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Cultura Nacional

Com diferença de horas, morrem Gal Costa e Rolando Boldrin

Por TERO QUEIROZ • 09/11/2022 • 18:29

A cantora brasileira Maria da Graça Costa Penna Burgos, conhecida como Gal Costa e o ator, cantor, compositor e apresentador brasileiro Rolando Boldrin, morreram nesta 4ª.feira (9.nov.22).

Gal teve a morte confirmada às 11h. Ela tinha 77 anos. Boldrin faleceu às 16h20, ele tinha 86 anos. As causas das mortes deles não foram informadas.

Ela estava em casa quando faleceu. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein há dois meses. Os dois moravam em São Paulo.

Ambos os artistas tiveram enorme contribuição para a cultura do país. Veja abaixo.

A GAL

Gal Costa Show Recanto - HSBC BRASIL. Foto: Reprdoução | Flirck 2013

Gal nasceu em 26 de setembro de 1945 em Salvador. Antes de ser cantora foi balconista da principal loja de discos na capital baiana: a Roni Discos.

Lançou sucessos da cultura popular como "Baby", "Meu nome é Gal", "Chuva de Prata", "Meu bem, meu mal", "Pérola Negra" e "Barato total". Foram 57 anos de carreira, iniciada em 1965, quando a cantora apresentou músicas inéditas de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Ela ainda era Maria da Graça quando lançou "Eu vim da Bahia", samba de Gil sobre a origem da cantora e do compositor.

Na longa carreira, Gal lançou mais de 40 álbuns entre discos de estúdio e ao vivo. "Fa-tal", "Índia" e "Profana" foram três dos principais.

Destacada compositora e multi-instrumentista brasileira, Gal foi eleita como a sétima maior voz da música brasileira pela revista Rolling Stone Brasil em 2012.

O último álbum lançado foi "Nenhuma Dor", em 2021, quando Gal regravou músicas como "Meu Bem, Meu Mal", "Juventude Transviada" e "Coração Vagabundo", com cantores como Seu Jorge, Tim Bernardes e Criolo.

De 1991 a 1992 Gal viveu junto com o empresário Marco Pereira. Gal Costa era assumidamente bissexual, e ao longo dos anos ficaram conhecidos seus relacionamentos afetivos com mulheres anônimas e famosas, dentre elas a cantora Marina Lima e a atriz Lúcia Veríssimo.

Em entrevistas revelou nunca ter conseguido engravidar devido a obstrução nas trompas, doença que surgiu ainda na adolescência, e que tentou o processo de fertilização, mas não obteve êxito.

Gal morreu deixando um filho, Gabriel Costa Penna Burgos, de 17 anos. Ele foi adotado pela cantora quando tinha 1 ano de idade, depois de conhecê-lo em um abrigo no Rio de Janeiro.

O BOLDRIN

Festival de Música Raiz 03 e 04 de agosto de 2018. Foto: Bruno Tadashi
| Festival de Música Raiz.

Boldrin nasceu em São Joaquim da Barra, em 22 de outubro de 1936.  Desde pequeno tocava viola. Aos doze anos, começou uma empreitada musical com o seu irmão, formando a dupla Boy e Formiga, que era bem-sucedida na rádio do município.

Aos dezesseis anos, Boldrin foi para a capital São Paulo, de carona em um caminhão. Na capital, antes de emplacar na carreira de cantor, foi sapateiro, frentista, carregador, garçom e ajudante de farmacêutico.

Aos dezoito, serviu o exército em Quitaúna e nos anos que se seguiram dedicou-se à atividade musical.

Boldrin estreou em disco profissional, em 1960, como participante do disco de sua futura esposa, que se tornou sua produtora na época, Lurdinha Pereira. Em 1974, lançou seu primeiro disco solo, pela Continental, O Cantadô.

Seu repertório de canções caipiras reúne cateretês, toadas e modas brasileira de enfoque rural.

Em sua discografia há os títulos: 0 cantado, 1974; Êta mundo, 1976; Longe de casa, 1978; Rio abaixo, 1979; Giro-o-Giro, 1980; Inventando moda, 1980; Caipira, 1981; Poemas do Som Brasil, 1982; Violeiro, 1982 (em dupla com Ranchinho, Cascatinha, Corumbá e outros); Empório Brasileiro, 1984; Clássicos do poema caipira, 1985; Resposta do Jeca Tatu, 1989; Terno de missa, 1989; Emporio Brasil, 1990; Perto de casa, 1991 e Disco da moda, 1993.

Ao longo da extensa carreira, Boldrin trabalhou como ator de teleteatros da TV Tupi, entre o final da década de 50 e começo da de 60, ao lado de vários nomes como Lima Duarte, Laura Cardoso, Dionísio Azevedo e outros. O livro A TV antes do VT mostra várias passagens do ator na emissora, em fotos registradas das gravações dos programas da TV Tupi, antes da implantação do videoteipe.

Na televisão, entre as décadas de 1960 e 1980, Boldrin atuou em diversas novelas das TVs Record, Tupi e Bandeirantes (em aproximadamente 30 novelas).

Ele também mostrou seu talento para atuação fazendo o personagem “Pedro Melo” em O Tronco (1999), filme baseado no romance homônimo do escritor goiano Bernardo Élis. Pela performance no filme, Boldrin recebeu o prêmio de melhor ator coadjuvante no Festival de Brasília.

Como apresentador de televisão, na década de 80, esteve à frente dos programas Som Brasil, (TV Globo), Empório Brasileiro (TV Bandeirantes) e Empório Brasil (SBT).

Nos últimos 17 anos, ele ficou conhecido por apresentar o programa 'Sr. Brasil', da TV Cultura. “Boldrin 'tirou o Brasil da gaveta' e fez coro com os artistas mais representativos de todas as regiões do país”, disse em nota de pesar a Fundação Anchieta.

Em 2010, Boldrin foi tema do desfile da escola de samba Pérola Negra no carnaval de São Paulo com o enredo "Vamos tirar o Brasil da gaveta". O seu empenho em ressaltar a cultura nacional foi um dos pontos centrais do desfile.

Em 2022, a TV Cultura homenageou o ator pelos seus 85 anos de vida com a exibição do documentário Eu, A Viola e Deus, dirigido por João Batista de Andrade.


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Tags: CULTURA, Gal Costa, música, Rolando Boldrin

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