Entre setembro e outubro deste ano, 112 pessoas, com idades entre 18 e 89 anos, receberam formação contra fake news em Campo Grande (MS).
A iniciativa foi conduzida pelo TeatrineTV na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em 16 de setembro, onde a mestre em comunicação Camila Zanin ofereceu formação a uma turma de 54 acadêmicos de Jornalismo. Demos destaque aqui.
No dia seguinte, 17 de setembro, Camila ofereceu formação a 34 jovens do curso de Publicidade e Propaganda na UNIDERP.
A terceira formação ocorreu em 18 de outubro na ACIESP – um instituto de capacitação e suporte para mulheres, LGBTQIA+ e idosos vítimas de violência e/ou abandono familiar. No local, 24 idosas, com idades entre 50 e 90 anos, assistiram a uma formação ministrada pelo diretor do TeatrineTV, Tero Queiroz.
As três formações integram ações do programa Diversidade nas Redações - Desinformação e Eleições da Enóis, apoiado pela Google News Initiative e em parceria com outras dez organizações de jornalismo local e independente.
Em todas as três formações, além do conteúdo, o TeatrineTV ofereceu lanches e refrigerantes aos participantes. Veja imagens da três formações:
IMPACTOS DAS DUAS ÚLTIMAS FORMAÇÕES
Priscila, de 18 anos, aluna de Publicidade e Propaganda na UNIDERP, mora no interior do estado e considerou que por lá, formações como a conduzida por Camila Zanin, teriam forte impacto. “É importante sempre conferir muito bem as pesquisas, ter sempre o autocontrole de tudo, principalmente no interior, né? No interior sempre ocorre muito fake news também, né? Então, passar essa informação para eles é muito boa. Lá a circulação de mentiras é muito grande, né? Porque tem muita gente que faz muita fake news, passa a informação errada, principalmente nas eleições. Eu acho que isso é o mais grave que tem, assim como a Covid foi. Então, acho que para o nosso caso, que talvez lá para frente seja, chega à parte das eleições, vai ter muita fake news. Então, a gente tem que tomar muito cuidado com as propagandas, principalmente”, observou a jovem acadêmica.
Na mesma sala na UNIDERP, Everton, de 36 anos, contou que aquela foi a primeira vez que participou de uma formação sobre fake news. “As informações recebidas aqui eu achei fantásticas. Já fiz, sim, checagem, mas não com tantas, como eu posso dizer, com tantas ferramentas como foi apresentado hoje. Certo. Aquele básico mesmo, em Google, primeira, segunda linha ali, a gente entra, vê ali um Globo News, uma outra mais conhecida, mas nada tão específico”.
Ele também apontou que o grande momento em que a fake news precisa ser combatida é nas eleições. “Hoje em dia, eu acho que a pior parte que a gente tem hoje, com essa questão de fake news, ou falta de checagem, é na política. Acho que é o que mais prejudica a gente”, apontou.
O servidor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), também estudante de Publicidade e Propaganda na UNIDERP, Paulo Leonel, 41 anos, contou que no ambiente em que ele trabalha a luta é constante contra informações falsas. “Sim, na polícia a gente luta muito contra isso, né? Porque, principalmente com o trabalho na PRF, especialmente, trabalho na área de comunicação lá, né? No setor de comunicação. Então, tem muita fake news relacionada à polícia. Então, por exemplo, combate a incêndios... Vários, assim, multa de trânsito, radar, acidente, tem muita fake news relacionada a acidente”, revelou ele, explicando que a formação acrescentará ainda mais no seu trabalho e vida pessoal. “Não tem muito esses cursos, para esse nicho tão importante. A professora Camila nos ofereceu inúmeros exemplos e ferramentas que vou levar para o trabalho e para a vida”.
A Coordenadora do Curso de Jornalismo na UNIDERP, Angelica Sigarini, considerou a formação conduzida por Camila como um momento de levar o acadêmico aos desafios que encontrará no mercado de trabalho. “O mundo universitário tenta fazer o aluno fugir desse tipo de informação, principalmente quando a gente fala de jornalismo. A possibilidade de apurar informação, isso faz com que o aluno entenda a importância de buscar a veracidade, a dinâmica do que encontrará no mercado. E, com isso, fica mais fácil combater as fake news dentro do próprio ambiente acadêmico”, avaliou.
Para ela, o momento formativo foi fundamental. “Eu acho que não, o aluno não é só sala de aula, né? Sempre trazer algo diferente para eles, para todos os assuntos que possam debater é sempre importante”.
A mestra em Comunicação e doutoranda em Jornalismo, Angela Werdemberg, estava à frente da turma que recebeu formação na UNIDERP. Angela avaliou a importância do momento oferecido aos acadêmicos: "É extremamente importante hoje aqui, uma turma de publicidade, e a gente sabe que aqui no mercado sul-mato-grossense, muitos dos publicitários vão trabalhar na área política, que é uma área que emprega muito aqui no nosso estado, e esse tipo de formação é extremamente importante para a formação enquanto profissional e para a formação enquanto cidadão também, porque tem muitas informações ali que a gente leva para a nossa vida enquanto cidadão e não só enquanto profissional”, declarou.
Além da turma jovem, a formação foi celebrada na ACIESP. Maria Divina da Silva Moreira, 62 anos, ressaltou a oportunidade de obter informações para saber como lidar com falsas informações. "Gostei muito, né? Esse momento que aconteceu aqui hoje, sobre nós informando sobre fake news, eu gostei muito e isso é bom que a gente sempre fica alerta, porque há várias situações que acontecem e a gente talvez não saiba e passe despercebido, né? Então, é sempre bom a gente ter uma pessoa assim igual vocês, que vieram para nos alertar sobre isso. Porque nós somos um público mais alvo dessas mentiras, talvez pela idade, porque ainda temos pouco entendimento das tecnologias. Então, graças a Deus que teve esse momento aqui, porque às vezes muitas de nós acabamos enviando fake news de mensagens umas para as outras. Acho que agora vamos ficar mais atentas”, disse.
Também presente na formação na ACIESP, Aparecida Terra, de 69 anos, brincou que já chorou a perda de artistas queridos que sequer tinham morrido, mas após essa formação, disse que a situação não irá se repetir. “O que eu aprendi é que essa forma da tecnologia machuca muita gente. E acho que isso vai me ajudar a ficar mais alerta, porque, por exemplo, meu marido me contou que um artista faleceu, mas eu fui verificar e era fake news. Agora, vou ficar mais atenta, para não ficar chorando a perda de alguém que não morreu”, concluiu.