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Audiovisual

"O futuro do cinema é a coprodução", diz atriz Ana Ivanova

Para ela, a ancestralidade que aproxima Brasil e Paraguai é vantajosa para as futuras produções audiovisuais

Por ALY FREITAS • 01/10/2023 • 18:46

A atriz paraguaia Ana Ivanova esteve em Campo Grande para a 5ª edição do Desver - Festival de Cinema Universitário de Mato Grosso do Sul, que ocorreu de 25 a 29 de setembro e reuniu filmes de curta e longa-metragem produzidos por cineastas e estudantes de audiovisual de todo o país.

A equipe do TeatrineTV acompanhou o encerramento do festival que aconteceu na 6ª.feira (29.set.23), no Museu da Imagem e do Som (MIS) e contou com a exibição do longa premiado 'Las Herederas', do diretor paraguaio Marcelo Martinessi. O filme, que tem Ivanova no elenco, é uma coprodução entre Paraguai, Brasil, Alemanha, Uruguai, Noruega e França.

Cena do filme 'Las herederas'. Foto: Divulgação

"Eu acredito que, no futuro, as produções tem que ser colaborações territoriais próximas", comentou Ivanova, que esteve pela primeira vez na capital sul-mato-grossense ministrando uma oficina de atuação para cinema. Um dia antes, ela havia se apresentado na Casa-Quintal Manoel de Barros, no recital 'Lídia visita Manoel' ao lado de Beatrice Sayd.

Para a atriz, o fato de o Mato Grosso do Sul fazer fronteira com o Paraguai, torna possível futuras produções em cooperação entre os dois países. "O Brasil tem uma fronteira com o Paraguai e apesar de terem idiomas separados, tem a cultura guarani e a relação com seus ancestrais e culturas indígenas muito mais próximas que outros países como Argentina ou Chile, por exemplo, que não tem essa relação tão próxima no cinema", apontou Ivanova, fazendo menção às novas políticas para o audiovisual que começaram a emergir no Paraguai.

Ivanova também defendeu a troca de experiências entre profissionais dos dois países. Para ela, pelo cinema se tratar de um exercício coletivo, muito se aprende além da universidade, em intercâmbios com profissionais que viveram diferentes processos cinematográficos. "No mundo, o futuro é a coprodução. Nenhum país vai produzir um só filme, nem a Europa. O mundo já trabalha em redes. Acredito que agora que o Paraguai conta com um instituto de audiovisual, deve começar uma relação de intercâmbio que pode ser de financiamento, filmes, produções, mas também intercâmbio de formação para que diretores paraguaios possam vir ao Brasil para falar de sua experiência e que diretores brasileiros, ou produtores, atrizes, de todas as funções cinematográficas, possam trocar experiências".

A atriz paraguaia Ana Ivanova está confirmada no elenco de um filme sul-mato-grossense. Foto: @teroqueiroz | Teatrinetv

Fazendo uma menção histórica, a atriz ilustrou o amadurecimento do cinema latino-americano. "A América Latina é uma identidade cinematográfica. Recordemos os anos 80, 90, o novo cinema latino-americano que mudou completamente a narrativa. Nós nos desprendemos de muito para buscar nossas próprias histórias, as histórias do nosso povo. Então, em um mundo com coproduções, essas histórias podem seguir crescendo e podemos seguir criando. O futuro é a coprodução", apontou.

Ana Ivanova ao lado do cineasta Joel Pizzini. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

Animada com a possibilidade de retornar ao Mato Grosso do Sul, Ivanova revelou já ter trabalhado em produções brasileiras mas que, em breve, deve estar no elenco de um filme sobre a vida da artista sul-mato-grossense Lídia Baís. "Fiz um filme com um diretor pernambucano que se chama Camilo Cavalcante em 2019, fiz teatro com Gerald Thomas em 2017, em São Paulo e espero poder fazer Lídia, com Ricardo Câmara, em um futuro próximo. Fazer esse filme entre Paraguai e Mato Grosso do Sul seria maravilhoso. Temos que aproveitar essa proximidade, pois a proximidade é o que nos fortalece", concluiu.

Cineastas e estudantes de audiovisual participaram de um bate-papo com a atriz Ana Ivanova. Foto: @teroqueiroz | @teatrinetv

DESVER

Viabilizado pelo curso de Audiovisual da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), o festival Desver ocorre anualmente, concomitante ao festival Mais Cultura UFMS.

Segundo o professor Julio Bezerra, as ações deste ano buscaram alcançar o público geral. Em 2023, foram cerca de 150 inscrições de todo o Brasil para a mostra competitiva que contou com a parceria do MIS-MS para a exibição de alguns filmes. "A nossa mostra competitiva ocorre lá [na UFMS]. A gente tenta, a cada edição, trazer outras atividades, em outros espaços, para além da universidade. A gente tem conseguido, edição por edição, aumentar esse público de fora, mas esse é um desafio sempre, a cada ano", explicou.

Julio Bezerra explicou que o festival é viabilizado por meio de editais da própria UFMS. Foto: @teroqueiroz | Teatrinetv

O professor também citou as parcerias conquistadas este ano e que possibilitaram conexões com produções de fora do estado. "O Sesc já nos auxiliou no ano passado e esse ano foi ele que arcou com a vinda da Ana Ivanova. A passagem e hospedagem, por exemplo, foram eles que arcaram e sem essas parcerias seria muito difícil, mas de fato a maior parte do nosso pequeno orçamento vem da própria UFMS", completou.


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