeças’ estão sob coberturas confortáveis? A estrutura de cobertura contra a chuva exclusiva para integrantes que ocupam alguns camarotes é uma decisão lastimável. O modelo aplicado é errado! Quem faz o carnaval é povo e em 2024 isso [o povo sob a chuva] não pode se repetir! As cenas que vi ontem doem em meu coração de artista. Não vou me omitir! A população precisa ser respeitada!
O mínimo de respeito não é levado em conta no Carnaval de Campo Grande – a Sectur diz ter dado apoio com estrutura que inclui banheiros químicos e sonorização – essa última, estava péssima! Além disso, a prefeitura diz ter investido R$ 440 mil nas 8 escolas de samba – ontem foram 3. Hoje (21.fev.23), desfilam as demais.
Além de não investir nas coberturas para dar a dignidade devida ao público, os organizadores aplicaram verba pública em itens inúteis, o caso de dois telões que exibiam as logomarcas da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul.
A FCMS diz ter feito o repasse de R$ 800 mil para a Lienca para apoiar as 8 escolas de samba.
“Obrigado ao governador Eduardo Riedel, por meio da Fundação de Cultura, a prefeita Adriane Lopes, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo e a Lienca, por meio da presidente Marilena, por nos dar essa festa linda”, dizia o locutor carnavalesco sob uma cobertura tentando animar o povo que se escondia sobre as ferragens da velha arquibancada, que mais lembram aquelas estruturas montadas aos lados dos currais para vacinar bovinos.
Também posso pontuar que a estrutura de iluminação ao redor do sambódromo é horrível. Não há nada de especial que celebre a festa popular mais importante do país. Outra decisão errônea foi a de soltar fogos de artifícios com som na abertura dos desfiles. No público, na vizinhança e entre os integrantes que desfilariam, haviam pessoas sensíveis à estrondos. Além disso, é claro, do prejuízo aos tímpanos dos animais de estimação nas diversas moradias ao redor da Praça. Podem os realizadores desconhecer que pirofagia com som é algo ultrapassado?
Eu saí de casa ontem com a intenção de assistir ao Carnaval e ouvir o público sobre como estava sendo tal experiência, mas vê-los sob a chuva daquela maneira tão desrespeitosa me desestimulou a tecer qualquer elogio. Eu poderia prolongar minha indignação, mas produzi imagens que falam por si só.
A responsabilidade é do coletivo organizador e patrocinador do Carnaval na Capital das Oportunidades. Espero que em 2024 essa falta de respeito com o público não se repita ou em breve veremos o Carnaval tradicional não ser mais frequentado. Sem o público, não haverá oportunidades para ninguém!
QUEM DESFILOU?
Após uma trégua na chuva, desfilaram na noite de ontem em Campo Grande as escolas Herdeiros do Samba, G.R.E.S Unidos do Bairro Cruzeiro, Vila Carvalho e Igrejinha. A reportagem conseguiu acompanhar a apresentação da última a desfilar, a Igrejinha. Eis a galeria:
Já nesta 3ª.feira (21.fev.23), passam pela avenida Cinderela Tradição do José Abrão, Deixa Falar, Unidos do Aero Rancho e Os Catedráticos do Samba.
Das oito escolas de samba que desfilam, sete delas serão julgadas, sendo: G.R.E.S Unidos do Bairro Cruzeiro, Vila Carvalho, Cinderela, Deixa Falar, Igrejinha, Unidos do Aero Racho e Catedráticos do Samba.
A apuração dos votos acontece na 4ª.feira (22.fev.23), a partir das 14h, nesse a apuração será na Praça do Rádio, no Centro. Após abertura dos envelopes e verificação das notas de todos os quesitos, será anunciada a escola campeã do carnaval 2023.